segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

PORTUGAL ... ao Panteão!!!


“Liberté, Egalité et Fraternité” foi o lema da Revolução Francesa, porém o que também se ouviu durante os dias turbulentos até à Tomada da Bastilha, foram os gritos de “Allez au Pantheon!!!”
Pois bem, em Portugal o “assalto” ao Panteão parece ir dar-se agora. Os lídimos representantes da Nação, não têm mais com que se preocupar, uma vez que a vida (lhes) corre bem e vai daí, trataram de transformar o Panteão Nacional num armazém de “celebridades”. E cada um tem as suas! Já lá diz a canção, mais ou menos isto, a propósito das cerimónias do 10 de Junho de triste memória: - Pátria pequena e com tantos feitos!
Mas deixemo-nos de considerações mais sérias e aproveitemos para, em tempo de Carnaval, deixar algumas achegas para a resolução de tão intrincado problema. Isto, para me antecipar a moções, referendos e outras “brincadeiras” para passar tempo e não resolver nada, tentando justificar o dinheirinho que nos levam.

Então, vamos a isto!

Panteão Nacional  -  Igreja de Sta. Engrácia
( retirado da wikipédia )

Garrett, “Viagens na minha terra”,
figura da lusitana teatralização.
Sem dar origem a muita guerra
lá foi trasladado pr’ó Panteão!

João, da “Cartilha Maternal”
e grande vulto da educação.
A este o povo não fará mal
se for louvá-lo no Panteão!

Arriaga, de Ponta Delgada,
e de republicana convicção.
Viu a república implantada,
com honras foi ao Panteão!

Teófilo, outro de açoriana gente,
republicana doutrina e geração.
Apesar de um fugaz presidente,
também honrado foi no Panteão!

Sidónio! O Rei, dos Pobres!
Alterava ele a Constituição,
apesar de sentimentos nobres.
Solenemente, está no Panteão!

Junqueiro, “Padre Eterno”,
e promotor da revolução.
Foi retirado do inferno
e levado para o Panteão!

Carmona, o “Marechal”,
cumpriu a sua missão.
Não sei se bem, se mal,
e foi posto no Panteão!

Aquilino,“Estrada de Santiago”,
símbolo do sentimento beirão.
Porque havia um lugar vago,
foi ele ocupá-lo, no Panteão!

Delgado, foi, sem segredo,
semente da nova revolução.
Dito, “General sem medo”,
foi colocado no Panteão!

Amália, diva do Fado,
feito nacional canção,
tem o corpo sepultado
no Nacional Panteão!

Passos Manuel, Marcos Portugal,
esperam uma melhor ocasião
pois este país não tem um real
para os levar lá pr’ó panteão!

Sophia, grande poetisa,
deixou poemas e ilusão!
Decerto que bem precisa
ser levada pr’ó Panteão!

José, um Nobel laureado,
a Espanha deu o coração!
Ficará um pouco de lado
mas, lá irá pr’ó Panteão!

Pessoa, até há quem ache,
autor de poema de maldição
que “abençoou” uma praxe.
Irá também pr’ó Panteão?

Eusébio, veio de Moçambique,
mas um português de adopção.
Talvez que Bem (lhe) Fique
ir da “Catedral” pr’ó Panteão!

Salazar, o “sábio do ocidente” (???)
levantou as finanças do chão.
Hoje, é tudo muito diferente.
Ouro? Talvez só no Panteão!

Thomaz, do Decreto 100,
da mercante navegação.
Onde estiver, estará bem!
Não há lugar no Panteão!

Marcelo, foi a Primavera
sem sequer dar floração!
E este povo ainda espera!
Já nem pensa no Panteão!

Maia, capitão de Abril,
tinha uma só ambição.
Apanhado por morte vil
tem direito ao Panteão!

Mário, que diziam ser fixe,
demos-lhe nós a Fundação.
Ele quer que a gente se lixe,
porque quer ir pr’ó Panteão!

Spínola, 28 de Setembro
e uma contra-revolução!
Um monóculo, eu lembro,
nunca entrou no Panteão!

Gomes, vulgo “O rolha”,
conseguiu pôr contenção,
não quis o povo à trolha
mas não rolha no Panteão!

Vasco, dito “O louco” ,
tinha ele grande ambição.
Fez muito ou fez pouco?
Não chega pr’ó Panteão!

Sá Carneiro, Camarate
da queda dum tal avião.
Ainda se discute o abate!
Poderá ir pr’ó Panteão?

Freitas, um vira-casaca,
senhor de douta opinião.
A qualquer porto atraca!
Merecerá ele o Panteão?

Cunhal, um herói do PC,
vulto maior da oposição.
Dito, por quem nele crê,
não quis ir pr’ó Panteão!

Aníbal, “algarvéu” duma cana,
o presidente “Senhor indecisão”.
Ele, o homem, nunca se engana!
Faz de Boliqueime um Panteão!

Pedro, “o roedor coelho”,
que vai roendo a Nação.
Aceite um bom conselho.
Deixe de roer o Panteão!

Paulo, amigo dos feirantes,
o da “irrevogável” decisão.
Deixe lá tudo como dantes
não vá revogar o Panteâo!

Em todo o assunto ele poisa.
O (in) Seguro, da oposição!
Se não diz coisa com coisa,
não pode entrar no Panteão!

Ronaldo, longe vá o agouro,
quando levar em cada mão
uma redonda bola de ouro,
pode repousar no  Panteão!

Como, em pátria de futebóis,
todos somos uns campeões,
vamos erguer, para os heróis,
mais ,,,dois ou três panteões!

Porém, quando eu morrer,
agora ainda estou na razão,
como um humano quero ser.
Não quero ir pr’ó  Panteâo!!!!

E com direitos tão iguais,
sem referendo, ou moção,
também os homossexuais
poderão ir pr’ó Panteão!

Pensam que mais não tinha,
de “heróis” para enumerar?
Aqui vos fica uma adivinha.
Vamos lá, todos, adivinhar!

De grego nome,“inginheiro”,
transmontano mas aldrabão,
falso filósofo, pantomineiro!
Só ao Domingo, no Panteão!

Tenham um muito bom "Carnaval"!

2 comentários:

  1. Bela poesia... mordaz... satírica... muito bem elaborada! Parabéns. Gostei...
    Venham mais...
    Abraço,
    Reis Gonçalves

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  2. Bem hajas pelas tuas palavras e pelo teu trabalho publicitário! Ontem, o "share" aqui do blogue teve uma subida vertiginosa.
    Quanto aos "devaneios", irão mais concerteza. Assim o espero!

    Abraço,
    Celorico

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