sábado, 22 de janeiro de 2011

A vida, também é feita... de acasos( I )

Penso que se impõe esclarecer porque é que eu nos meus anteriores ”posts” refiro que me aconteceu, isto e aquilo, “por acaso” , sob pena de não me levarem muito a sério!
Não sei se nasci por acaso pois que sou quase 8 anos mais novo que o meu irmão e nasci em plena guerra mundial. Por acaso nunca fiz essa pergunta pois, decerto, não seria por acaso que não receberia uma resposta esclarecedora e ainda podia ficar com a cara a arder. Os tempos eram outros!
Por acaso, saí da minha terra, com pouco mais de 3 anos e fui viver para o Algueirão, junto de Sintra. Fiz aí as primeiras letras, até à 3ª classe e o acaso quis que viesse fazer a 4ª a Lisboa. Por acaso, tinha a escola mesmo defronte da minha porta, na rua dos Poiais de S. Bento. Tive uma crise de tosse convulsa e foi por mero acaso que não perdi esse ano. Por acaso, a minha professora, no fim da minha convalescença, tomando todos os cuidados, colocou-me ao fundo da sala e eu consegui levar a bom termo os exame da 4ª (com Distinção) e da admissão. Feito isto, com 10 anos (não era exploração infantil), o meu destino era começar a trabalhar como “groom” ou paquete dum qualquer escritório, como o meu irmão tinha começado. Eu seguiria os seus passos e mais tarde, estudando à noite (ainda não havia as Novas Oportunidades), seria um futuro “manga de alpaca”. Mas o acaso, mais uma vez, não quis. Após a admissão, feita na Veiga Beirão (comercial), fui-me matricular e o acaso ditou que não tinham vaga para mim. Que fosse “bater a outra freguesia”! Assim fiz e matriculei-me na Manuel da Maia, que o mesmo é dizer na Machado de Castro, onde se leccionava o curso industrial. Ao fim de um mês disseram-me que já podia ir para a Veiga Beirão, o que eu recusei e, assim, o acaso fez de mim não um “manga de alpaca” mas um fulano da “ferrugem”, que seria bem pior!

Entrei no Ciclo Preparatório que, por acaso, tinha sido criado no ano anterior. Cheguei ao 2º ano e a falta de professor de Matemática durante algum tempo assim como da professora de Ciências, esta devido a gravidez, obrigou a que chegasse a exame um bocadinho “coxo”, principalmente a Matemática que, até ali, não era o meu fraco. Antes de começarmos o exame, entregávamos os Bilhetes de Identidade. Eu estava um pouco nervoso, ou até talvez muito, pois a prova escrita não tinha sido famosa. Pois é mas, o acaso, fez com que um dos professores do júri visse o BI, se chegasse ao pé de mim e me perguntasse se eu era de Salvaterra e se conhecia lá uma tal família, Gazula. Disse que sim senhor e que conhecia a família mas só de nome. Até hoje, estou convencido que esse acaso me trouxe uma “benzedura”!

(continua)

6 comentários:

  1. Nada na vida é por acaso!!! e por acaso,os acasos em sua vida,e também muito trabalho,pois sem ele nada vem,é o homem que é hoje,não será??? Não sou tão prendada,nem letrada como o João,mas também eu lembro com muita saudade o meu exame da 4ª classe, que também acabei com Distinção,aliás não querendo ser "babosa" fui a única da minha aldeia nesse ano.Fui então com 9 anos que iniciei o 1º ano do ciclo,pois só fazia os 10 em Dezembro.Como era muito franzina,lembro perfeitamente que a Professora de Português,que foi a 1ª a ter contacto com a turma,me perguntou se não estaria no sitio errado!!! Como tive sempre a resposta na ponta da lingua,disse-lhe logo que não,que embora pequena tinha idade para estar ali...
    Belos tempos no Liceu Nun'Álvares em Castelo Branco,lembranças lindas que nem o tempo,nos tira não é??
    por aqui me fico,pois espero a continuação dos seus "por acasos"
    Ana Bernardo

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  2. Olá, Ana!
    Não se subestime, minha boa amiga! Eu também não sou tão prendado assim. "Par hazard" até falo francês, mas não toco piano e não sei bordar mas ... já ganhei um prémio da "Modas e Bordados"! A virtude, nestas coisas do acaso, é sabermos agarrá-lo e tirar vantagens disso. Claro que isso, dá trabalho. Mas a vida é isso, trabalho, trabalho e mais trabalho. Resta-nos a satisfação, depois disso tudo, de ter-mos tirado algum proveito, enriquecendo-nos, mesmo que não seja financeiramente. A satisfação do dever cumprido é muito boa!
    Abraço,
    João Celorico

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  3. João , quanto aos «acasos » ,sou mais da opinião da Ana , nada é por acaso ,essa é a lição que a História me dá... Mas,muitas vezes somos levados a pensar neles ...Já vi que já continuou o seu relato ; eu é que comecei a ler ao contrário , isto é li 1º o 2º !
    Mas ,repare , também eu andei no Liceu Nun'Álvares em Castelo Branco , como a Ana ...
    Quina

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  4. Olá, Quina!
    Não admira que seja mais da opinião da Ana. Até andaram no mesmo Liceu...
    O Mundo é pequeno...

    Abraço,
    João Celorico

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  5. Adoro estas memórias fotográficas antigas.
    Pergunto-me qual dos “traquinas” será o amigo João… Eu não o consigo identificar, lol…

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  6. Olá, Cristina!
    Seja bem aparecida. Espero que tenha tempo para ler toda esta literatura. Tem sido uma grnde produção.
    Identificar-me, é muito fácil, lol...
    Na foto de cima, sou a cabecinha que se vê por cima do 6º, na fila de baixo, a contar da esquerda, ou seja, o 4º da 2ª fila, ao lado de um de óculos que, veja lá, por acaso, não era sequer da minha escola e havia de ser meu colega na Escola Industrial. Ele nem sabia que estava nessa foto. Eu é que o reconheci e depois de o procurar, e encontrar, soube que mora no Feijó e mostrei-lhe a foto, para grande admiração dele que jurava a pés juntos que não era ele.
    Por acaso, também o 7º, em baixo, desconhecia esta foto. Não era da minha classe e fui descobri-lo no Canadá, para onde tinha emigrado. A internet deu uma ajuda e, lá cheguei!
    Quanto à foto de baixo, é mais fácil. Entre o 5º e o 6º, em baixo, estou eu ligeiramente agachado e com as mãos nos ombros dos dois (o "Marocas" e o "5"). O 2º, em baixo, é esse de que falo na outra foto.
    Tudo esclarecido?
    Abraço,
    João Celorico

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