sábado, 8 de maio de 2010

8 de Maio de...1901...1914...1923. Gafanhotos, tufão e protestos em Salvaterra!


No dia 8 de Maio de 1901, na Sessão nº 75 da Câmara dos Deputados, o Conde de Penha Garcia, deputado da nação, a propósito duma invasão de gafanhotos, teve uma intervenção de certo modo caricata de que a seguir transcrevo parte:

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O Sr. Conde de Penha Garcia: - Sr. Presidente: começarei por pedir desculpa, a V.Exª e á Camara, de roubar um ou dois minutos aos trabalhos parlamentares, para voltar a referir-me a um assumpto, para o qual, já por duas vezes, tive a honra de chamar a attenção da Camara.
Mas, Sr. Presidente, V.Exª sabe muito bem, que isso é perfeitamente desculpavel, quando eu vejo deante de mim, para o futuro, a ruina de uma grande parte da minha provincia, invadida pela praga dos gafanhotos, e, provavelmente, a miseria e a fome para uma grande parte da população das regiões actualmente atacadas.
Devo confessar, Sr. Presidente, porque eu gosto sempre de fazer justiça a todos, que o Governo tem providenciado a este respeito, como lhe cumpria, e que o Sr. Ministro das Obras Publicas tem realmente prestado relevantes serviços á minha provincia, empregando todos os meios, que ao seu alcance tinha, para combater efficazmente a praga que actualmente a invade.
Sei que S.Exª. está disposto a auxiliar os agricultores da provincia para que possam continuar a luta, com efficacia, contra o flagello.
E, se hoje pedi a palavra, foi para chamar a attenção do Governo para um facto, que é gravissimo, de uma gravidade excepcional, e que me foi relatado pelo delegado da comarca de Idanha a Nova, certo de que o Governo não deixará, nesta conjuntura, de empregar todos os esforços para auxiliar os lavradores da região, e evitar que o perigo tome proporções maiores das que já actualmente apresenta.
O facto é o seguinte:
Sr. Presidente: até aqui lutava-se na provincia contra a invasão dos gafanhotos nascidos na propria região, producto da postura dos gafanhotos no outono.
Essa luta tinha já dado algum resultado e tinha conseguido, senão debellar a praga, pelo menos reduzi-la e attenuá-la bastante.
Agora, porem, acontece, Sr. Presidente, que dos lados da Hespanha vem uma nova invasão, apresentando a praga uma importancia maior do que a que já tinha.
Sou informado de que na zona da fronteira começam os gafanhotos a atravessar para o nosso país e de que já na região de Salvaterra do Extremo teem sido devastadas algumas cearas.
O que eu desejava era, que o Governo levasse os seus esforços até ao ponto de solicitar do Governo Hespanhol para que, da parte da Hespanha, se collaborasse comnosco na extincção da praga dos gafanhotos que, evidentemente, prejudica toda a região da zona mais importante da provincia de Caceres.
Eu estou certo de que o Governo Hespanhol, a instancias do nosso Governo, não deixará de intervir em uma obra tão importante para a provincia hespanhola e para a nossa provincia.
Peço, pois, ao Sr. Presidente do Conselho que recommende ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, que não deixe de attender a este assumpto, e estou certo de que elle alguma cousa há de conseguir, para que o Governo Hespanhol collabore comnosco no sentido de que a praga seja atacada quanto possível, e ao Governo, em geral, peço que redobre de esforços para que os gafanhotos que veem de Hespanha não venham juntar-se áquelles que já temos na provincia.
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Naqueles tempos, de Espanha:"Nem bons ventos, nem bom gafanhoto"! Gafanhotos, sim, mas só com "passaporte"!

No dia 8 de Maio de 1914, já em plena República, foi Salvaterra assolada por um tufão e uma tempestade que devastou completamente, não só as searas e vinhedos mas, inclusivamente, muitas casas de habitação.
Esta tragédia iria ser falada no Senado da República.




No dia 8 de Maio de 1923, fazendo eco das vozes de muitos católicos que se sentiam incomodados com tudo o que se passava no relacionamento da República com a Igreja, chegavam à Câmara dos Deputados muitos “telegramas aprovando as reclamações dos católicos”, entre os quais os de Salvaterra do Extremo.

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