O Chafariz da Devesa
No dia 12 de Maio de 1758, nas “Memórias Paroquiais”, escrevia o Vigário de Salvaterra do Extremo, Frei Sebastião Pires Moreira:
“A praça dentro em si tem três poços de água, que só a conservam até Agosto, de sorte que no Verão padeceria grande esterilidade se não fora uma fonte que se fez no ano de mil setecentos e cinquenta e sete no sítio do Senhor da Pedra, distante da praça dois tiros de bala, que dá abundante água todo o ano, e um poço chamado de S. João, distante de tiro de bala, que haverá vinte anos que se fabricou, que também não seca, senão por anos de grande esterilidade. Fora da praça para a parte do Poente há uma ponte com duas guaritas e uma casa arruinada, cujo muro terá de altura quinze palmos e de largura sete, e junto a este está outro poço a quem faltam as águas nos meses de Verão.”
Portanto, neste documento, refere-se “uma fonte que se fez no ano de mil setecentos e cinquenta e sete no sítio do Senhor da Pedra (hoje capela de Nossa Senhora da Consolação, junto à Deveza), distante da praça dois tiros de bala, que dá abundante água todo o ano”. À primeira vista pareceu-me que esta fonte seria o Chafariz da Devesa, hoje chamado de “Fonte Joanina”, conforme placa afixada no mesmo.
Porquê essa designação se, à data da sua construção, reinava D. José I?
Porém, para aumentar a confusão, pode ler-se, inscrita lateralmente numa das pedras, a data de 1773! Ainda reinava D. José I!
Será que a fonte referida nas Memórias Paroquiais é o chamado “Chafariz de Ferro”?
Refere-se também, na placa, que esta era uma antiga fonte de chafurdo. A ser assim, porque não é ela referida nas citadas Memórias?
Também, em minha opinião, é pouco crível que essa fonte servisse para a lavagem de roupa, sabido que a higiene do povo não era coisa por aí além, para mais dada a escassez de água. As roupas, a serem lavadas, seriam as dos senhores, fidalgos e lavradores. Ora, custa a crer que, em plena Devesa, praticamente a única fonte existente fosse utilizada para as lavagens e para o gado se dessedentar (com água das lavagens?). Era uma zona de pastagem e decerto conspurcada por dejectos animais. Nada própria para pôr a roupa a corar ao sol. Se em pleno século XX as pessoas ainda iam lavar a roupa à Ribeira (rio Erges), onde, apesar da canseira da caminhada, tinham todas as condições naturais, água corrente, sol e um prado limpinho, porque estranha mania o não faziam nos tempos de antanho? O facto de haver lutas regulares entre os dois vizinhos fronteiriços, não colhe, pois os campos eram cultivados e havia comércio normal entre os povos.
Quem souber e quiser, poderá avançar com alguma explicação para mais este enigma histórico! Eu, pessoalmente, agradeço!
João
ResponderEliminarAchei muito interessante o seu post. Também minha aldeias e tento encontrar vestígios da sua fundação. Tenho recorrido aos registos paroquiais, mas tenho encontrado apenas nascimentos, casamentos e óbitos. Já consegui saber algumas coisas, mas sou muito bisbilhoteira e quero chegar mais longe.
Beijinhos
Lourdes
Olá amigo João!
ResponderEliminarAinda bem que vim cá, assim pude usufruir dum passeio á Salvaterra do Extremo. Já vi o slide, as fotos... bem bonita :) Agora, um dia, falta ver ao vivo :)
Jocas gordas
Lena
Olá Amigo João!
ResponderEliminarHoje a Susana lembrou-se de uma coisa engraçada e falou para eu lhe contar: no fim-de-semana 10/11 de Abril,ela teve em Penha Garcia e encontrou lá um grupo muito simpático de amigos seus de Salvaterra de Extremo. :) O mundo é pequenino afinal.
Jocas gordas
Lena