Agora que terminou uma viagem virtual e como
os “passageiros” já estão feitos a estas coisas do mar, embora possam ter
sentido algum enjoo, talvez seja altura de lhes mostrar parte do meu
pequeníssimo acervo marítimo e pô-los “a ver ... navios”! Não me perderei em
longas dissertações sobre a vida de cada um dos exemplares aqui mostrados.
Deixo isso aos amantes do género ou aos mais curiosos. Também por isso, não me
vou preocupar muito com a exactidão total do que aqui deixo. Será uma descrição
com o mínimo de credibilidade, disso podem estar certos!
São 8 histórias de navios, cada uma
diferente da outra mas cujo fim seria comum. No fundo, seria a lei da vida!
Mas, a “lei do homem”, por vezes, faz das suas e a vida nem sempre é o que
deveria ser.
Há, porém, um dos navios sobre o qual me
irei alongar mais um pouco e a razão será evidente.
Não vou aqui mencionar os navios da CNN
(Companhia Nacional de Navegação) porque isso levar-me-ia a uma muito mais
longa, aprofundada e maçadora descrição, o que eu já disse não querer!
Posto isto, comecemos:
O "Vulcania", ao largo de Gibraltar |
Navio construído no Cantieri Naval
Triestino, em 1926, para a Cosulich Line, tinha alojamento para 2196
passageiros e foi um dos primeiros navios com motor Diesel.
Tal como ao seu irmão “Saturnia”,
habituei-me, na década de 50, a vê-lo com frequência na Gare Marítima da Rocha do Conde
de Óbidos.
Destinado à ligação Trieste, Nova Iorque,
Buenos Aires, era o transporte de muito emigrante, entre os quais muitos
açorianos uma vez que também fazia escala nos Açores.
Depois de passar muitas vicissitudes, em que
a maior foi a II Guerra Mundial, em 1965 mudaram-lhe o nome para “Caríbia”,
levando-o, no fim da sua vida, a fazer cruzeiros para as Américas e Índias.
Deslocamento ............ : 24.000 ton
Comprimento ..............: 192 m
Boca ........................... : 24,30 m
Velocidade normal ... : 21 nós
Curioso o facto deste navio que, em Setembro
de 1941, conseguiu escapar a um ataque de submarinos ingleses, ao sul da ilha
de Malta, perto de casa e no qual viu perecerem dois dos seus irmãos mais
novos, o “Neptunia” e o “Oceania”, mas quando, em 1974, com 46 anos de vida, o
levaram para abate, como que num acto de revolta, pensou de si para si que
“mais vale a morte que tal sorte!” e, de seguida, entregou a sua vida nas mãos
do deus Neptuno. Naufragou e ficou para sempre sepultado no fundo das águas que, afinal, foram o
motivo da sua vida!
O S.S. "Brasil" |
Navio construído em 1957, por Ingalls
Shipbuilding Corp., Pascagoula, EUA, para Moore-McCormack Lines, foi o 2º deste
nome. O anterior era o S.S. “Brazil”, com grafia inglesa.
Deslocamento ............ : 22.770 ton
Comprimento ..............: 188,30 m
Boca ........................... : 25,60 m
Velocidade cruzeiro ... : 23 nós
Em 1972, pela primeira vez, foi vendido e
mudou de nome, facto que se iria repetir por várias vezes.
Depois de fazer uma vida de cruzeiros de
férias, fim para o qual tinha sido construído, foi desmantelado em 2004.
O "Federico C" |
Nestes tempos em que tanto se falou do
“Costa Concordia”, este navio, construído em 1958, foi o primeiro navio novo a
ser construído para a Costa Line (Línea “C”).
Deslocamento ............ : 20.000 ton
Comprimento ..............: 184,70 m
Velocidade normal .... :
21 nós
Destinado à linha Génova, Rio de Janeiro,
Buenos Aires, manteve o seu nome até 1983, ano em que foi vendido pela primeira
vez. A partir daí outras mudanças de nome se deram até acabar, como “Sea
Breeze” quando, viajando sem passageiros, vítima de grande temporal e com avaria nas máquinas, se afundou junto à
costa dos Estados Unidos, em Dezembro de 2000.
(Nota: Já depois de ter elaborado este "post", deparei com esta foto no blogue http://restosdecoleccao.blogspot.pt, e não resisti a incluí-la aqui. Aproveito para aconselhar este blogue, que sigo regularmente)
Durante a construção da Ponte sobre o Tejo, muito possivelmente em 1965, larga do rio Tejo o paquete "Federico C". A dedução é minha, depois de analisar a foto! |
O "Savannah" |
Primeiro navio comercial, movido a energia
atómica. Lançado à água em 22 de Julho de 1959, visitou Lisboa em Novembro de
1964. Construído segundo um projecto conjunto da Maritime Administration, U.S.
Department of Commerce e da Atomic Energy Commission, era operado pela American
Export Isbrandtsen Lines.
Deslocamento ............ : 21.850 ton
Comprimento ..............: 595 pés
Velocidade cruzeiro ... : 21 nós
Depois de se concluir que, ao contrário do que se pensava, comercialmente a energia atómica não era tão segura e económica, o navio foi
retirado do regular serviço em 1971 e colocado no Museu Maritimo Nacional Patriot’s Point, na
Carolina do Sul. Só por isso, não teve o fim que a muitos outros esperava.
O Homem, se ainda tinha dúvidas, teve a
prova provada de que estava a entrar em caminhos não só não rentáveis, como
altamente perigosos. Quis então colocar tal navio num museu, para que todos o vissem e que servisse de exemplo do que não se deve tentar repetir. Hoje,
infelizmente (ou, felizmente?) os exemplos já são muitos mais. Será que
servirão de alguma coisa, ou o Homem não terá emenda?
Todos teremos essa responsabilidade!
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