quinta-feira, 29 de dezembro de 2011

Vem aí o Novo Ano !!!


Hoje, apresento um desenho ( 45 cm x 35 cm ) que fiz, com os meus onze anos.

Não estou a ser totalmente verdadeiro! Acontece que o jornal “O Primeiro de Janeiro”, um dos muitos a que tinha acesso, trouxe, na sua primeira página do exemplar do dia 1 de Janeiro de 1952, um desenho alusivo ao Ano Novo. Gostei porque, além de bonito e ingénuo, era a cores. Ora, como gostei do tal desenho e estava a iniciar-me, na Escola, no uso de aguarelas e guaches, apesar de não me sentir muito habilitado nas artes desenhísticas, agarrei num pedaço de “papel de cenário” (hoje já um pouco amarelecido, por efeito da passagem dos anos) e fiz uma espécie de decalque do desenho do jornal. Isso deu-me as linhas base para fazer o “meu” desenho. A parte boa foi depois! Munido dum pincelinho “Pelikan” nº 1 ( passe a publicidade ), dum pincel Nº 4, mais modesto, e duns tubos de guache ( as cores elementares ) também “Pelikan” que eu, apesar de não nadar em dinheiro, bem pelo contrário, não me via a trabalhar com produtos de qualidade inferior pois deixavam muito a desejar e seria maior o prejuízo. Esta era uma marca que não era muito cara e seria o que hoje se pode chamar a “Escolha Acertada”. Haviam outras marcas, como a “Caran d’Ache” ou a “Wisdon”, mais caras.

Posto isto, lá fui fazendo os contornos com o pincelinho e o guache Preto. Contornos tão fininhos que ainda hoje me admiro de os ter feito. Caneta de tinta da China ali não entrou. Até porque não estava ainda familiarizado com essa técnica e um simples borrão podia deitar tudo a perder. Depois, foi só deleitar-me com a escolha e o processo de fabrico das cores. Era mais um bocadinho de Branco, menos Vermelho, mais Azul, mais ou menos água nos “godets”. Ah, e o Amarelo! Esta cor era muito importante para os verdes, os castanhos, os cremes e para outras descobertas.

Levou algum tempo a ficar pronto pois as tranças da menina e os pés da mãe, os pratos, enfim, os pormenores, deram-me água pela barba.

Mas, valeu a pena, pois ainda hoje o conservo e o venho aqui mostrar!

Já agora, depois duma observação mais atenta, vários são os pormenores que dele ressaltam. O primeiro, é a ingenuidade da cena, uma pobre lareira (apenas dois enchidos e umas cebolitas) mas em que tudo parece estar disposto dum modo simples, organizado e asseado. É também de referir o facto de que o único personagem digno de andar calçado é o rapazito. Mãe e filha não tinham direito a isso. É uma cena da vida rural, que só é bonita em gravuras deste género. Esquece-se a dureza da mesma!


Agora, aqui deixo a minha recepção ao Novo Ano de 2012 com os meus sinceros votos de Bom Ano Novo para todos os meus amigos, visitantes e seguidores deste blogue.

Chegou o Ano Novo!

Bateu à porta o Ano Novo!
Mal sabendo o que o espera,
tão inocente, este bom Povo
julga chegada a Primavera!

Engana-se na estação do ano
pois, ainda está no Inverno!
Desculpa-se-lhe tal engano,
que a sua vida é um inferno!

Abre as portas de par em par,
para que entre esse novo dia,
pois já está fartinho de olhar
a mesa, mais pobre e vazia!

Embora o que tem perdido,
o pobrezinho não se cansa,
e de tudo se faz esquecido.
Nunca perde a Esperança!

E como esta, que todos dizem,
será sempre a última a morrer,
mesmo que o ignorem e pisem
:-Eh, pá, este ano é que vai ser!

Quem sou eu para desiludir
os que mantêm tal opinião?
Assim, vou também fingir
e, vou viver nessa ilusão!

sábado, 17 de dezembro de 2011

É Natal !!!

Apesar dos tempos conturbados que vivemos, aos meus amigos, seguidores e visitantes deste blogue, deixo os meus sinceros votos de Bom e Santo Natal!!!


          NATAL

Do interior duma rude gruta,
envolta numa tal aura de luz,
vinda do céu, o povo escuta
a voz celestial que o conduz!

