terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Ano Velho ! Ano Novo !


(retirado de www.legal.adv.br)

Ano Velho ! Ano Novo!

Tenham muito boas saídas!
E ainda, melhores entradas!
Estas, são palavras ouvidas
ao soar das doze badaladas!

Sai daí, Velho! Clama o povo
com trejeitos, em ar de gozo,
porque já lá vem o Ano Novo.
Vai-te, bem depressa, ó idoso!

Idoso, mas não reformado,
pois a idade não é bastante.
Será mais um desempregado
ou, será mais um emigrante.

Todos gostaríamos de ter
no país o seu aconchego
mas, para isso acontecer
é preciso mais emprego.

Todos os anos é o mesmo.
Que o ano seja abençoado!
São votos, desejos, a esmo
depois dum ano desgraçado!

Que o país vai para a frente
e vai sair desta austeridade!
É o que eles dizem à gente
e todos julgam ser verdade.

Todos será força de expressão,
pois isso não dá para acreditar,
a quem faz da vida contenção
e ainda lhe dizem para poupar!

Irá para velho o agora novo,
disso ninguém tenha ilusões
e, então, o que verá este povo
será um conflito de gerações!

E o Ano Novo, que ai vem,
será ele velho, pois então,
e há-de sabê-lo, também,
o quanto custa a exclusão!

Será um ano bem melhor?
Esta dúvida tenho em mim.
Já lá diz o outro:- Para pior,
sim senhor, já basta assim!

O meu versejar até já cansa,
e se eu errar, é bem humano!
Vá, não percam a Esperança!
Tenham um muito Bom Ano!


 FELIZ ANO DE 2014 !!!

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

E, porque hoje, é DIA de NATAL !!!


A ESTRELINHA  DO POBRE

Dezembro! Na noite, tão fria,
um pobre tremia, enregelado.
A fraca manta, que o cobria,
era apenas um céu estrelado!

Desse imenso céu estrelado
eis que uma estrelinha saiu
e o Mundo ficou iluminado
quando, em Belém, ela caiu.

E é essa estrela pequenina,
o sinal da nossa Esperança, 
que toda esta Terra ilumina
quando nasce uma criança.

O Mundo inteiro percebeu,
ao ver esse tão divino sinal,
que o Menino, que nasceu,
era só Paz e Amor! O Natal!

O pobre, então, adormeceu,
sentindo do Menino o calor,
porque já, na Terra, nasceu 
o Messias, nosso Salvador!


(imagem retirada de www.redeamigoespirita.com.br)


domingo, 22 de dezembro de 2013

"Sorrisos" , em tempo de Natal !


É Inverno, estamos na quadra natalícia mas mesmo assim, apanhados aqui e ali, no meu quintal, aqui ficam uns sorrisos, alguns já “envergonhados”. Já devem durar pouco tempo, a não ser que a geada os não apoquente.

Esperando que animem um pouco esta quadra, cá estão eles !













segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

BOAS FESTAS ! SANTO E FELIZ NATAL !



Exactamente neste dia 16 de Dezembro, mas de 1953, em Pondá, Goa, no ainda Estado da Índia Portuguesa, com muito Amor e Saudade, foi escrita esta carta, mensagem de Boas Festas. O autor foi um tio meu, militar, que ali se encontrava em comissão de serviço.
Era uma carta da qual mostro o rosto e a parte interior que quando se abria, abria também a cena do presépio.

Aqui a mostro, em sua memória e para desejar BOAS FESTAS e um SANTO e FELIZ NATAL a todos os meus amigos, seguidores e visitantes deste blogue!




domingo, 1 de dezembro de 2013

Eu e ... a Mocidade Portuguesa !


Fartinhos do domínio espanhol,
uns conjurados, sem paciência, 
buscam para si um lugar ao sol 
e para Portugal, independência!


Junta, o João Pinto Ribeiro,
alguns mais da sua opinião 
e, de pronto, vão ao Terreiro, 
procurando a Restauração!



Prontos, e cientes do seu papel,
que a missão era já, era agora,
procuraram no Paço, o Miguel, 
e lá foi, o traidor, janela fora!


Disseram à de Mântua, duquesa,
que se mantivesse com juizinho 
pois, de contrário, teria a certeza 
de seguir o mesmíssimo caminho!



Então, o povo, de espanhol já farto
e pensando da sua vida ser senhor, 
na rua aclamou Dom João, o quarto, 
a quem foi chamando, Restaurador!


