Dia 12 :
De novo, a saída foi prevista para cerca da meia noite. Aproveitava-se para o trabalho de porto durante o dia e a navegação durante a noite.
Como, à parte a Fábrica de Cimentos de Nacala, não há muito para falar sobre o património edificado, aproveito para falar sobre dois factos aqui passados:
O Dr. Hastings Banda e o seu bastão(?) (retirado de wikipedia) |
Doutra vez, aproveitámos para ir até à praia. Havia uma praia para cada lado do cais. A praia velha, onde ficava o clube e algumas instalações e doutro lado a praia nova, desértica, só água, pequenas rochas arenosas e areia. Estava apetecível! Encontrámos um pretito que por ali andava a molhar os pés e a brincar sozinho e perguntámos se ali havia tubarão. Que não e que nunca tinha visto, respondeu ele. Pois bem, a água estava muito clarinha, muito quentinha, mas mesmo assim não nos aventurámos a ir para fora de pé. O seguro morreu de velho! Coisa linda, vimos nós nas areias, junto das rochas. Uns lagartos, cerca de 25 cm, dorso prateado e barriga dum azul eléctrico. Uma maravilha! Um dos que ia connosco, ao ver os lagartos, eram mais de 10, resolveu, ele lá saberia porquê, que iria acertar num que estava agarrado a uma rocha. Pontaria ou sorte, acertou nele de tal maneira que lhe separou a cabeça. Curioso foi ver os outros lagartos, de imediato resolveram limpar o que agora já não servia para mais nada e comeram o desgraçado, acabado de morrer! Regressámos a bordo e muito “satisfeitos” ficámos com informação do pretito. Ele nunca tinha visto tubarão (olha a nossa sorte!) e então não era que, em volta do navio, andavam cinco que, tudo indicava, seriam pai, mãe e três filhos. A fome era tal que até comiam cascas de laranja!
Ainda em Nacala, doutra vez, mas na praia velha, estávamos em grande grupo, dentro de água, já ao lusco-fusco, quando de repente se sentiu perto de nós um marulhar das águas. Avisados que andávamos, desatámos a nadar para terra e a olhar para a água. Mal se via já mas ainda deu para perceber que afinal era apenas um cardume de peixes voadores que resolveu assustar o pessoal!
Posto isto, resta-nos sair desta terra, e deixar o verde das colinas fronteiras ao cais, rumo ao fim da linha, Porto Amélia. O elástico está quase no limite e, depois, é só encolher!
Eram, exactamente, 00h 46min quando deixámos Nacala!
E, após pouco mais de 7 horas de navegação, durante as quais fomos interpelados por sinais “morse” luminosos, inquirindo quem éramos e para onde íamos, ao que o nosso telegrafista respondeu inquirindo por sua vez, e durante várias vezes, quem é que perguntava, sem obter resposta. Naquele momento deduzimos ser uma fragata da marinha de guerra portuguesa, em missão de patrulha, não querendo ser reconhecida.
Porto Amélia. Entrada da baía de Pemba com o cais, lá ao fundo. |
Um cargueiro que estava atracado, teve que suspender o trabalho e fundear ao largo para que o "Angola", porque era navio misto, de carga e passageiros, pudesse atracar o que aconteceu às 08h 06min.
A carga principal será algodão e sisal, originários da província de Cabo Delgado, e a saída está prevista para cerca das 19.00h.
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