quarta-feira, 27 de fevereiro de 2013

Desatando os nós da História… A fortaleza de Salvaterra do Extremo ( conclusão )







4)      Em 1169, D. Afonso Henriques ataca Badajoz. Tratado de Paz, de Pontevedra

E, como digo atrás, não parece também muito lógico, mesmo atendendo às “diabruras” de D. Afonso Henriques, que o levaram a atacar Badajoz que, embora em mãos almorávidas, estava também sob a protecção de Fernando II. O facto é que, D. Afonso Henriques, depois de aí ter sido aprisionado e tratado, só foi libertado após um Tratado de Paz, assinado em Pontevedra, com a condição de devolução das terras que tinha conquistado na Galiza e na Extremadura  espanhola (Cáceres, Badajoz, Trujillo, Santa Cruz, Monfrague e  Montánchez). Aqui, já podemos ver que não consta desse compromisso, nem Salvaterra, nem outra terra próxima, indiciando sempre ter estado  nas mãos de Fernando II.


5)      Em 1211, os Almóadas, tentam a conquista de Salvaterra (a que chamavam de Sariuta).

Parece não ser descabido pensar que aquando do sítio, em 1211, feito pelos almóadas a Salvaterra, o facto deste sítio ter durado oito longos meses, talvez se deva, entre outras atribulações que o sitiante sofreu, a algum auxílio que Salvaterra receberia do lado de lá do Erges (Peñafiel), já que os seus defensores seriam, igualmente, cristãos (Templários, ou Calatrava)




Conclusão:
A ser verdade que Dona Teresa fez a doação aos irmãos Gosendes, depressa eles a teriam perdido a favor de Afonso VII, de Leão.
A ser verdade que, em 1150, Afonso VII, terá dado aos Templários a guarda dos castelos de Peñafiel e Salvaterra, assim como o território até ao termo de Idanha, cai pela base a ideia de que D. Afonso Henriques tenha em 1165, depois de conquistar Monsanto e Idanha, mandado  erigir o Castelo de Salvaterra do Extremo, uma vez que ele estaria nas mãos do vizinho. Acresce que em 1169, Salvaterra não consta das terras que D. Afonso Henriques teria de devolver ao seu genro, o que seria normal se, por acaso, a tivesse tomado para si. Outro facto é o de que em 1211, quando Salvaterra foi tomada pelos Almóadas, como é sabido, estaria ocupada pelos cavaleiros Templários (ou, os de Calatrava), agora às ordens de Afonso VIII, de Castela.

Por último, diz-se que D. Afonso III amuralhou a povoação e consta também que o castelo de Salvaterra do Extremo foi construído em 1290 por D. Dinis, mas será mais certo dizer que se tratou de uma reconstrução e ampliação, pois a sua existência é muito anterior, como já se viu.

Se a minha lógica tiver alguma razão de ser, muito satisfeito ficarei. Se, porém, alguém puder provar o contrário, muito agradecido serei, pois que só assim a verdade será mais clara. 

segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Desatando os nós da História… A fortaleza de Salvaterra do Extremo ( 1 )





Não sou historiador. Sou apenas alguém, curioso, que gosta de História e pretende encontrar alguma relação lógica entre alguns factos que são mal conhecidos, ou mal explicados, devido à existência de documentação contraditória ou, mesmo, inexistência dela.
Assim, no que concerne à fortaleza de Salvaterra do Extremo, segundo vários documentos escritos, dos quais desconheço onde foram beber a informação pois que, dum modo geral, está sempre baseada em suposições, diz-se que entre os anos 1114 e 1118, D. Teresa, terá  feito doação da cidade da Egitânia e do seu Termo aos irmãos Gosendes ( D. Egas e D. Mourão) na qual está incluído o termo de Salvaterra. No entanto, naquele que dizem ser o primeiro documento autêntico, conhecido, desta época sobre este assunto, diz-se que, ano de 1165, D. Afonso Henriques doa aos Templários, os terrenos delimitados pelos rios Elgas a este, Tejo a sul, Zêzere a oeste e serra da Estrela a norte e que terá mandado  erigir o Castelo de Salvaterra do Extremo.

Posto isto, enunciemos alguns factos ocorridos, ou supostamente ocorridos, no reinado de D. Afonso Henriques, de 1143 a 1185:

1)      Em 1150, consta que Afonso VII, de Leão, terá dado aos Templários a guarda dos castelos de Peñafiel e Salvaterra, assim como o território até ao termo de Idanha.