E quando à gruta chegaram,
cada qual com seu rebanho,
os pastores se ajoelharam
perante cenário tamanho!

Eis que também chegaram,
Gaspar, Baltazar e Belchior,
e ao Menino eles ofertaram
ouro, incenso, mirra! Amor!

Lá alto as trombetas soaram
e uns anjos, vindos do Céu,
num coro celestial entoaram,
o “Glória in excelsis Deo”!

E foi assim que nesta Terra,
povos sempre num desatino,
num repente parou a guerra!
Haja Paz! Nasceu o Menino!

Então, porque, também nesta terra,
é de fraca memória a raça humana,
logo, de seguida, entra em guerra.
Ainda hoje! Ou, já pr’á semana!

E aquele que acabou de nascer,
tão pequenino, ainda sem voz,
soube que numa cruz irá morrer.
Morrer, enfim, por todos nós!

Após estes versos que faço,
decerto que não ficará mal
deixar neles o meu abraço
e votos de um Santo Natal!

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Dia 1 de Dezembro ! Dia da Restauração ! Mas, restauração, de quê ?

Hoje é o dia 1º do mês de Dezembro! Durante muitos anos e, pelo menos, desde que me conheço, comemorava-se tal dia exaltando as qualidades deste “nobre povo” que após 60 anos de opressão espanhola tinha conseguido libertar-se e tomar, de novo, as rédeas do seu destino.

Isso, era o que pensavam naqueles tempos e até, ainda, tempos muito recentes.

O facto é que, até hoje, muitos Miguéis de Vasconcelos se foram produzindo e este nosso pobre país foi sendo entregue de bandeja, umas vezes à sucapa outras nem por isso, a “nuestros hermanos” que como muitos irmãos, por vezes deixam muito a desejar. Assim, temos, já nas mãos deles, grande parte do nosso território e da nossa já bem pouca produção, chegando ao ponto de importarmos aquilo que nós mesmo produzimos. A água que pelos rios nos vem de lá, vai começando a ser racionada e de acordo com as suas conveniências, apesar de nós próprios bastas vezes não sabermos utilizar esses recursos. Como se isso não bastasse, vamos abastecer-nos nas terras fronteiriças, comprar-lhes gasolina e aproveitamos para trazer caramelos e sucedâneos de chocolate. Ora, se já vamos nascer, trabalhar e gastar o nosso dinheiro do lado de lá da fronteira, que raio de Restauração da Independência foi esta?

Isto para já não falar da “invasão chinesa”! Essa não colide só com a nossa independência, tem implicação directa na independência da Europa e julgo que do próprio mundo tal como o conhecemos ainda!

Portanto, como o “problema” mais premente que temos por cá, parece ser o do corte dos feriados, capaz de resolver todos os nossos problemas, penso que como já o disse, se justifica o corte deste feriado!!!

Fartinhos do domínio espanhol,
uns conjurados, sem paciência,
buscam para si um lugar ao sol
e para Portugal, independência!

Junta, o João Pinto Ribeiro,
alguns mais da sua opinião
e, de pronto, vão ao Terreiro,
procurando a Restauração!

Prontos, e cientes do seu papel,
que a missão era já, era agora,
procuraram no Paço, o Miguel,
e lá foi, o traidor, janela fora!

Disseram à de Mântua, duquesa,
que se mantivesse com juizinho
pois, de contrário, teria a certeza
de seguir o mesmíssimo caminho!

Então, o povo, de espanhol já farto
e pensando da sua vida ser senhor,
na rua aclamou Dom João, o quarto,
a quem foi chamando, Restaurador!

Tudo isto, agora, parece cómico.
Parece ter sido tudo sem sentido
pois o nosso tecido, económico,
vai estando dia a dia mais falido!

Arrancaram-se as oliveiras,
num Alentejo desertificado,
e abateram-se as traineiras.
Já, só, comemos importado!

Corremos com os castelhanos?
Ficou limpo o solo português?
Se não há “nuestros hermanos”,
certo e sabido, cá temos o chinês!

E se é tudo isto bem verdade,
e tudo o que resta é sem razão,
pergunto eu, com curiosidade,
para que foi essa Restauração?

E se por efeito da globalização
o país já não se sente libertado,
esqueçamos nós a Restauração,
e acabemos com este feriado!