Este blogue foi criado após insistência de muitas pessoas, amigas (assim as considero). Porém não vou utilizá-lo só para a promoção da minha terra, Salvaterra do Extremo, vila de 780 anos, situada (para que conste) no concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, na província da Beira Baixa. Vou igualmente tentar diversificar os assuntos e trazer aqui alguns que são do meu interesse e espero que sejam do interesse de mais alguém. Mais um leitor que seja, já valeu a pena!
sexta-feira, 4 de dezembro de 2009
APESAR DE TUDO, AINDA HÁ NATAL!!!
Não tenho uma especial apetência pela comemoração do Natal tal qual ele hoje é entendido. Todos falam de solidariedade, de bondade, amizade e outras palavras sonantes terminadas em ade, ou não. Mas, parece-me, a verdade é que falta vontade, nesta sociedade, em ver a realidade com honestidade e praticar a caridade, não a caridadezinha!
Na idade de todos os sonhos, o meu Natal era a época em que nos reuníamos, em Lisboa, a minha avó materna, os meus tios, o meu irmão e os meus pais. Havia Menino Jesus, a missa do Galo e não faltavam as filhós. Digo em Lisboa porque da minha terra, donde saí com pouco mais de 3 anos, nada recordo. Tudo aquilo que sei é de ouvir contar.
As filhós eram o motivo de toda a azáfama. Da minha mãe e da minha avó, claro! Nós, só as comíamos. Era vê-las, à noite (não havia tempo durante o dia) a amassar, a pôr a fintar e depois a tender, não sem que lhe tivessem adicionado o azeite q.b. e um calicezinho de aguardente. Espero que estes passos estejam correctos, pelo que deixo o favor da correcção aos entendidos, antecipando as minhas desculpas.
O próximo passo era estender a massa sobre a mesa (suponho que uma tábua, devidamente untada), passavam-lhe o rolo de madeira e depois de bem fininha, com a recartilha, cortavam pedaços rectangulares, nos quais davam ainda dois pequenos cortes no sentido longitudinal. A sertã, com o azeite, estava ao lume e começava a fritura. Era ver, então, aqueles rectângulos de massa a inchar e a ficarem como que umas almofadinhas. Depois de fritas e retiradas eram colocadas numa travessa e, por cima, deitava-se-lhes açúcar. Isso, eu já ajudava, esfarelando o açúcar entre os dedos.
Tudo pronto, colocavam-se as filhós dentro dum alguidar e tapavam-se com um pano, deixando-as arrefecer até ao dia seguinte.
Este trabalho entrava pela noite dentro mas, no dia seguinte, a Consoada estaria completa e as filhós, finas e estaladiças (como eu gosto), faziam as honras da mesa.
Havia também o hábito de ofertar, com elas, vizinhos e familiares, principalmente os que estivessem de luto, porque decerto não as fariam, e assim não se privassem delas em época de FRATERNIDADE.
Este é o texto com que participo na blogagem colectiva do mês de Dezembro, "O Natal na Minha Terra", do blogue "Aldeia da minha vida".
A blogagem deste mês tem um fim humanitário. Ser solidário! Trata-se de ajudar alguém, a Isabela, a vencer um obstáculo que a Vida lhe colocou. Se todos ajudarmos ela agradece e nós ficaremos mais ricos. Por isso, se quiser ajudar, não "dói" nada, basta comentar, a partir do próximo dia 10, este e os outros textos em www.aldeiadaminhavida.blogspot.com. Como pode ver, é fácil, fácil, fácil! E não custa nada!
Bem haja!
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Gostei muito do seu texto, especialmente aquele último acto de fraternidade. Lindo! Parabéns.
ResponderEliminardepedraecal.bloguepessoal.com.
Natal, tempo de reunião familiar, tempo de matar saudades de quem se está longe quase o ano inteiro, tempo de maior alegria, bondade e solidariedade entre todos. Natal só tem um senão; a falta deste espírito durante o resto do ano. Talvez seja por isso mesmo que o Natal é tão especial.
ResponderEliminarE a azáfama das filhozes, também minha avó as fazia assim. E hoje por mais que minha mãe use a mesma receita, não têm o mesmo sabor e cheiro, nem duram tantos dias tão estaladiças.
Resta-nos as boas recordações e a união familiar dos que ainda se encontram entre nós…
Desfrute desta época, amigo, pois não há no ano outra igual.
Desejo-lhe a si e a todos os seus uma quadra festiva muito feliz, e se possível que esta se prolongue o resto do ano.
Era bom que assim fosse, pois talvez só assim fosse Natal todos os dias. E que bonito seria!
Cristina