quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

FELIZ ANO NOVO DE 2010!!!!!!!

Para todos quantos por aqui passarem, o meu Bem-haja e votos de FELIZ ANO NOVO!

(Problemas técnicos impedem-me, neste momento, de incluir alguma imagem alusiva ao evento. Pelo facto, as minhas desculpas!)

quarta-feira, 23 de dezembro de 2009

E o Pai Natal, será que existe?...


Nunca cheguei a ter contacto com o Pai Natal! Foi-me dado a conhecer o Menino Jesus! Até aqui, tudo bem. Só que quiseram vender-me a história das prendas dadas por ele e aí é que o caso se complicou. Eu tinha 4 anos, nunca tinha ouvido falar em tal coisa. Tinham-me levado a ver as barracas no largo do Camões, junto á estátua do dito e, ali, pude regalar os olhos com brinquedos (uma miséria nos dias de hoje) que me fizeram sonhar. Ai, aqueles cavalinhos de cartão (tudo material ecológico) com um estrado e 4 rodinhas, que maravilha! Aquilo é que seria cavalgar, em toda a sela ou mesmo sem sela! No fim desta incursão ao mundo do Natal, lá veio a pergunta: - "O que é que tu queres que o Menino Jesus te dê?". Os meus olhos ainda se arregalaram mais. Então, era só pedir? Ele é isso? Ora, venha de lá um cavalinho!, disse eu. Pois que sim, que talvez, se calhar, foi a resposta. Mas, a mim, ninguém me levava assim dessa maneira. Chegada a noite de Natal, fui deitar-me, fiz-me dormido e pus o meu serviço de escutas (ilegais, pois então) a funcionar. E o que é que eu consegui escutar? Ora, o "Menino Jesus" (o meu tio) a dizer à minha avó que o cavalinho (devia ser lusitano) era muito caro e tal e coisa e mais alguma conversa que por ser confidencial e não interessar para nada, resolvi destruir. Deitei-me, agora a sério, e dormi descansado, embora pensando em como é que o "Menino Jesus" se ia desenvencilhar daquela. Era só esperar até amanhecer.
Uma vez acordado, lá me levantei. E que vejo eu no meu sapatinho? Um pequeno e frágil martelinho! Talvez pensasse que eu ia ser carpinteiro, sei lá!
Ao ser indagado se tinha gostado da prenda, é que foi o bom e o bonito. Envergonhei-os a todos. Apresentei o meu relatório de escutas, em cima da mesa e de nada valeu dizerem que elas não eram válidas. Menino Jesus, sim! A dar prendas, nunca! E foi logo aí que, para mim, o Pai Natal, que ainda não tinha nascido, morreu!

Hoje, dou comigo a pensar se não teria sido melhor eu continuar a acreditar no Pai Natal. É que nos dias de hoje, quando ouço os discursos do nosso "inginheiro", faziam-me um jeitão. E não custa nada acreditar, pois não?

" O Milagre do Presépio" ou, outra história de Natal...


