Este blogue foi criado após insistência de muitas pessoas, amigas (assim as considero). Porém não vou utilizá-lo só para a promoção da minha terra, Salvaterra do Extremo, vila de 780 anos, situada (para que conste) no concelho de Idanha-a-Nova, distrito de Castelo Branco, na província da Beira Baixa. Vou igualmente tentar diversificar os assuntos e trazer aqui alguns que são do meu interesse e espero que sejam do interesse de mais alguém. Mais um leitor que seja, já valeu a pena!
sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010
UMA HISTÓRIA DE CARNAVAL / Carnaval, quase na grelha ...
( As minhas "infantas" Carnavalando!!! Há muito, muito tempo...)
Num belo dia, a seguir ao almoço, em vésperas de Carnaval, na Escola Industrial Machado de Castro, deu-se a “estranha” coincidência de 4 turmas não terem as respectivas aulas, por falta dos professores. Este, é um problema já antigo! Esta escola, a esse tempo, vivia em regime de “união de facto” com a Manuel da Maia (ciclo preparatório). Acontece que 3 anos antes o regime era uma espécie de “ménage à trois”, pois também incluía a Josefa de Óbidos (sexo feminino). O regime não era completo porque só tinha o usufruto de algumas salas, quer dum lado quer do outro. Misturas, não havia e por isso ainda hoje se notam os traumas. Os rapazes não sabiam o que eram raparigas e vice-versa. Só com o advento da democracia é que passaram a saber. Por isso, agora querem casar uns com os outros e umas com as outras. É um salto civilizacional. Naquele tempo havia grandes “engenharias” para estabelecer os necessários contactos. Ainda não havia telemóveis e altas tecnologias. Eu tinha 12 aninhos e ali estava, também sem aulas. Foi então que alguns “engenheiros” propuseram uma ida até à Josefa de Óbidos, empresa que seria decerto bem sucedida uma vez que a separação, 2 anos antes, tinha sido sem corte de relações. Pelo contrário, agora eram mais fortes, devido à distância que nos separava. Proposta aceite, aí vão cerca de 90 “galfarros”, em fila indiana, batendo nas pastas (ainda não havia mochilas), pela rua fora. Atravessávamos as ruas, serpenteando, o que era uma “delícia” para os automobilistas pois não podiam andar e assim fomos percorrendo os, talvez, cerca de 2 quilómetros que nos separavam das “miúdas” da Josefa.
Lá chegados e perante o alvoroço completo das “miúdas” e o desespero das “contínuas” (hoje, técnicas especiais altamente qualificadas), encostados à parede fronteira, ali fomos despejando os nossos gritos de guerra, cantando não as Janeiras mas, talvez, as “Carnavaleiras”. Estávamos a obter grande sucesso, eis senão quando, à esquadra de Polícia, uns 50 metros abaixo, chegou a notícia de que andariam uns terríveis energúmenos à solta. Foi o fim! A Polícia pediu reforços, pessoal que estava a dormir, fez o cerco pela rua de cima e a de baixo. Ainda havia uma rua de saída, mas não muito e um beco cujo melhor esconderijo era um galinheiro, coisa que eu logo rejeitei.
O filho da minha mãe podia ir preso, mas ia limpo!
Vi alguns, que não tinham material escolar com eles, escaparem como simples passantes, pela tal rua e fui-me resignando com a minha entrega às autoridades.
Resultado da operação: cerca de 30 “perigosos” delinquentes, davam entrada na esquadra da Fonte Santa. Também, já lá não cabiam mais!
Na esquadra, o Chefe estaria a pensar, lá para com ele, como é que se ia ver livre daquela miudagem. Fez uma prelecção, que tínhamos desafiado a autoridade e porque torna e porque deixa e concluiu com palavras sábias: - Os menores de 16 anos vão para a Tutoria (casa de correcção) e os outros, claro, “vão dentro”!
Foi a vez do único que tinha mais de 16 anos falar, em nome da rapaziada, invocando tudo quanto a sua imaginação e verve permitiam em favor do “maralhal”. Devido a isso, ou a qualquer outra coisa, o Chefe anuiu a que cada um pagasse uma multa, uns “míseros” 25 tostôes, e sairíamos em paz. Pois é, mas os tempos já eram de crise e o João não tinha dinheiro nem para mandar cantar o ceguinho. Havia que descobrir uma saída para a crise! Havia várias hipóteses, sendo uma delas a de que conhecia um polícia dessa mesma esquadra mas, esse polícia era da minha terra e amigo da minha família. Se o metesse no caso, safava-me da multa mas apanhava uma tareia das antigas. Esta, não dava!
Deixei-me ficar para o fim e comecei a contar uma história triste e desgraçada, em que eu tinha sido “apanhado na rede” apenas por mero acaso. Eu, até que ia visitar uma tia que morava logo ali em baixo (isto, era verdade) e ia mais um colega meu, e tratei logo de arranjar um, que não se fez rogado. Com algumas lágrimas à mistura, a história pegou e o chefe pediu a um polícia para nos acompanhar de volta à escola, não nos fosse acontecer algum percalço no caminho. Multa perdoada e guarda pessoal, o que é que eu queria mais. Passámos no local de cobrança com algumas reticências do cobrador mas, agora de costas quentes, pusemo-nos ao fresco.
Uma vez cá fora, o problema foi livrarmo-nos do acompanhante. A certo custo lá o convencemos de que já não havia problema, éramos uns homenzinhos e podíamos ir sozinhos!
E, aqui está o que foi um “inesquecível” prelúdio do Carnaval!
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ihihih...ai o amigo João a fazer das suas.
ResponderEliminarGosto muito de ver as suas meninas carnavalando,têm sempre uns vestidos exemplares, muito bem feitos,ficavam lindas :)
Jocas gordas
Lena