quarta-feira, 4 de abril de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 15 ) ... Cape Town - (Durban) - Lourenço Marques

Dia 4 :
A orla costeira, tipo dunar e diferente da anterior, já se foi divisando durante o dia e cerca das 20.00h o navio chegou à Inhaca, onde meteu piloto e seguiu directo à baía do Espirito Santo.

Era já bem de noite, às 23h10min, quando acostou ao Cais Gorjão.

Esta hora de chegada não é normal, apenas se justifica porque o navio está a fazer uma viagem que se segue aos quase 2 meses e meio de inactividade devido a uma grande reparação. Portanto havia que recuperar alguns dias de viagem para acertar o calendário original. Assim, a carga e descarga nos vários portos era mais rápida e evitou-se a escala em Durban.
Lourenço Marques. Vista geral da cidade.
Agora, aqui estamos em Lourenço Marques (já noutros tempos, por intromissão dos nossos “amigos” ingleses, chamada “Delagoa Bay”), onde só permaneceremos durante 2 dias. A saída, para a Beira, será já na madrugada do dia 7.

Navio de passageiros "Infante D. Henrique"
Entretanto, enquanto o “Angola” chega, sairam o “Infante D. Henrique”, navio de passageiros da CCN e o “Sofala”, cargueiro da CNN, antigo navio alemão, presa de guerra e que dada a sua grande capacidade de carga, era vulgarmente conhecido por “rapa cais”.





Navio cargueiro a vapor, "Sofala"

Como o tempo de estadia vai ser escasso, eu aproveitarei o facto de ter aqui familiares, que me vão ocupar o tempo disponível, o que para mal deles também não deixa de ser para meu mal, pois o descanso ainda vai ser menos e o meu físico vai sofrer com isso. Vão ser uns quilos a menos, de certeza!

Portanto, como não vos poderei acompanhar, irei dar-vos indicações para visitas e pontos que poderão ter algum interesse.

Lourenço Marques. Vista geral. Ao fundo, o porto.

A Estação Central de Caminho de Ferro, na Praça Mac Mahon, o Mercado Vasco da Gama, o café “Scala”, o cinema “Gil Vicente”, o café “Nicola”, os Correios, a Fortaleza, a doca da Marinha, a praia da Polana e, logo de seguida, as areias da Costa do Sol, de águas bem claras. O Hotel Polana, dominando, lá do alto. A igreja de Santo António, da Polana, novíssima e de arquitectura bem arrojada, projecto de Nuno Craveiro Lopes, filho do antigo Presidente da República, o General Craveiro Lopes . A igreja de Nossa Senhora de Fátima.

Lourenço Marques.
A cidade, vista da Igreja de Nossa Senhora de Fátima

Lourenço Marques. Igreja de Santo António, da Polana



Poderão ir ao Alto Maé, a Malhangalene, a Xinambanine, a Xipamanine, ou à Matola. De carro, ou comboio, poderão ir a Vila Luísa e a Marracuene, para ver os hipopótamos e adivinhar o rio serpenteando, do qual as águas não se vêem, mas adivinha-se, devido ao deslocamento do manto verde que as cobre.

Se quiserem atravessar a baía do Espírito Santo, poderão ir à Catembe.

Se todo este movimento lhes abrir o apetite, poderão ir comer umas “sandes” de carne, na Fábrica da Cerveja. Ou uns camarões grelhados! Verão que não se arrependerão!

No desporto, vão ouvir falar dos duelos, no hóquei patinado, “Ferroviários”-“Malhangalene” ou, mais propriamente dos irmãos “Carrelo” - “Adrião”, embora o Carrelo mais velho (Acúrcio) já esteja na metrópole. Eram duelos que estravasavam para fora do rinque e até faziam sangue! Vão ouvir falar dum tal Domingos Capindiça (*), atleta corredor de fundo e trabalhador dos Caminhos de Ferro. Bom atleta, pois o seu treino diário é ir e vir a correr, da Matola, onde vive num casinhoto, até à cidade. Também se fala num ciclista, o José Vargues. E, como não pode deixar de ser, fala-se dum novo “Eusébio”. É um miúdo, avançado do Sporting da Beira, o melhor marcador do campeonato de juniores, de seu nome Manaca!

Na rádio, vão ouvir cantar a Maria Adalgisa, com locução da Maria José Baião e a rádio novela, em landim ou ronga, dialectos moçambicanos.

E, como o tempo é curto para tanta coisa, não se esqueçam das compras. Há muito por onde escolher mas, se aceitam a sugestão, passem pelo “Man Kai” e escolham. Louça chinesa (aquelas chávenas com a chinesinha lá no fundo), arcas em cânfora e madrepérola e o mais que lá verão. Boas visitas e boas compras! Eu além de visitar os familiares, terei de fazer compras e estou convocado para um “joguinho” de futebol no campo do “Ferroviários”. Tenho que estar em forma mas, com tantos afazeres, nem eu sei como!

(*) Um lapso de memória fez-me aqui referir o nome de Domingos Capindiça, angolano que foi atleta do Sporting Clube de Portugal, em vez de António Repinga, este sim moçambicano e, ao que julgo saber, atleta do Clube Ferroviário de Lourenço Marques. Fico aqui a correcção!

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