São Martinho, a lenda e a tradição
No São Martinho, vai à adega e prova o vinho…
( retirado da wikipédia, transcrevo parte da descrição acerca de São Martinho, de Tours)
( retirado da wikipédia, transcrevo parte da descrição acerca de São Martinho, de Tours)
Martinho nasceu na Hungria, antiga Panónia, por volta do ano 316 e pertencia a uma família pagã. Seu pai era comandante do exército romano. Por curiosidade começou a frequentar uma Igreja cristã, ainda criança, sendo instruído na doutrina cristã, porém sem receber o baptismo. Ao atingir a adolescência, para tê-lo mais à sua volta, seu pai alistou-o na cavalaria do exército imperial. Mas se o intuito do pai era afastá-lo da Igreja, o resultado foi inverso, pois Martinho continuava praticando os ensinamentos cristãos, principalmente a caridade. Depois, foi destinado a prestar serviço na Gália, hoje França.
Foi nessa época que ocorreu o famoso episódio do manto. Um dia um mendigo que tiritava de frio pediu-lhe esmola e, como não tinha, o cavaleiro cortou seu próprio manto com a espada, dando metade ao pedinte. Durante a noite o próprio Jesus lhe apareceu em sonho, usando o pedaço de manta que dera ao mendigo e agradeceu a Martinho por tê-lo aquecido no frio. Dessa noite em diante, ele decidiu que deixaria as fileiras militares para dedicar-se à religião.
O povo, na sua sabedoria e crendice, acrescenta que o tempo que até aí seria dum frio outonal se teria tornado ameno. Daí a chamar-lhe Verão de São Martinho, foi um pequeno passo!
Também, acerca do S. Martinho, o conceituado etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) escreve o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros, vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987) (retirado do blogue smartinho.blogspot.com)
Posto isto, aqui vai a minha contribuição para esta tradição:
Se S. Martinho adivinhasse,
deste mundo seu desvario,
talvez sua capa não cortasse
e o pobre morresse de frio!
O que vejo, com muita pena,
é que neste mundo, civilizado,
são os de capa mais pequena
que dão sempre maior bocado!
Esperto, usando manha,
aproveita, o Zé povinho.
Vai comendo a castanha
bem regada com vinho!
Do Algarve ao Minho
nunca estará só, o Zé!
E, se lhe faltar o vinho,
vai mesmo com água pé!
A castanha assada,
ou seja ela cozida,
sempre bem regada,
é com boa bebida!
Seja crua, ou pilada,
ou vinda do assador,
deve ser bem regada
e o tinto é o melhor!
Se castanha comer
até ficar enfartado,
com vinho, pode crer
que até cantará o fado!
Claro, se castanha comer
e se ficar bem entornado,
de tudo o que acontecer
é São Martinho o culpado.
E se acabado o magusto
nem se conhecerem os pais
não é motivo para susto
que para o ano há mais!
Até o São Martinho,
para mitigar sua dor,
bebeu, só um copinho,
e do frio se fez calor!
Passado o efeito do vinho,
o povo mostra sua devoção,
e agradece a São Martinho
ter feito, do Outono, Verão!
Bebam mas, moderadamente,
senão, ai, ai, perdem a razão!
E depois, pr’ó ano, minha gente,
o S. Martinho não traz Verão!
Foi nessa época que ocorreu o famoso episódio do manto. Um dia um mendigo que tiritava de frio pediu-lhe esmola e, como não tinha, o cavaleiro cortou seu próprio manto com a espada, dando metade ao pedinte. Durante a noite o próprio Jesus lhe apareceu em sonho, usando o pedaço de manta que dera ao mendigo e agradeceu a Martinho por tê-lo aquecido no frio. Dessa noite em diante, ele decidiu que deixaria as fileiras militares para dedicar-se à religião.
O povo, na sua sabedoria e crendice, acrescenta que o tempo que até aí seria dum frio outonal se teria tornado ameno. Daí a chamar-lhe Verão de São Martinho, foi um pequeno passo!
Também, acerca do S. Martinho, o conceituado etnólogo Ernesto Veiga de Oliveira (1910-1990) escreve o seguinte: «O S. Martinho, como o dia de Todos os Santos, é também uma ocasião de magustos, o que parece relacioná-lo originariamente com o culto dos mortos (como as celebrações de Todos os Santos e Fiéis Defuntos). Mas ele é hoje sobretudo a festa do vinho, a data em que se inaugura o vinho novo, se atestam as pipas, celebrada em muitas partes com procissões de bêbados de licenciosidade autorizada, parodiando cortejos religiosos em versão báquica, que entram nas adegas, bebem e brincam livremente e são a glorificação das figuras destacadas da bebedice local constituída em burlescas irmandades. Por vezes uma dos homens, outra das mulheres, em alguns casos a celebração fracciona-se em dois dias: o de S. Martinho para os homens e o de Santa Bebiana para as mulheres (Beira Baixa). As pessoas dão aos festeiros, vinho e castanhas. O S. Martinho é também ocasião de matança de porco.» (in As Festas. Passeio pelo calendário, Fundação Calouste Gulbenkian, 1987) (retirado do blogue smartinho.blogspot.com)
Posto isto, aqui vai a minha contribuição para esta tradição:
Se S. Martinho adivinhasse,
deste mundo seu desvario,
talvez sua capa não cortasse
e o pobre morresse de frio!