Perante isto, admitindo o que acima se diz, talvez D.Teresa tenha feito tal doação, mas é provável que o termo de Idanha não incluisse Salvaterra ou, entretanto, fosse perdida para Afonso VII que, então em 1150, terá dado aos Templários a guarda dos castelos de Peñafiel e Salvaterra, assim como o território até ao termo de Idanha, o que leva a supôr Idanha (Idanha-a-Velha) nas mãos dos almorávidas. Também será de supôr que com a entrega deste território, ele tenha mandado proceder ao arranjo dos castelos de Peñafiel (antiga fortificação árabe chamada de Racha-Rachel, também segundo se supõe) e Salvaterra.
Parece, pois, que quem deu a guarda de Salvaterra aos Templários foi um Afonso, o VII, “el Emperador”, e não Afonso I, o “Conquistador”.

2)      Em 1164, D: Urraca, filha de D. Afonso Henriques, casa com Fernando II de Leão.

Aconteceu que D. Afonso Henriques na sua vida atribulada e irrequieta, não olhando muito a certos princípios, foi-se metendo pela Galiza dentro e tomando algumas fortificações, o que não agradou a Fernando II. Para o sossegar e colmatar tal acção D. Afonso resolveu-se então a, em 1164, dar-lhe sua filha, D. Urraca, em casamento. Tudo parecia acabar em bem!

3)      Em 1165, diz-se que D. Afonso Henriques terá conquistado Idanha e Monsanto e que terá entregue a sua guarda aos Templários. Diz-se também que, com isto, ficou com o domínio de todo o território, até ao rio Tejo, entre o Erges e o Zêzere.

Ora, aqui é que está, quanto a mim, a primeira discrepância. Se D. Afonso Henriques conquistou Idanha e Monsanto, tudo parece indiciar que estas estariam nas mãos dos almorávidas. Por sua vez Salvaterra continuaria na posse de Fernando II, de Leão, à guarda dos Templários ( ou, talvez, de Calatrava). Assim, o que talvez se possa dizer é que todo esse território passou a estar em mãos cristãs. Do Erges até à Idanha, sob a tutela de Fernando II (sucessor de Afonso VII), e de Idanha até ao Zêzere, sob a tutela de D. Afonso Henriques.
Não parece, pois, muito lógico que, apenas 1 ano depois, em 1165, D. Afonso Henriques tenha conquistado Salvaterra e tenha erguido o castelo, estando este em mãos cristãs e sob a égide do seu genro.
Isto também porque, em 1211, quando da conquista de Salvaterra pelos Almóadas, não consta que ela estivesse em mãos portuguesas e, mais à frente, veremos que o que parece lógico é estarem nas mãos dos Templários (ou, talvez de Calatrava).

( continua )


sábado, 16 de fevereiro de 2013

Levei a Senhora do Almotão ... a visitar a sua “campanha” !

Passado que foi o Carnaval, aqui estou eu a acompanhar a Senhora do Almotão numa visita à sua "campanha", esperando que Ela me perdoe a minha brincadeira carnavalesca!





Senhora do Almotão
promessas feitas a rir,
como as outras elas são.
São todas p'ra cumprir!

Senhora do Almotão
tão linda, todos os dias,
anda daí, vem comigo,
a ver tuas freguesias.

Senhora do Almotão
ajuda a minha trova
e, só por um momento,
deixa Idanha-a-Nova.

Senhora do Almotão
guardai bem um segredo.
Namora-se, à noite, 
na linda terra de Oledo.

Senhora do Almotão
que povo, devoto e fiel,
aquele que vive e se Acha
em terras de São Miguel.

Senhora do Almotão
aqui terás boa guarida.
Boa casa terás, na Aldeia
que é de Santa Margarida.

Senhora do Almotão
sauda a Vossa presença,
com cânticos e louvores,
gente da Velha Proença.

Senhora do Almotão
vem para ao pé de mim,
juntinhos no meu balcão
ver as gentes de Medelim.

Senhora do Almotão
bom senso me aconselha,
lembremos o antigamente,
vamos a Idanha-a-Velha. 

Senhora do Almotão
senhora de tanto encanto,
olhai os campos em volta
lá do alto de Monsanto.

Terra para mim muito grata
porque aqui eu não estou só,
tem um galo que é de prata
e a memória da minha avó.

Senhora do Almotão
olhai que lindo está o dia,
subi lá acima ao castelo,
no alto de Penha Garcia.

