Dia 08 :
Funchal. O porto, visto lá de cima! |
Após uma estadia que não foi mais que uma
breve paragem, o navio levantou amarras às 09h 05min e de pronto, às 09h 17min,
prosseguiu viagem.
(Apesar de tudo, deixo aqui mais dois pedacinhos do Funchal)
Vento de través e o mar ligeiramente picado,
obrigava a uma navegação um pouco adornada a um dos bordos.
Esta noite, praticamente, não se dorme. O
tempo disponível, que já durante o dia tinha sido aproveitado a embalar as
encomendas, também à noite é aproveitado. E há sempre mais uma caixinha ou
embrulho a fazer. A alfândega não dorme e nós temos que nos precaver para
alguma peça que seja considerada contrabando, caso dumas garrafitas de whisky,
acima do limite permitido, ou outro qualquer produto com que possam implicar.
Mas, tudo se há-de resolver! O tempo urge e a necessidade aguça o engenho!
Dia 09 :
Desta vez, ao contrário do que é habitual,
em que o navio chegava manhã cedo, o navio vai chegar quase à noite. É uma
novidade, ver a entrada do Tejo, à luz do dia.
Assim, o “Angola”, apresentou-se na barra do
Tejo, às 17h 21min e embarcou piloto às 17h 36min.
(Quase 50 anos depois) Rio acima. A Ponte, agora 25 de Abril e o Cristo Rei. |
(25 anos depois) Torre de Belém. Ao fundo, o Padrão dos Descobrimentos e a Ponte. |
(25 anos depois) Forte de São João das Maias |
Na Praça do Império. O Mosteiro dos Jerónimos. |
(25 anos depois) Não é Gare Marítima de Alcântara. Estava em obras de aumento do cais. Esta é a da Rocha, mas é uma desolação. Às moscas... |
Passado o Bugio, rio acima, apreciamos a beleza das margens do Tejo e vislumbramos Lisboa lá ao fundo. Lá estão, também, o Cristo Rei e a Ponte Salazar, quase concluída, dando-nos as boas
vindas. E, chegados defronte da Gare Marítima de Alcântara, pejada de gente, o
navio manobrou e, às 20h 18min, acostou.
Seguiram-se as saudações, os abraços e
beijos dos entes queridos e uma alegria imensa pelo regresso a casa. Militares, poucos, agradecem a Deus este regresso e lembram os que nunca mais voltarão, ou farão um regresso "entre tábuas". Outros, vulgares passageiros, ansiarão por começar a gozar umas férias que tentarão serem o mais longas que lhes for possível até que retornem à "sua" África, onde fizeram ou refizeram a sua vida. Ainda outros há que estarão de regresso às origens, felizes uns e desencantados outros, os que não encontraram o seu "eldorado". E, no meio de tudo isto, há os que fazem vida disto, pois já o Marquês de Pombal dizia que havia homens para tudo, até para andar no mar!
Para os meus “passageiros” não sei se a
viagem foi tão agitada que lhes provocou enjoo, ou tão calma que os tenha
adormecido ou ainda que o enjoo tenha sido provocado pela descrição deste
cronista, armado em Vasco da Gama e que se meteu na pele dum émulo de Pêro Vaz
de Caminha.
Para eles, esta viagem
virtual termina aqui. A minha, a viagem verdadeira, não só me obriga a ficar de
serviço até amanhã às 08.00h como ainda vai ter um prolongamento, de novo, até
Leixões. No regresso, será a minha despedida desta “vida de marinheiro”.
Prometo que não vos convidarei para mais
nenhuma “viagem” tão longa. Talvez só alguma viagem à Outra Banda ou, quem
sabe, um “passeio fluvial às Caldas”!
Terminada a viagem é altura de nos despedirmos e esperar por um próximo encontro, talvez no tal "passeio fluvial às Caldas".
ResponderEliminarBeijinhos
Lourdes
Olá, Lourdes!
ResponderEliminarEstá, desde já, convidada para uma próxima "viagem" mas, esse "passeio fluvial às Caldas", só se eu de passagem for "a águas para o Cartaxo"!
Recordo, no entanto, que na década de 50 eram muito vulgares os passeios fluviais a Vila Franca e sempre lhe digo que deviam ser bastante atractivos. Por motivos profissionais fiz o levantamento do estuário do Tejo, desde o Bugio ao esteiro do Borreicho (junto à ponte de Vila Franca e achei maravilhoso todo o panorama das margens. Quem está em terra, não se apercebe disso!
Se alguma vez tiver oportunidade, aconselho!
Posto isto, bem haja pela sua companhia nesta longa viagem e até sempre!
Beijinho,
João Celorico
Olá João , infelizmente não me tem sido possível acompanhar a sua "viagem ". Trabalho "extra"tem-me ocupado todo o dia . Mas voltarei atrás e retomarei a leitura onde fiquei ,agora que já estou mais desponível.
EliminarAssim logo lhe darei conta da minha opinião
Ab.
Olá, Quina!
EliminarEsta "viagem" já chegou ao fim, mas os "passageiros" podem entrar e sair sempre que o desejarem. Aqui e ali poderão fazer estadias mais prolongadas, que o navio espera por eles e, claro, há viagens bem mais importantes do que esta...
Assim, o navio cá a espera sempre e quando quiser e puder.
Bem haja e um abraço,
João Celorico
Olá amigo João,
ResponderEliminarAinda não tive tempo de ler todas as aventuras do "Angola".
Apenas vim aqui rapidinho para lhe dizer que vá ver o seu mail, pois preciso de uma resposta...
Um abraço,
Cristina R.