Ao ver as belas fotos e ler a descrição da viagem à Suíça, da minha amiga Lourdes, do blogue “O Açor”, logo me lembrei dos calendários e duma passagem (terá sido mesmo?) que eu fiz pela Suíça. De tal modo me fez recordar essa viagem que a vou aqui descrever.
Num dia, 17 de Dezembro, ficou aprazada uma viagem profissional à Suécia, mais propriamente a Norrkoping. Durante dias o meu interlocutor sueco me foi avisando que o Inverno estava rigoroso (-20 a -30ºC). Que não haveria problema, dizia eu, e que lá estaria, como combinado.
Pois é, o homem põe e Deus dispõe. Os problemas começaram logo com a marcação de viagem. A proximidade do Natal e as várias ligações aéreas para chegar a Norrkoping, obrigavam a um voo até Genève, daqui outro para Copenhaga e por último para Norrkoping. Porém, de Genève para Copenhaga, parecia estar comprometido devido aos horários, pelo que se achou por bem fazer reserva, também, de Genève para Amesterdão e daqui para Copenhaga. Tudo fácil, no papel!
Nesse tal dia 17, aprontei-me para sair de casa, o táxi estava difícil de arranjar e o tempo urgia. Já um pouco nervoso, lá consegui um táxi mas, teria andado pouco mais de 100 metros, dei conta de me ter esquecido do relógio de pulso. Tentei acalmar-me e de nada valia voltar atrás pois o atraso seria maior. O problema merecia uma solução rápida e ela logo veio. Então, eu não ia passar na Suíça, terra dos relógios? Pois era agora mesmo que eu ia ter um relógio suíço, directamente do fornecedor! Era só pensamentos positivos!
Cheguei ao aeroporto e pude verificar que toda a minha pressa não tinha razão de ser, pois o avião que me levaria a Genève, ainda nem tinha chegado. Que estava mau tempo e que o voo estava bastante atrasado. Ah, ele é isso? Então como é que eu chego a tempo da ligação com Copenhaga? Questionei uma assistente que me tranquilizou, dizendo que eles por vezes davam um bocadinho mais de velocidade, para compensar. Balelas! Só se fosse nas descidas…
A minha cabeça já não parava de pensar na embrulhada que se adivinhava. E eu sem relógio…
Chegou o avião (voo SR 691), embarque acelerado mas os minutos pareciam horas. Dei comigo a pensar que, afinal, tudo se ia resolver. Como eu me enganava!
A viagem decorreu normalmente. Aterrámos e, ao sair do avião, dirijo o olhar na direcção da porta de desembarque e que vejo eu? Por cima da porta um enorme relógio dizia-me que, com o atraso e a mudança de fuso horário, o avião para Copenhaga se não tinha saído, para lá era o caminho.
Verdadeiramente a correr, pois não levava bagagem (essa iria seguir até ao destino, sem problemas), fui direito ao balcão do “check-in” onde, ofegante, expus o meu problema. Que o avião para Copenhaga já tinha terminado o embarque, disseram-me, ao que eu, como que tirando um coelho da cartola, retorqui que então ali estava a reserva para Amesterdão. Pois, mas esse já tinha saído! Fiquei completamente perdido. Então, como é que eu ia chegar a Norrkoping? A assistente começou a bater em teclas a visionar ecrãs, a telefonar a alguém e eu a transpirar em pleno Inverno, até que como uma luz que se acende, a sua face se ilumina (isto era já eu a delirar), e me diz que tinha 3, apenas 3, minutos para me pôr no avião. Muitos e rápidos “merci beaucoup” e uma louca correria pelos corredores do aeroporto levaram-me até ao avião, à pista pois que já tinham tirado a manga de embarque. Desceram, só para mim, a escada da cauda e eu, mais ofegante que nunca, depois de galga-la, acabei por cair, literalmente, no primeiro lugar que encontrei, que era o último e único que estava vago. Claro, faltava o Monsieur Celoricô!
Disfarçado de João "Tovarich"
Acresce agora dizer que, como já aqui leram, estávamos em Dezembro e o aviso de temperaturas bastante negativas. Eu fiz a preparação da viagem como se fosse para o Pólo Norte, só me faltaram uns dias de estágio num qualquer congelador. Um sobretudo que muito raramente usava, gorro qual “Tovarich”, ceroulas que nunca usei e muita roupa de lã. Dá para imaginar, depois de toda aquela correria, como eu me encontrava. Todo eu escorria! Quase me faltava o ar mas, agora sim, mais calmo lá cheguei a Copenhaga (voo SR 422) onde, em trânsito, sempre pensei em comprar o tal relógio que até podia ser chinês mas, os preços eram de tal modo elevados que me fizeram desistir dessa compra. O certo é que não me fez falta nenhuma! Já tudo andava a horas!
Porém, o dia ainda não tinha acabado. A chegada a Norrkoping (voo SK 820), deu-se cerca da meia-noite. A pista tinha um barracão, em madeira, e após a saída só via a noite escura e montes de gelo à volta. Fiquei intrigado mas, surpresa das surpresas, 2 ou 3 minutos depois de ter pedido um táxi, eis que ele surge do meio da escuridão para me levar ao “Standard Hotel”, onde parecia que estavam no Verão pois decorria uma festa e as senhoras iam deixando as peles no bengaleiro e ficavam em vestido de noite, todas fresquinhas.
E ali estava eu, acabadinho de chegar, qual espião que veio do frio!
A temperatura exterior, essa rondava realmente os -25ºC!
Foto tirada da janela do meu quarto no hotel, não na Suiça, mas na Suécia (é quase o mesmo)
E, assim, foi esta a minha passagem, qual meteorito, pela Suíça que continuo a conhecer só pelos calendários!
Olá João
ResponderEliminarA sua viagem com passagem pela Suíça foi absolutamente hilariante. Naquela altura, o João não deve etr achado graça nenhuma, mas agora essa aventura deve dar uma boa estória para contar aos amigos. Eu adorei.
Quanto ao relógio, se calhar também não comprava. Na Suíça é tudo caríssimo ou, como dizia o outro, nós é que estamos ganhando pouco. As poucas compras que fiz, foram praticamente todas feitas na Áustria.
Beijinhos
Lourdes
João boa noite
ResponderEliminarE não é que são estas histórias,que são das melhores coisas que levamos desta vida??
Lembranças lindas que nos fazem sorrir.
Adorei a das ceroulas...pois com as correrias em que andou decerto estariam a mais,não é??
Felicidades
Ana Bernardo