Sabido que, desde tenra idade, não era crente no Pai Natal, nem sequer nas prendas do Menino Jesus, sempre tive uma especial atracção pelo Presépio.
Nos meus 10 anos, resolvi que havia de fazer um presépio, nem que fosse daqueles de cartolina, porque os outros, com figurinhas de barro ou de chumbo, já ficavam muito caros e mereciam um outro enquadramento. Era só recortar as figuras, fazer uma pequena dobra e colá-las numa base,também em cartolina e onde se encontrava, devidamente marcado, o local que cada figura devia ocupar. Ora, assim aconteceu! Fiz o "choradinho" à minha mãe e lá consegui o dinheiro para comprar a folha de cartolina, com as figuras coloridas e muito bem marcadas. Era só recortar (com jeitinho, não fosse alguma figura ficar mutilada), dobrar e já estava. Pois, mas isso levava tempo e quando acabei de recortar já era noite. Habituado a deitar-me cedo, por força do frio que ia fazendo e porque, naqueles tempos, não havia televisão, ansioso, deixei o resto do trabalho para o dia seguinte. Ia mesmo ficar bonito o meu presépio!
Estava escrito que a noite, e ainda não era a de Natal, ia ser mágica!
Na manhã seguinte, mal acordei, vou direito à estante rudimentar que o meu pai tinha em tempos construído, prego aqui, prego acolá e que vejo eu! O Presépio, todo montadinho, cabana metida dentro duma caixa ( 20x13 cm ) que parecia ter sido feita mesmo para o acolher. Fiquei meio aparvalhado (a outra metade, que é o que me dá alguma aparência de credibilidade, manteve-se lúcida)! Como teria sido aquilo? Eu já tinha 10 anos e já não acreditava no Menino Jesus. Naquele momento já começava a duvidar das minhas certezas.
Mas, como aquilo não podia ficar assim, comecei a investigar e, ao fim dalgum tempo e muita perseverança, lá consegui descobrir o segredo.
Os artífices do "milagre" tinham sido o meu irmão, que estudava à noite e que ao chegar a casa, juntamente com o meu padrinho, resolveu terminar a construção por mim iniciada.
Apanharam-me a dormir e vai disto! Também só assim, às claras ninguém me levava!
Claro que, esse Presépio, ainda hoje o tenho, tem sido preservado e está bem à vista durante todo o ano e não só no Natal!!!

quarta-feira, 9 de dezembro de 2009

E hoje, dia 24 de Novembro, faz anos que o "Angola" bateu no fundo... (conclusão)

Hoje,que é dia 9 de Dezembro, volto à narrativa, para a sua conclusão!
Chegados a Durban fomos atracar no cais, “Nr. 2 Maydon Wharf”, junto à entrada da doca seca e aí estivemos a aguardar a entrada em doca o que só aconteceu no dia 9 de Dezembro.
Mas, estava escrito que a viagem ia continuar a ser atribulada e assim, logo que começámos a manobrar, eu estava de quarto, o rebocador, que estava a Ré, certamente deixou-se ir muito para baixo do navio, levou com uma pá do hélice quando arrancámos com a máquina de Bombordo e “navio ao fundo”. Levou um golpe mesmo a meio.

O rebocador afundado


Conclusão, 2 ou 3 pretos mortos! Um preto que, com a pancada, foi lançado à água foi salvo, posto em terra e depois mais ninguém lhe pôs a vista em cima. Safa! Outro apareceu no dia seguinte, a boiar, junto à doca. Também não se notou grande consternação da parte das autoridades. Para eles o pessoal de cor pouco contava, ou nada. Houve até uma bóia que foi lançada por um dos nossos marinheiros.
Fomos assunto de jornal e de visitas à doca e tudo. Pois bem, uma vez em doca seca, pudemos ver os estragos e dar graças a Deus por não ter sido pior.

O estado em que ficou o hélice de BB

O fundo, na zona de Ré, estava todo metido dentro e o robalete estava dobrado de Ré para Vante até meio navio. Houve que verificar todos os rebites e aplicar os tais reforços longitudinais. A empresa à qual se adjudicou o trabalho, James Brown & Hamer, concluiu a reparação no dia 17/12. No dia seguinte saímos da doca e rumámos a Lourenço Marques para que pudéssemos então iniciar a viagem de regresso, o que aconteceu no dia 21/12. Fizemos escala em Cape Town e passámos o Natal a navegar rumo ao Lobito. Já não fizemos escala em Moçamedes. A passagem do ano foi feita entre Luanda e S. Tomé, onde também não fizemos escala. Aliás, a viagem foi directa de Luanda a Lisboa onde chegámos, finalmente, no dia 9 de Janeiro. Era um domingo e estava escrito que a minha desdita não tinha acabado. Fiquei de serviço ao navio e só no dia seguinte fui para casa. Para quem pensava passar Natal e Ano Novo em casa, não estava nada mal!

