domingo, 1 de abril de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 13 ) ... Moçamedes - Cape Town

Dia 29 :
Neste porto, Moçamedes, praticamente só houve descarga, pelo que a saída do navio se fez às 10.25h.
O tempo refrescou, a água do mar, de ontem para hoje, baixou de 29º para 18º e a ordem foi vestir a farda azul. Começou também algum balanço.
O Cabo já estava próximo!
 
 
Dias 30 e 31 :
O balanço foi-se fazendo sentir e foi pondo à prova os estômagos de alguns passageiros menos dados a náuticas aventuras.
Pela parte que me toca, ou já me tinha habituado a estas lides ou o balanço já tinha abrandado.
Numa das minhas viagens anteriores, aconteceu um facto um pouco insólito.
Foi aqui, mais ou menos nesta zona, entre a costa de África e a América do Sul que o “Angola” recebeu um pedido de “SOS”.
Dava-se o caso de que num cargueiro suiço, talvez “apanhado” pelo clima ou pelas agruras da vida, alguém tentou o suicídio. Assim, pediam o auxílio dum médico dalgum navio que navegasse por perto. O “Angola”, recebeu e deu as coordenadas e prontificou-se a desviar a rota e ir ao encontro do cargueiro. Porém, o médico do “Angola”, do qual eu esperava nunca necessitar, era um senhor já entrado na idade que, vaidoso, se recusava a usar óculos. Daí a alcunha de “Pitosga”! O senhor, quando se passeava pelo navio, cumprimentava tudo quanto lhe parecesse pessoa. Dá para ver o que acontecia, cadeiras e paus de carga eram cumprimentados com frequência. À medida que se ia sabendo da aproximação dos navios, ia crescendo a ansiedade do doutor. Ia olhando para o mar, um pouco alterado, e não se via a embarcar numa "casca de noz" (a pequena lancha) feito Vasco da Gama, enfrentar as ondas e subir ao outro navio para acudir a um indivíduo que, vejam lá, até se queria matar. Assim, que o mar estava difícil, que era perigoso fazer a aproximação, que lhe dessem algum comprimido ou, até seria melhor, que viesse ele (então, não era ele o interessado?) ao “Angola”! Isso é que seria o melhor! A ansiedade e o nervosismo iam aumentando, até que, por fim, o “Angola” recebe novo contacto do navio suiço. O tripulante tinha morrido!
Uff, que alívio! E o senhor doutor, encaminhou-se rapidamente ao bar, pediu um whisky e deu a boa nova a todos os presentes. Ele, já morreu!
Que sorte, digo eu, para o infeliz tripulante que não chegou a saber o que lhe estava reservado!

Dia 01 de Abril : A viagem é virtual mas ...não é mentira!
Às 00.00h, os relógios de bordo foram adiantados 60 minutos.
E como estamos a descer, em direcção ao Pólo Sul, já a temperatura da água do mar desceu aos 17ºC.
Começamos a aproximarmo-nos da costa, já “cheira” a terra e avistamos, imponente, a “Mesa”, ladeada pela “Cabeça do Leão” e o “Pico do Diabo”. A seus pés e sob a sua protecção, lá está Cape Town (Cidade do Cabo).
Cape Town. O porto, a cidade e a montanha!

Cerca das17.00h entramos no porto e às 17.34h, estamos acostados.
Se sairem a terra, poderão olhar a imponência do maciço montanhoso em volta da cidade e passando pela avenida, logo defronte, a Heerengracht, entram na Adderley Street e lá estará o “OK Bazaars”, grandes armazéns onde poderão passar os olhos pelas novidades, comprar alguma coisa, mas não muito porque os Rands desaparecem num instante e o escudo é curto!
Saco do OK Bazaars
("The OK Bazaars where South Africa shops")
escrito em "africander"
Poderão ver os sinais da passagem dos portugueses por esta cidade. Os nomes portugueses (madeirenses, decerto) nas lojas (“stores”), nas ruas, não “streets”, Bartolomeu Dias e Vasco da Gama e na amabilidade com que serão recebidos nas lojas onde entrarem. Nestas lojas, normalmente, compramos os artigos e eles encarregam-se de ir levá-los a bordo. Poderão entrar num café e se repararem em vós, alguém porá, como música de fundo, à falta de melhor, uma música brasileira. Porém, há quem necessite de algum cuidado quando quiser frequentar, um cinema, um bar ou sentar-se num jardim. O português comum é moreno e pode acontecer que a esposa possa entrar e o marido tenha que ficar à porta, ou o contrário. No jardim, o relvado tem a indicação “Not indians or dogs” e os bancos poderão ter pintado “Europeans only”. O “apartheid” tem destas coisas!
A frequência de “boites” também pode trazer problemas porque grande parte das “meninas” lá presentes e muito atenciosas, embora pareçam, não o são!

A saída está prevista para as 23.00h. Vamos para Lourenço Marques mas, como mais uma oferta, farei um desvio até Durban.
Vai valer a pena!

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