Informação aos leitores mais sensíveis:
Este "post" contém matéria que, embora verdadeira, poderá repugnar a quem a ler! Aqui fico o aviso!
( retirado de lavioletera.com.br) |
Práticas Etnomedicinais (Medicina popular). Mezinhas e curandices
Baseados na obra de Jaime Lopes Dias, Etnografia da Beira, podemos tomar
conhecimento de algumas práticas etnomedicinais, vulgo medicina popular.
Enunciamos as doenças e as curas que, embora podendo variar de terra para
terra, mantêm dum modo geral os seus princípios. Assim, em Idanha-a-Nova, o
tresorelho cura-se com enxúrdia de galinha e para curar impingens esfregam-se
estas com um dedo molhado em saliva; em Vale do Lobo (Penamacor), a furunculose
cura-se com sopas de cobra e as feridas curam-se colocando sobre elas teias de
aranha; em Teixoso (Covilhã), cura-se a loucura colocando sobre a cabeça do
louco, em forma de capacete, um cachorro ou cão pequeno, aberto ao meio, de
modo a que o sangue escorra pelo rosto; no Ladoeiro (Idanha-a-Nova), cura-se a
icterícia, por muito crónica que seja, com um cozimento de piolhos da cabeça
humana, enquanto em Idanha-a-Nova, para o mesmo efeito usam deitar os piolhos
vivos dentro de um ovo bebendo-o em seguida; em Segura (Idanha-a-Nova) para que
os tumores ou abcessos venham à supuração aplica-se-lhes um emplastro de
excremento humano; ainda em Idanha-a-Nova, as feridas curam-se urinando-lhes em
cima e a febre desaparece bebendo urina; em Benquerença (Penamacor), no dia em que dão as maleitas, chá feito com urina de rapariga virgem, posto à geada e bebido
nesse dia, cura-as; no Ladoeiro (Idanha-a-Nova), as enxaquecas e as cefaleias
curam-se com o sarro do fundo dos penicos pouco limpos, colocando em panos,
sobre a testa do paciente.
O uso de excrementos e urina não é tão invulgar assim, sendo referenciado
já na Antiguidade. E embora sejam práticas ancestrais e caindo em desuso, no
séc. XVIII há alguém que crê que a urina do mancebo sem barba é útil aos
estigmáticos, cura a sarna, resolve os tumores e impede a gangrena. A do homem
casado, quando bebida pela mulher, facilita o parto e actua contra a mordedura
de cobra. Quanto ao uso dos excrementos sólidos, diz que o esterco é de grande
uso para tirar as dores de encanto, para madurar os antrazes pestilentos e para
curar a angina. O esterco de menino lactante, reduzido a pó, erradica a
epilepsia muitos dias. A água do esterco humano cura as unhas dos olhos, e todos
os vícios da tonisa adnata, lançando neles umas gotas, aviva as cores do rosto,
produz cabelos, cura as chagas corrosivas e as fístulas, desfaz os sinais das
cicatrizes. Interiormente tomado acode à epilepsia e hidropsia, expulsa as
pedras dos rins, a tinha, a erisipela exulcerada e os alfectos cutâneos untando
a parte, mitiga as dores da gota, mortifica o cancro e cura a icterícia.
Já bem no 2º quartel do século XX assinala-se um caso de utilização de
excrementos de vaca, para fins curativos. Tal prática teve lugar em Oledo
(Idanha-a-Nova) e o relato é o que segue. Uma menina de dois anos de idade
estava sentada de costas para a lareira, fez balanço com o banco e caiu de
costas no lume. Levantou-se a chorar mas já com as nádegas assadas e com as brasas
agarradas ao rabinho. Era domingo, não havia médico e a farmácia não era perto,
perante o choro da criança e desespero da mãe, uma velhota alvitrou que se lhe
pusesse bosta de vaca em cima da queimadura e quanto mais depressa melhor. A
mãe, desesperada, não pensou duas vezes. Foi buscar a bosta que envolveu numa
fralda quente e colocou no rabinho. A criança chorou mas depois sossegou e
adormeceu. Regressou o marido, da farmácia, com uma pomada mas já não foi
utilizada. No dia seguinte, foi ao médico, explicou o tratamento que tinha
feito e o médico disse-lhe para continuar a fazer o mesmo, cuidando sempre de
alguma higiene. Passado pouco tempo estava boa e sem cicatrizes.
Em Salvaterra do Extremo práticas normais, eram em pleno séc. XX e talvez
ainda sejam, algumas que a seguir se enunciam.
Para curar feridas (estancar o sangue), usava-se raspa do chapéu de homem,
cinza de cigarro ou do borralho e açúcar, além das teias de aranha.
Para a dor de barriga e prisão de ventre, azeite onde se fritaram alhos,
ainda com alguma quentura e espalhado, na barriga, com a mão.
Para a prisão de ventre, um talo de couve untado com azeite, utilizado qual
supositório.
Para baixar a febre, um pano com vinagre, na testa e nos pulsos.
O uso de plantas na alimentação, como condimento, e no tratamento de
doenças, também em Salvaterra era comum e nos seus campos elas abundam.
Hortelã brava, ou mentrasto (
Mentha maveolus Ehrh.)
Pertence à família das labíadas. Usa-se em culinária e em medicamentos caseiros.
Devido ao mentol que possui, é um bom desinfectante das vias respiratórias. A
cultura faz-se de Abril a Outubro.
Poejo (Menthapulegium
L.)
Pertence à família das labíadas. Usa-se em culinária e em medicamentos
caseiros. É um condimento (o gaspacho não o dispensa), um tónico digestivo e
emenagogo e emprega-se em saboaria. A cultura faz-se de Maio a Agosto.
(retirado de .http://auren.blogs.sapo.pt) |
Urtigão, ou urtiga-maior (Urtiga
dioica L)
Pertence à família das urticáceas. Planta muito acreditada como revulsivo e
anti-reumatismal de uso externo. Colhem-se as folhas no Verão.
(retirado de www.plantasquecuram.com.br) |
Amor perfeito bravo (Viola
arvensis Murray)
Pertence à família das violáceas. É empregado com peitoral, expectorante,
emoliente, béquico e diaforético. Serve para doenças da pele, prisão de ventre
e reumatismo. Desenvolve-se de Março a Junho.
(retirado de www.obotanicoaprendiznaterradosespantos.blogspot.pt) |
Coentrinho (Geranium
dissectum L.)
Pertence à família das geraniáceas. Como infusão forte, serve para
gargarejos e como infusão fraca, tem utilização no caso de cistite, catarro
pulmonar crónico e enterite crónica. Desenvolve-se de Março a Julho.
Orégão (Origanum
vulgare L.)
Pertence à família das labíadas. Usa-se como condimento e como terapêutico
(excitante carminativo e vulvenário). Colhe-se em Junho e Julho quando a planta
se encontra florida. Das folhas secas, pode fazer-se chá. Utilizado para
aplicações de uso externo, contra o reumatismo e de uso interno, no tratamento
da tosse, da asma, digestões difíceis e anemias.
(Nota: As gravuras, onde não indicado, foram retiradas da wikipédia.)
Bibliografia:
Maria João Guardado Moreira, in Medicina na Beira Interior da Pré-História até ao Séc. XX, Cadernos de Cultura, vol. 7, Nov.1993
(Nota: As gravuras, onde não indicado, foram retiradas da wikipédia.)
Bibliografia:
Maria João Guardado Moreira, in Medicina na Beira Interior da Pré-História até ao Séc. XX, Cadernos de Cultura, vol. 7, Nov.1993
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