Senhora do Almotão
aqui, sei eu o caminho.
Vejo a Senhora da Consolação
e, além, já é Monfortinho. 

Senhora do Almotão
que tanta bondade encerra,
subi a “volta da estrada”
e entrai em Salvaterra.

No Extremo da “campanha”,
é uma terra de tanta beleza!
Passa a vida mirando Espanha,
mas, como Tu, bem portuguesa!

Senhora do Almotão, 
olhai, lá acima, o "castelo",
que sendo só imaginação
é, para nós, o mais belo!

Senhora do Almotão,
sorriso de tal candura,
fazei curto o caminho
ide pela “quelhe” a Segura.

Senhora do Almotão
das santas a primeira,
passai de novo no “Leque”,
a caminho da Zebreira.

Senhora do Almotão
alegria dos corações,
atravessai a Toulica,
vinde ver os Toulões.

Senhora do Almotão
ouvi as lindas vozes,
lindas como, só elas são,
as moças de Alcafozes.

Senhora do Almotão
que visão quase celestial, 
são só os rosmanos em flor
nos campos do Rosmaninhal.

Senhora do Almotão
teu ar risonho, prazenteiro, 
lembra a doce melancia
das terras do Ladoeiro.

Senhora do Almotão
senhora da minha vida,
podeis agora descansar
no altar da Tua ermida!

Senhora do Almotão,
até descer à campa rasa,
a “campanha”, em romagem
irá ver-Te, a Tua casa!


sábado, 9 de fevereiro de 2013

AFINAL, HÁ CARNAVAL!







Afinal, há Carnaval !


Este governo decidiu!!!
Para este pais produzir,
quem um dia já se riu,
agora vai deixar de rir!

E para que não haja confusão,
se o Carnaval querem brincar,
peguem numa mala de cartão
e façam o favor de emigrar!

Fica assim na Constituição!
Para o bem e para o mal,
só o governo e a oposição
brincam ao seu Carnaval!

Proiba-se, pois, o feriado!
E é certo, não me engano,
que este país, mascarado,
terá Carnaval todo o ano!

domingo, 3 de fevereiro de 2013

A Senhora do Almotão, levará a mal? É... Carnaval!






Imbuído da devoção à Senhora do Almotão, levei-A ao meu Entrudo. Espero que me perdoe! Dizem que no Carnaval , ninguém leva a mal! Será, assim?
Aqui fico um relato do que se ... terá passado!

Senhora do Almotão
minha senhora tão bela
vem ver passar o Entrudo
do vão da minha janela.

Senhora do Almotão
lá ao fundo, tomai tento,
vêm, em grande confusão,
os "cabeçudos" de S. Bento!

Senhora do Almotão
se podeis, dai-me conselho.
Como poderemos "esfolar"
aquele “mansinho” Coelho?

Senhora do Almotão 
vêde, agarrado ao muro,
alguém de mão fechada
julgando que está Seguro!

Senhora do Almotão
teu sorriso é tão belo,
se é linda aquela foice
cuidado com o martelo!

Senhora do Almotão
por nada eu te troco,
nem por um mascarado,
bicabeçudo, do Bloco!

Senhora do Almotão
se lhe dais Vossa protecção,
nossos campos, tão Verdes,
não vos farão oposição!

Senhora do Almotão
meu fervor por Vós aumenta
se, ao governo e à oposição,
mergulhardes em água benta!

Senhora do Almotão
não me façais mais esperar
vêde se além da Vossa mão
pondes “tento” no Gaspar!

Olhai o Povo, bem “ancho”,
a rir p'ra não chorar,
à frente do seu rancho
muito triste, a cantar:

“Olha a laranjinha
ainda não caiu, caiu
e a mãozinha
ainda não se abriu.

Olha a laranjinha
um dia caiu, caiu
e a mãozinha
toda ela se abriu.

E o Povo lhe pediu, pediu,
no seu melhor cantar,
e a mãozinha, que se abriu,
tornou, logo, a fechar!”


Senhora do Almotão
ai, atendei o meu lamento
só com a Vossa protecção
ai, eu aguento, aguento!

E foi assim, sem esforço,
nada cansado, bem fresco,
que se acabou este Corso,
bem pouco carnavalesco!

Senhora do Almotão
das santas a primeira
dá-me a Tua benção
perdoa a brincadeira.

Senhora do Almotão
perdoa  os versos, descuidados,
mas outros, versos Te farão,
para remir os meus pecados.