“São rosas, Senhor! São rosas!”
(Ou um país que já prescreveu)
Neste rectângulo e
amostra dum país
de lendas, muitas das
quais religiosas,
há uma, já dos tempos de
Dom Dinis.
É ela, “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Dir-me-ão que a história
não se repete.
Isso é uma das coisas
mais mentirosas,
pois ouvi que quem com o
PS se mete,
verá que “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Para que se construa um
tal Freeport,
basta o Plano Director e
umas prosas.
Já não haverá ninguém
que se importe,
porque “São rosas,
Senhor! São rosas!”
“Licenciaturas”
escorreitas, ao domingo,
regadas com tinto e
ementas apetitosas,
pode de vergonha não
sobrar um pingo
porque “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Até suas excelsas e
variadas namoradas
afirmavam sua inocência,
tão virtuosas,
quando em seus regaços
eram admiradas,
apenas, “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Uma humilde casinha no
centro de Paris
poderá não ter umas
vistas maravilhosas.
Se tivermos um amigo que
nos faça feliz,
esta vida “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Comprar apartamento,
herança da mamã,
clamando e usando
entoações maviosas,
ou gritando, poderá já
não haver amanhã,
que tudo “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Dinheiro bem vivo ou por
debaixo da mesa,
serão das coisas desta
vida bem insultuosas
mas, poderão ter todos
bem a santa certeza
de que isso, “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Por vezes quero versejar
mas não consigo.
Vou filosofando, por não
necessitar glosas.
Para escrever livros,
pago eu a um amigo,
meus louros “São rosas,
Senhor! São rosas!”
Branqueamento de
capitais, mero eufemismo
que serve de desculpa
para pessoas manhosas.
Branquear, não pode ser
considerado racismo!
Branco é puro, “São
rosas, Senhor! São rosas!”
Alguns pequeníssimos
esquecimentos fiscais
apenas tornam as
operações menos onerosas.
Coisa pouca no parecer
duns doutos tribunais
e pelo visto, “São
rosas, Senhor! São rosas!”
Depois de tudo que se
viu, ouviu e aconteceu,
que as pessoas pensem e
não sejam maldosas
e cá ficámos a saber que
este país prescreveu,
pois nele tudo “São
rosas, Senhor! São rosas!”
Todos estavam desejosos
de ver a nossa justiça
sem peias, punindo o mal
das situações dolosas.
Esqueçam, por bem maior
que seja o dolo, chiça,
tudo vai impune, “São
rosas, Senhor! São rosas!”
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