Fartinhos do domínio espanhol,
uns conjurados, sem paciência, buscam para si um lugar ao sol
e para Portugal, independência!
Junta, o João Pinto Ribeiro,
e, de pronto, vão ao Terreiro,
procurando a Restauração!
Prontos, e cientes do seu papel,
que a missão era já, era agora,procuraram no Paço, o Miguel,
e lá foi, o traidor, janela fora!
Disseram à de Mântua, duquesa,
pois, de contrário, teria a certeza
de seguir o mesmíssimo caminho!
Então, o povo, de espanhol já farto
e pensando da sua vida ser senhor, na rua aclamou Dom João, o quarto,
a quem foi chamando, Restaurador!
Penso, a não ser que esteja redondamente enganado, que nos meus tempos de
juventude, depois da 4ª classe, todo o aluno que se matriculasse no liceu,
escola industrial ou comercial, era inscrito e filiado na Organização Nacional
da Mocidade Portuguesa.
Isto parece-me ser ponto assente! O facto é que determinados sectores ao falarem da Mocidade Portuguesa, dá impressão que nunca pertenceram a tal Organização. Não sei se, por via disso, contraíram alguma doença. O facto é que a Mocidade Portuguesa geria o desporto escolar, coisa que hoje parece não haver. Havia campeonatos inter escolas e era ver a equipa de juniores de andebol do Benfica, baseada em alunos do Liceu Gil Vicente, a do Belenenses baseada nos alunos do João de Castro, a de hóquei em patins do Campo de Ourique, baseada na Escola Industrial Machado de Castro, incluindo o Vaz Guedes, do Liceu Pedro Nunes. E muitos outros uma vez que os respectivos professores de Educação Física os levavam para os seus clubes, casos dos profs. Mario Lemos e Reis Pinto, para o Sporting e outros. E havia vela, remo, hipismo, columbofilia e campismo. Havia movimentação de jovens!
Fruto de tudo isto eu, aos 10 anos, depois de ver na capa dos meus livros da
1ª classe e da 3ª classe, um menino fardado “à maneira”, aspirava a ter uma farda e pertencer a
tal Organização.
Assim, na cerimónia de abertura do ano lectivo foi-me dado um
emblema de pano que coloquei no peito da camisola de ginástica e seguidamente
emprestaram-me uma farda para o desfile. Era o máximo! Apareci em casa todo
ufano mas com uma notícia não muito agradável. Se queria ficar com a farda,
teria que desembolsar 20$00 (claro que quem teria de desembolsar seriam os meus
pais). A receptividade a tal notícia não foi a melhor e eu teria de fazer a
devolução da farda. 20$00, naquele tempo, era dinheiro e a crise, lá em casa, já
há muito se fazia sentir. Sorte tinha eu em poder andar a estudar durante o dia
pois que o meu irmão, com a minha idade já trabalhava e agora tinha ainda que
estudar à noite. Acrescia que devido à falta de proventos eu tive que pedir
isenção de propinas. Lógico era a farda ser uma despesa fora das previsões!
Foi uma desilusão, pois estava a pensar entrar no desfile do 1º de
Dezembro e tal estava-me vedado. Porém, nem tudo é mau e chegados ao dia 1 de
Dezembro, o São Pedro, sem dó nem piedade, despejou cântaros na cabeça dos
pobres infantes que quais pintainhos desfilavam na avenida da Liberdade. Do que
eu me livrei, pensei eu e assim terminou o meu grande anseio de usar farda.
Durou pouco! E a Mocidade Portuguesa, para mim, só não acabou logo ali porque
enquanto andei no curso diurno, até ao 4º ano, era obrigado a fazer instrução
aos sábados. Entretanto aprendi o "Lá vamos, cantando e rindo", o "Portugueses celebremos o Dia da Redenção", a marcar passo, o alfabeto homógrafo, medição
telemétrica, não fui “comandante de castelo” nem sequer
chefe de “esquina” (de quina), mas aprendi a não querer mais nada com a “bufa”!
Não contraí nenhuma doença devido a isso e mais tarde irei ter novos encontros
com a MP, dos quais aqui darei conhecimento! Sempre sem reservas mentais, "Lá fui, cantando e rindo"!
Olá João,
ResponderEliminarFoi-se a farda, mas ficou o cartão, onde o João está todo janota.
Foram tempos difíceis os de nossos pais, mas bastava dizerem-nos que não podia ser, e calávamo-nos. Também fiquei a olhar para algumas bonecas…
Hoje, parece-me que estamos a voltar ao antigamente, pelo modo como a crise aumenta, cada vez podemos dar menos a nossos filhos…
Um abraço!
Olá, Cristina!
EliminarA farda nem quase aqueceu e o cartão ficou, como ficaram todos os que fui obtendo até hoje. Quanto a estar janota, eu era ( e sou ) assim, lol. Ou ainda não tinha reparado?
Como é natural não fiquei a olhar para algumas bonecas mas sempre fui olhando para outras "bonecas" mas isso é outra história...
Também não fui de grandes exigências pois não me valiam de nada. O casaquinho do "janota", tinha sido dum primo meu e por vezes eram do meu irmão. O meu primeiro fato foi só aos 17 anos!!!!
Infelizmente, parece que já não vamos tendo sequer o que tínhamos antigamente e curiosamente parecia vivermos mais felizes!
Mas deixemos de lamúrias e esperemos por melhores dias, até porque o Natal está aí a chegar.
Abraço e tudo de bom,
João Celorico
Olá João
ResponderEliminarEu também tenho os cartões do meu tempo no Liceu Nun' Alvares em Castelo Branco.
E tinha uma cara laroca sim senhora,com uns olhitos, de quem não lhe escapa nada.
Belos tempos,bela juventude,tenho saudades.
Tudo de bom João
Olá, Ana!
EliminarCartões e muito mais tenho eu. É o que vai ficando enquanto nós vamos passando...
Claro que eu não era nada de se deitar fora, lol...
Agora é que dizemos que eram bons tempos. Nesse tempo, propriamente dito, nós não sabíamos o bem que tínhamos, apesar das dificuldades.
Bem haja e tudo de bom também para si.
João Celorico