Tem, Santa Luzia e Santo António,
mais a Igreja da Misericórdia,
para afastar o Demónio
e o povo ter concórdia.
Em 1498 era fundada em Lisboa a primeira irmandade da Misericórdia, sob a égide da rainha D. Leonor, que tinha como objectivo prestar assistência a pobres e enfermos. O exemplo foi seguido por diversas localidades um pouco por todo o território continental, e nos 25 anos que se seguiram foram criadas cerca de 60 irmandades. Na vila de Salvaterra do Extremo, conhecida no início do século XVI como Salvaterra da Beira, a Misericórdia terá sido criada poucos anos depois da irmandade lisboeta, possivelmente no ano de 1505.
Terá sido, então, algum tempo depois de 1505 que a Misericórdia local deu início à construção da sua igreja no centro da vila e, num dos arruamentos laterais ao largo da igreja, foi edificado o hospital da irmandade, que prestava assistência aos enfermos do então concelho de Salvaterra da Beira, havendo comunicação entre este e a igreja pelo interior do quarteirão.
Este hospital, era administrado por um religioso de S. João de Deus a que se chamava prior do dito hospital, ajudado por outro religioso, custeando o Rei as despesas.
Em tempo de guerra era de grande serviço este hospital. Posteriormente, o hospital acabou por perder a sua importância quando o concelho de Salvaterra do Extremo foi extinto em 1855, o que possivelmente levou também à sua extinção.
A fachada principal da igreja apresenta-se simples e depurada de decoração, estando dividida em dois registos. Ao centro foi aberto um portal de volta perfeita com impostas salientes, ladeado por duas pilastras jónicas e enquadrado num alfiz coroado por dois pináculos. No enquadramento do portal, no segundo registo, uma janela de moldura em arco perfeito. A fachada é rematada em empena, coroada ao centro por cruz, tendo sido colocado no extremo esquerdo do remate uma sineira encimada por empena. Na fachada lateral esquerda está adossada uma construção, enquanto que a fachada lateral oposta possui janela no volume correspondente à sacristia, existindo aí uma porta de acesso ao coro-alto com moldura de volta perfeita e impostas salientes, que actualmente se encontra emparedada.
O interior do templo é de nave única, articulada com capela-mor e sacristia. Ao fundo possui coro-alto suportado por pilares toscanos assentes em plintos, ao qual se tem acesso por lanço de escadas do lado do Evangelho. Neste lado, perto dos altares colaterais, foi colocado o púlpito, de secção quadrada assente em pilar. Ao centro, arco triunfal em arco apontado ladeado por dois altares em madeira, elaborados no século XIX. A capela-mor é coberta por tecto de madeira tripartido, e possui retábulo de madeira pintada, com representação do Calvário, estando guardada neste espaço a bandeira da irmandade elaborada no século XVII.
Devido às guerras com os espanhóis muita da documentação existente foi destruída.
Sabe-se também que, até meados do séc. XX, havia sempre um caixão colocado, talvez ao fundo da igreja, para serviço de alguém falecido. Isto porque não havia muita gente com posses para mandar fazer urna para quando ocorresse o seu falecimento. As pessoas de fracos recursos, tentavam arranjar maneira de ter em casa, lençol e duas toalhas, para o dia em que se finassem. Após o serviço fúnebre, corpo lançado à terra, o caixão retornava à igreja.
Recentemente recuperada, reabriu ao culto no dia 13 de Setembro de 2003.
Colocada defronte do adro da Igreja Matriz, com esta dava as boas vindas a quem na vila entrava, pela Porta do Adro. Isto, muito possivelmente até 1882, ano em que esta porta terá sido demolida, devido à chegada da estrada a Salvaterra.
Bibliografia: Descrição baseada no site www. ippar.pt, e em informação dispersa na net, livros e jornais. Foto, retirada da net, www.salvaterrazimbra.blogspot.com
As quadras fazem parte duns versos, da minha autoria, dedicados a Salvaterra.
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