Aconteceu, pois, que quando me propunha iniciar a reportagem, um erro de
fotógrafo amador e descuidado fez com que a bateria da máquina estivesse
descarregada. Porém, como não sou de desistir, aqui lhe fico o meu preito.
Espero que fique a contento!
Assim, dum Boletim Informativo da Junta de Freguesia de Colares, vou fazer
a transcrição de excertos dum texto de António Caruna, que foi um emérito
colarense, aproveitando igualmente para lhe prestar uma pequena homenagem.
A PADROEIRA DA NOSSA FREGUESIA
Diziam os antigos que a primeira Padroeira da localidade de Colares fora Nª
Srª de Milides.
/...
Até há bem poucos anos, realizavam-se no mês de Setembro as festas de Nª
Srª de Milides, sendo o seu andor transportado, preferencialmente, por rapazes
da terra que, na altura, estivessem no cumprimento do serviço militar.
Nossa Senhora de Milides |
Até à reconstrução da ermida, efectuada na segunda metade do século XX, a
sua imagem – Nossa Senhora com o Menino ao colo – estava colocada num altar da
Igreja Matriz.
Pese embora a tradição multissecular, o facto é que, no testamento de Joam
Roza, feito em 26 de Julho de 1442, este manifestou a vontade de ser sepultado
“ ...dentro da Igreja de Santa Maria de Colares...”, templo que nada tinha a
ver com a ermida de Nª Srª de Milides. Outros testamentos, de 1442 a 1630, a
maior parte deles com datas posteriores à da criação da Paróquia de Colares,
indicam que a nossa Padroeira era Santa Misericórdia.
O testamento de 10 de Fevereiro de 1630, de Maria Godinho e Luís Pestana,
elaborado por ambos, moradores no Vinagre, foi, dos que conhecemos, o último
onde é feita referência a Nª Srª da Misericórdia, nos seguintes termos:
“...perante mim tabelião, lhes fizesse esta aprovação a qual lhes fiz em todo,
tendo presentes como testemunhas o ditto Reverendo padre Ambrozio, Reverendo
Lourenço Álvaro Morgado, cura da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia desta
villa (...) e eu Marçal Gomes Bravo, público Tabelião de Nottas por sua
Magestade (...) e assinei de meu publiquo sinal.”
Este Cura foi pároco de 1630 a 1635 e o Tabelião Marçal Bravo exerceu as
suas funções de 1626 até, pelo menos, 1676.
A referência mais antiga a Nª Srª da Assunção, como nossa Padroeira,
encontra-se no testamento de Manuel Brito, morador na Graciosa, termo da Villa
de Colares, redigido em 1655 pelo “Padre Joam Cardozo, Coadjutor nesta Igreya
de Nª Srª da Asumpção, desta Villa de Colares”.
À época, o Cura Manuel Seres de Gouveia era o Pároco de Colares, cargo que
exerceu até 1663.
A imagem de Nª Srª de Milides esteve durante anos num altar da Igreja
Matriz. É de roca e de vestir e tanto Nossa Senhora como o Menino aparecem
coroados.
Não existe, no entanto, qualquer informação fidedigna que nos possa levar a
afirmar que Nª Srª de Milides tenha, efectivamente, sido a nossa Padroeira.
Esta imagem está, actualmente, na capela da Quinta de Milides.
Nossa Senhora da Assunção |
No que respeita a Nª Srª da Assunção, nossa Padroeira, a imagem mais antiga
existente na Igreja Paroquial, também de roca, da época ou estilo do séc.
XVIII, não simboliza, devido à sua concepção, a atitude de elevação milagrosa
da Virgem ao Céu. Por este motivo, e durante o paroquiado do PE. Manuel Moura
Machado, foi colocada numa peanha existente na parede da Sacristia e
substituída por outra, construída por um artífice de Braga, em madeira maciça,
mais condigna com a atitude da Assunção.
Nossa Senhora da Assunção |
Sublinhe-se a especial devoção das nossas gentes patenteada também nas
várias igrejas existentes no âmbito da Paróquia, votadas a Nossa Senhora nas
suas diversas invocações.
/...
Seguramente, desde meados do séc. XVII que Nª Srª da Assunção é a Padroeira
da nossa Freguesia.
Sem comentários:
Enviar um comentário