segunda-feira, 18 de agosto de 2014

Nossa Senhora da Assunção não ajudou, mas ...

A Nossa Senhora da Assunção não ajudou, mas deve ter sido apenas porque eu também não tinha confidenciado, nem a Ela nem a ninguém, que me propusera fazer uma grande reportagem fotográfica dos festejos em sua honra.
Aconteceu, pois, que quando me propunha iniciar a reportagem, um erro de fotógrafo amador e descuidado fez com que a bateria da máquina estivesse descarregada. Porém, como não sou de desistir, aqui lhe fico o meu preito. Espero que fique a contento!

Assim, dum Boletim Informativo da Junta de Freguesia de Colares, vou fazer a transcrição de excertos dum texto de António Caruna, que foi um emérito colarense, aproveitando igualmente para lhe prestar uma pequena homenagem.

A PADROEIRA DA NOSSA FREGUESIA

Diziam os antigos que a primeira Padroeira da localidade de Colares fora Nª Srª de Milides.
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Até há bem poucos anos, realizavam-se no mês de Setembro as festas de Nª Srª de Milides, sendo o seu andor transportado, preferencialmente, por rapazes da terra que, na altura, estivessem no cumprimento do serviço militar.

Nossa Senhora de Milides
Até à reconstrução da ermida, efectuada na segunda metade do século XX, a sua imagem – Nossa Senhora com o Menino ao colo – estava colocada num altar da Igreja Matriz.
Pese embora a tradição multissecular, o facto é que, no testamento de Joam Roza, feito em 26 de Julho de 1442, este manifestou a vontade de ser sepultado “ ...dentro da Igreja de Santa Maria de Colares...”, templo que nada tinha a ver com a ermida de Nª Srª de Milides. Outros testamentos, de 1442 a 1630, a maior parte deles com datas posteriores à da criação da Paróquia de Colares, indicam que a nossa Padroeira era Santa Misericórdia.
O testamento de 10 de Fevereiro de 1630, de Maria Godinho e Luís Pestana, elaborado por ambos, moradores no Vinagre, foi, dos que conhecemos, o último onde é feita referência a Nª Srª da Misericórdia, nos seguintes termos: “...perante mim tabelião, lhes fizesse esta aprovação a qual lhes fiz em todo, tendo presentes como testemunhas o ditto Reverendo padre Ambrozio, Reverendo Lourenço Álvaro Morgado, cura da Igreja de Nossa Senhora da Misericórdia desta villa (...) e eu Marçal Gomes Bravo, público Tabelião de Nottas por sua Magestade (...) e assinei de meu publiquo sinal.”
Este Cura foi pároco de 1630 a 1635 e o Tabelião Marçal Bravo exerceu as suas funções de 1626 até, pelo menos, 1676.
A referência mais antiga a Nª Srª da Assunção, como nossa Padroeira, encontra-se no testamento de Manuel Brito, morador na Graciosa, termo da Villa de Colares, redigido em 1655 pelo “Padre Joam Cardozo, Coadjutor nesta Igreya de Nª Srª da Asumpção, desta Villa de Colares”.
À época, o Cura Manuel Seres de Gouveia era o Pároco de Colares, cargo que exerceu até 1663.
A imagem de Nª Srª de Milides esteve durante anos num altar da Igreja Matriz. É de roca e de vestir e tanto Nossa Senhora como o Menino aparecem coroados.
Não existe, no entanto, qualquer informação fidedigna que nos possa levar a afirmar que Nª Srª de Milides tenha, efectivamente, sido a nossa Padroeira.
Esta imagem está, actualmente, na capela da Quinta de Milides.

Nossa Senhora da Assunção
No que respeita a Nª Srª da Assunção, nossa Padroeira, a imagem mais antiga existente na Igreja Paroquial, também de roca, da época ou estilo do séc. XVIII, não simboliza, devido à sua concepção, a atitude de elevação milagrosa da Virgem ao Céu. Por este motivo, e durante o paroquiado do PE. Manuel Moura Machado, foi colocada numa peanha existente na parede da Sacristia e substituída por outra, construída por um artífice de Braga, em madeira maciça, mais condigna com a atitude da Assunção.

Nossa Senhora da Assunção
Sublinhe-se a especial devoção das nossas gentes patenteada também nas várias igrejas existentes no âmbito da Paróquia, votadas a Nossa Senhora nas suas diversas invocações.
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Seguramente, desde meados do séc. XVII que Nª Srª da Assunção é a Padroeira da nossa Freguesia.


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