Dia 01 de Maio :
Ilha de São Tomé. Plantação de cacaueiros. |
Ilha de São Tomé. Fortim de São Jerónimo. |
Neste primeiro dia da “grande tirada”, rumo ao Funchal, relembramos algo do que foi visto em São Tomé e das “trocas comerciais” que se fizeram. Os naturais subiram a bordo e expuseram coisas como tapetes e artesanato que trocaram não só por dinheiro como também por sabonetes, whisky ou outra bebida. Foi um mercado do tipo ancestral!
Navio motor "Quanza". Podem ver-se o adornamento do navio e os lençóis com que nos saudavam. Não se consegue ouvir o barulho enorme que faziam. E, o mar parece um lago! |
Dias 02 a 07 :
O calor continuava a sufocar e de húmido que
era, tornava-se doentio. Passávamos defronte de Dacar e da Serra Leoa.
Nestes 7 dias sem escala, tal como já tinha acontecido na primeira parte da
viagem, havia que alegrar os passageiros e assim, a piscina enchia-se,
preparava-se o écran para a projecção de filmes e organizavam-se “Festas à
Portuguesa” e bailes, na 1ª e na 2ª classe. Pessoalmente apenas fui freguês e
não muitas vezes, das sessões de cinema. O tempo disponível e a minha
disposição, nunca davam para muito mais. Preferia descansar mais um bocado, do
que meter-me em folias. Acresce dizer que excepção feita aos bailes, que se
realizavam nos salões da 1ª e 2ª classe e obrigavam a traje “à maneira”, tudo o
resto se passava no convés, ao ar livre.
Também nesta tirada se aproveitou para fazermos exercícios de baleeiras, facto que me esqueci de referir
aquando da tirada em sentido contrário. Constavam estes exercícios em, mais ou
menos de improviso, fazer soar as sirenes e os alarmes de modo a que todos os
passageiros e tripulação se dirigissem para junto das baleeiras a que estavam
distribuídos. Nós, os oficiais já estávamos avisados e só havia que pôr ordem
nos passageiros que, desacostumados destas andanças, andavam um pouco às
“aranhas”!
Lembro que certa noite, numa outra viagem,
andámos todos de nariz no ar porque cheirava a fumo e ainda há bem pouco tempo,
em 22 de Dezembro, tinha sido o incêndio no “Lakonia” do qual tinham resultado
128 mortos e o posterior afundamento, no dia 29, 230 milhas a sudoeste de
Lisboa e 250 milhas a noroeste de Casablanca, quando estava a ser rebocado por
quatro rebocadores, um dos quais o “Praia da Adraga”. No nosso caso, a Providência estava conosco e o fogo resumiu-se a uma qualquer peça de roupa
que, na engomadoria, se estava a queimar. Valeu o susto!
Dia 08 :
Às 00.00h os relógios de bordo foram
adiantados de 60 minutos.
Afinal, o navio tem andado bem e como tal
tem cumprido o itinerário dentro do estipulado de modo a recuperar algum tempo
para minimizar os muitos dias perdidos na reparação a que foi sujeito antes
desta viagem.
Assim, a estadia no Funchal nem quase se vai
sentir! Quem queria comprar, bordados ou vergas, era mais avisado tê-lo feito
quando o navio ia para baixo porque, agora, os preços são mais elevados. É a
lei do mercado porque quando o passageiro vai para África, vai em busca de
dinheiro e não vai gastá-lo em compras desnecessárias. Quando vem para cima, de
férias ou de regresso definitivo, já traz dinheiro no bolso e vontade de
comprar. Mas, infelizmente, desta vez nem um cacho de bananas da Madeira,
poderão comprar.
O facto é que o “Angola”, se apresentou
defronte do Funchal às 05h 42min e ficou fundeado às 06h 36min.
Cerca das 09.00h deixaremos o fundeadouro,
rumo a casa! Já cheira a Lisboa!
Continuo a gostar da viagem. Só tenho uma reclamação. Queria uma toalha bordada e não deu tempo...
ResponderEliminarBeijinhos
Lourdes
Olá, Lourdes!
ResponderEliminarMuito me apraz saber que continua a gostar da viagem mas a sua "reclamação" deixa-me com um sentimento de culpa, pois foi um "imperdoável" esquecimento não ter avisado os meus "passageiros" de que deviam fazer as aquisições na viagem descendente. Sairia tudo mais em conta! Porém, como a ilha da Madeira não está muito longe, apesar da crise e dos "buracos", é capaz de não ser muito difícil transformar em real esta parte da viagem e então abastecer-se dessas tais toalhinhas. Não costumam ser baratas mas, com a crise que para aí vai, nunca se sabe...
Bem haja por me ter acompanhado nesta "viagem".
Abraço,
João Celorico