quarta-feira, 15 de setembro de 2010

O "Monte da Lua" - Serra de Sintra

Lá ao longe, no “Monte da Lua” (visto quase da janela do meu quarto), o Palácio da Pena

Desde os meus tenros 4 anos, até aos 9, que me habituei a vê-la todos os dias, logo pela manhã. Todos os dias é uma força de expressão, pois havia dias em que ela se escondia debaixo dum espesso manto, umas vezes duma grande brancura (no Verão), e outras dum plúmbeo carregado (no Inverno). No Verão, significava calor tórrido quando se destapava e no Inverno, tínhamos chuvada certa.
Era assim o Monte da Lua (Mons Lunae para os romanos). Considerado um prolongamento do maciço rochoso que desce da Serra da Estrela, estende o seu manto verde até aos rochedos da ponta mais ocidental da Europa (o Cabo da Roca) onde mergulha nas areias das praias do Atlântico (Praia da Ursa, Praia da Adraga, Praia Grande, Praia das Maçãs, Azenhas do Mar e Magoito).


Mas, não se julgue que esse manto verde é um simples manto. Não! “Cenário grandioso de variedade e beleza”, dizia Byron, preso dos seus encantos. Mão de artista, por entre penhascos, criou-lhe frescos e encantados recantos, quais jardins do Éden, e ornamentou-o com pequenas pérolas. Lá no alto, obra de D. Fernando II, colocou-lhe o Palácio da Pena (onde outrora existia o Convento de Nossa Senhora da Penha), mais abaixo o Castelo, dito dos Mouros, a Cruz Alta, ainda mais abaixo o Palácio dos Seteais, o Parque de Monserrate, o Palácio da Regaleira (do Monteiro dos Milhões) e na vila, a Cynthia dos celtas, o Palácio Nacional de Sintra (vulgo Palácio da Vila). Mais além e em seu redor, distribuídas pelas faldas, além das quintas brasonadas, salpicam-na a Lagoa Azul, a Peninha, o Convento dos Capuchos, e muitas pequenas povoações, entre as quais se destaca a vila de Colares, doada em 1385 a Nuno Álvares Pereira, por D. João I. Hoje em dia, dalgum modo ligado a esta vila, ao observar a serra eu relembro tempos de infância, das visitas ao Palácio da Pena, com subida até ao zimbório (coisa hoje proibida), donde a nossa vista se perdia nos longes do Oceano Atlântico, dos piqueniques no Parque das Merendas, da Sala das Pegas no Palácio da Vila. Porém, outros valores se levantaram e quem passa por Sintra não pode deixar de visitar o Museu de Arte Moderna (no antigo Casino), onde pode ver a Colecção Berardo, o Museu do Brinquedo (no antigo quartel dos Bombeiros), beber água fresquinha (se não houver aviso em contrário) na Fonte da Sabuga e, por fim, deliciar-se com umas queijadas ou uns travesseiros, mas sem abusar, claro.

(Nota: A foto panorâmica é um arranjo de foto original de Publicações Alfa, S.A.)

Este é o texto com que participo na Blogagem de Setembro do Blog "Aldeia da Minha Vida".
A participação é livre, com textos e comentários e, como convém, também tem prémios e não fazem a coisa por menos, exemplares do magnífico "Guia Turístico" editado pela empresa Olho de Turista e da autoria de Susana Falhas. A não perder!
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2 comentários:

  1. João
    Desta vez em prosa, fez neste texto uma bela descrição duma também bela região do nosso país. Parabéns e boa sorte.
    Beijinhos
    Lourdes

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  2. Boa tarde João;primeiro que tudo quero agradecer-lhe, o ter deixado a publicação sobre o jornal de Castelo Branco,e como estou de ferias,(mas estão na reta final)vim visitá-lo;e como sempre, encontro esta bela descrição sobre a Serra de Sintra,sim senhor! eu já não me admiro da maneira como escreve,só desejo é que continue a nos brindar com coisas tão bonitas do nosso cantinho á beira mar plantado.
    Quanto á reportagem anterior não seja modesto,porque ninguém lhe tira o enorme prazer de recordar esses belos tempos,e de os reavivar na memória dos seus e de quem por aqui passa e lê.
    Muitas felicidades
    Ana Bernardo

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