Ficámos então em Lisboa para a reparação do navio, o que aconteceu no Estaleiro da Rocha, bem meu conhecido. Conhecia grande parte do pessoal. Estava em casa. Trabalhava 24 horas e descansava 48. Foram 2 meses de interregno na rotina das viagens e permitiu que passasse, em casa, os anos da minha avó Leonor, do meu pai e os meus. Nem tudo foram desgraças! Em princípios de Março lá começámos a preparar o navio para retomar a vida normal, o que também era conveniente, caso contrário eu não faria o tempo de navegação (derrotas) necessário, a que era obrigado por lei, dentro do tempo previsto. Além disso eu queria despachar-me quanto mais depressa melhor. Já haviam quase 2 anos que eu não tinha férias e o 3º quarto, que eu vinha fazendo já há algumas viagens, dava cabo de mim. Era um quarto que me punha de rastos quando chegava ao fim de cada viagem. Nunca me habituei a ele! Apesar de tudo, o 2º quarto era o melhor. Dava para tudo, conforme se quisesse, para descansar ou para passear. O que era necessário era programar o tempo disponível. O 1º quarto era muito normal mas não me agradava sobremaneira. Também é bom dizer que ele não estava muito ao meu alcance, como 3º maquinista, uma vez que era destinado ao 1º maquinista e ao 3º maquinista mais antigo. Assim, lá ia eu cumprir a minha sina, mais uma vez no 3º quarto. A vida continuava!

sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

APESAR DE TUDO, AINDA HÁ NATAL!!!



Não tenho uma especial apetência pela comemoração do Natal tal qual ele hoje é entendido. Todos falam de solidariedade, de bondade, amizade e outras palavras sonantes terminadas em ade, ou não. Mas, parece-me, a verdade é que falta vontade, nesta sociedade, em ver a realidade com honestidade e praticar a caridade, não a caridadezinha!
Na idade de todos os sonhos, o meu Natal era a época em que nos reuníamos, em Lisboa, a minha avó materna, os meus tios, o meu irmão e os meus pais. Havia Menino Jesus, a missa do Galo e não faltavam as filhós. Digo em Lisboa porque da minha terra, donde saí com pouco mais de 3 anos, nada recordo. Tudo aquilo que sei é de ouvir contar.
As filhós eram o motivo de toda a azáfama. Da minha mãe e da minha avó, claro! Nós, só as comíamos. Era vê-las, à noite (não havia tempo durante o dia) a amassar, a pôr a fintar e depois a tender, não sem que lhe tivessem adicionado o azeite q.b. e um calicezinho de aguardente. Espero que estes passos estejam correctos, pelo que deixo o favor da correcção aos entendidos, antecipando as minhas desculpas.
O próximo passo era estender a massa sobre a mesa (suponho que uma tábua, devidamente untada), passavam-lhe o rolo de madeira e depois de bem fininha, com a recartilha, cortavam pedaços rectangulares, nos quais davam ainda dois pequenos cortes no sentido longitudinal. A sertã, com o azeite, estava ao lume e começava a fritura. Era ver, então, aqueles rectângulos de massa a inchar e a ficarem como que umas almofadinhas. Depois de fritas e retiradas eram colocadas numa travessa e, por cima, deitava-se-lhes açúcar. Isso, eu já ajudava, esfarelando o açúcar entre os dedos.
Tudo pronto, colocavam-se as filhós dentro dum alguidar e tapavam-se com um pano, deixando-as arrefecer até ao dia seguinte.
Este trabalho entrava pela noite dentro mas, no dia seguinte, a Consoada estaria completa e as filhós, finas e estaladiças (como eu gosto), faziam as honras da mesa.
Havia também o hábito de ofertar, com elas, vizinhos e familiares, principalmente os que estivessem de luto, porque decerto não as fariam, e assim não se privassem delas em época de FRATERNIDADE.

Este é o texto com que participo na blogagem colectiva do mês de Dezembro, "O Natal na Minha Terra", do blogue "Aldeia da minha vida".

A blogagem deste mês tem um fim humanitário. Ser solidário! Trata-se de ajudar alguém, a Isabela, a vencer um obstáculo que a Vida lhe colocou. Se todos ajudarmos ela agradece e nós ficaremos mais ricos. Por isso, se quiser ajudar, não "dói" nada, basta comentar, a partir do próximo dia 10, este e os outros textos em www.aldeiadaminhavida.blogspot.com. Como pode ver, é fácil, fácil, fácil! E não custa nada!

Bem haja!