O que vejo, com muita pena,
é que neste mundo, civilizado,
são os de capa mais pequena
que dão sempre maior bocado!
Esperto, usando manha,
aproveita, o Zé povinho.
Vai comendo a castanha
bem regada com vinho!
Do Algarve ao Minho
nunca estará só, o Zé!
E, se lhe faltar o vinho,
vai mesmo com água pé!
A castanha assada,
ou seja ela cozida,
sempre bem regada,
é com boa bebida!
Seja crua, ou pilada,
ou vinda do assador,
deve ser bem regada
e o tinto é o melhor!
Se castanha comer
até ficar enfartado,
com vinho, pode crer
que até cantará o fado!
Claro, se castanha comer
e se ficar bem entornado,
de tudo o que acontecer
é São Martinho o culpado.
E se acabado o magusto
nem se conhecerem os pais
não é motivo para susto
que para o ano há mais!
Até o São Martinho,
para mitigar sua dor,
bebeu, só um copinho,
e do frio se fez calor!
Passado o efeito do vinho,
o povo mostra sua devoção,
e agradece a São Martinho
ter feito, do Outono, Verão!
Bebam mas, moderadamente,
senão, ai, ai, perdem a razão!
E depois, pr’ó ano, minha gente,
o S. Martinho não traz Verão!
( P.S. : Este ano, São Martinho, baralhou-se um pouco com as datas. Parece ter vindo em Outubro. A não ser que ele, nesta situação de crise, tenha reduzido o Verão, apenas ao dia de ontem... )
Como já nos habituou, cá estão as quadras a propósito da data. Sempre bem conseguidas e brincalhonas.
ResponderEliminarTem razão no seu comentário final. O S. Martinho este ano deve andar baralhado. O tempo está mesmo de Outono, para não dizer Inverno...
Beijinhos
Lourdes
Isto da crise.... toca a todos ,nem o bom do Santo escapou este ano. Eu ,por acaso, não me posso queixar ; pois a cunhada ,transmontana deu-me castanhas e o cunhado idanhense ,vinho e jerupiga ...
ResponderEliminarQuanto à veia poética do nosso amigo João , está cada vez mais aprimorada , rematando bem a narrativa sobre S. Martinho .Nós mulheres ,vamos esperar o 2 de dezembro ,para comemorar também a Santa "BABIENA "
Vegitas
Quina
Como não tenho veia poética,deixo aqui umas adivivinhas:
ResponderEliminarADIVINHAS
Tenho camisa e casaco
Sem remendo nem buraco
Estoiro como um foguete
Se alguém no lume me mete
Se me rio… de mim sai uma donzela
Mais donzela do que eu
Ela vai com quem a leva
Eu fico com quem me deu
Qual a coisa qual e ela
Tem três capas de Inverno
A segunda é lustrosa
A terceira é amargosa
Tem casca bem guardada
Ninguém lhe pode mexer
Sozinha ou acompanhada
Em Novembro nos vem ver
Soluções:
1- Castanha
2- Ouriço
3- Castanha
4- Castanha
Já agora bem haja por mais um bom momento de belas quadras;o João tem sempre algo para nos brindar.
Felicidades
Ana
Olá, Lourdes!
ResponderEliminarPois, eu cá vou, como é meu hábito, e que pelos vistos já habituei os meus amigos, a meter-me nestas coisas. Umas vezes a propósito e outras nem tanto, mas faz-se o que se pode! Se gostam, tanto melhor!
O meu Bem haja, e um abraço,
João Celorico
Olá, Quina!
ResponderEliminarCrise é crise,e não se fala mais nisso. Este ano não fui muito parco em castanhas, já basta o que basta e tal como os outros também tenho apanhado as minhas...
É um facto (com c) que eu faço o possível por me aprimorar. O certo é que nem sempre o consigo. Apesar disso, os amigos desculpam e encorajam, os outros, não os conheço...
Aproveite pois, bem, a "Santa Babiena". É um direito que lhe assiste. Eu, se não aproveitei o São Martinho foi porque não pude ou não quis...
Bem haja
Abraço,
João Celorico
Olá, Ana!
ResponderEliminarA minha amiga, dá o que tem e quem dá o que tem...
Bem haja e apareça sempre,
Abraço,
João Celorico