quinta-feira, 15 de abril de 2021

O Milagre "dos rosas" num País dos "cravos" !




“São rosas, Senhor! São rosas!”

(Ou um país que já prescreveu)

 

Neste rectângulo e amostra dum país

de lendas, muitas das quais religiosas,

há uma, já dos tempos de Dom Dinis.

É ela, “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Dir-me-ão que a história não se repete.

Isso é uma das coisas mais mentirosas,

pois ouvi que quem com o PS se mete,

verá que “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Para que se construa um tal Freeport,

basta o Plano Director e umas prosas.

Já não haverá ninguém que se importe,

porque “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

“Licenciaturas” escorreitas, ao domingo,

regadas com tinto e ementas apetitosas,

pode de vergonha não sobrar um pingo

porque “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Até suas excelsas e variadas namoradas

afirmavam sua inocência, tão virtuosas,

quando em seus regaços eram admiradas,

apenas, “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Uma humilde casinha no centro de Paris

poderá não ter umas vistas maravilhosas.

Se tivermos um amigo que nos faça feliz,

esta vida “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Comprar apartamento, herança da mamã,

clamando e usando entoações maviosas,

ou gritando, poderá já não haver amanhã,

que tudo “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Dinheiro bem vivo ou por debaixo da mesa,

serão das coisas desta vida bem insultuosas

mas, poderão ter todos bem a santa certeza

de que isso, “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Por vezes quero versejar mas não consigo.

Vou filosofando, por não necessitar glosas.

Para escrever livros, pago eu a um amigo,

meus louros “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Branqueamento de capitais, mero eufemismo

que serve de desculpa para pessoas manhosas.

Branquear, não pode ser considerado racismo!

Branco é puro, “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Alguns pequeníssimos esquecimentos fiscais

apenas tornam as operações menos onerosas.

Coisa pouca no parecer duns doutos tribunais

e pelo visto, “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Depois de tudo que se viu, ouviu e aconteceu,

que as pessoas pensem e não sejam maldosas

e cá ficámos a saber que este país prescreveu,

pois nele tudo “São rosas, Senhor! São rosas!”

 

Todos estavam desejosos de ver a nossa justiça

sem peias, punindo o mal das situações dolosas.

Esqueçam, por bem maior que seja o dolo, chiça,

tudo vai impune, “São rosas, Senhor! São rosas!”



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