Hoje, dia 1 de Dezembro, "Dia da Restauração da Independência" de Portugal, vou abordar um assunto que até é possível que cause engulhos a alguém mas, como quem não deve não teme, vamos a isto!
Penso, a não ser que esteja redondamente enganado, que nos meus tempos de juventude, depois da 4ª classe, todo o aluno que se matriculasse no liceu, escola industrial ou comercial, era inscrito e filiado na Organização Nacional da Mocidade Portuguesa. 

Isto parece-me ser ponto assente! O facto é que determinados sectores ao falarem da Mocidade Portuguesa, dá impressão que nunca pertenceram a tal Organização. Não sei se, por via disso, contraíram alguma doença. O facto é que a Mocidade Portuguesa geria o desporto escolar, coisa que hoje parece não haver. Havia campeonatos inter escolas e era ver a equipa de juniores de andebol do Benfica, baseada em alunos do Liceu Gil Vicente, a do Belenenses baseada nos alunos do João de Castro, a de hóquei em patins do Campo de Ourique, baseada na Escola Industrial Machado de Castro, incluindo o Vaz Guedes, do Liceu Pedro Nunes. E muitos outros uma vez que os respectivos professores de Educação Física os levavam para os seus clubes, casos dos profs. Mario Lemos e Reis Pinto, para o Sporting e outros. E havia vela, remo, hipismo, columbofilia e campismo. Havia movimentação de jovens!
Fruto de tudo isto eu, aos 10 anos, depois de ver na capa dos meus livros da 1ª classe e da 3ª classe, um menino fardado “à maneira”, aspirava a ter uma farda e pertencer a tal Organização. 




Assim, na cerimónia de abertura do ano lectivo foi-me dado um emblema de pano que coloquei no peito da camisola de ginástica e seguidamente emprestaram-me uma farda para o desfile. Era o máximo! Apareci em casa todo ufano mas com uma notícia não muito agradável. Se queria ficar com a farda, teria que desembolsar 20$00 (claro que quem teria de desembolsar seriam os meus pais). A receptividade a tal notícia não foi a melhor e eu teria de fazer a devolução da farda. 20$00, naquele tempo, era dinheiro e a crise, lá em casa, já há muito se fazia sentir. Sorte tinha eu em poder andar a estudar durante o dia pois que o meu irmão, com a minha idade já trabalhava e agora tinha ainda que estudar à noite. Acrescia que devido à falta de proventos eu tive que pedir isenção de propinas. Lógico era a farda ser uma despesa fora das previsões!
Foi uma desilusão, pois estava a pensar entrar no desfile do 1º de Dezembro e tal estava-me vedado. Porém, nem tudo é mau e chegados ao dia 1 de Dezembro, o São Pedro, sem dó nem piedade, despejou cântaros na cabeça dos pobres infantes que quais pintainhos desfilavam na avenida da Liberdade. Do que eu me livrei, pensei eu e assim terminou o meu grande anseio de usar farda. Durou pouco! E a Mocidade Portuguesa, para mim, só não acabou logo ali porque enquanto andei no curso diurno, até ao 4º ano, era obrigado a fazer instrução aos sábados. Entretanto aprendi o "Lá vamos, cantando e rindo", o "Portugueses celebremos o Dia da Redenção", a marcar passo, o alfabeto homógrafo, medição telemétrica, não fui “comandante de castelo” nem sequer chefe de “esquina” (de quina), mas aprendi a não querer mais nada com a “bufa”! Não contraí nenhuma doença devido a isso e mais tarde irei ter novos encontros com a MP, dos quais aqui darei conhecimento! Sempre sem reservas mentais, "Lá fui, cantando e rindo"!    

segunda-feira, 11 de novembro de 2013

O São Martinho, o vinho e a castanha !

Como estamos em tempos de crise, vou aproveitar o São Martinho para fazer uma pequena promoção. É o que se poderá chamar 3 em 1! Por muito que se esforce, o São Martinho não consegue dissociar-se do vinho e da castanha (do aquénio, propriamente dito, pois à outra não à santo que lhe valha!)



Se S. Martinho adivinhasse,
deste mundo seu desvario,
talvez sua capa não cortasse
e o pobre morresse de frio!

O que vejo, com muita pena,
é que neste mundo civilizado,
são os de capa mais pequena
que dão sempre maior bocado!

 
( retirado de www.magiadailha.blogspot.com)
Se muita castanha comer,
até ficar bem enfartado,
com vinho, pode crer
que até cantará o fado!

Claro, se castanha comer
e ficar bem entornado,
de tudo o que acontecer
é São Martinho o culpado!

E, se acabado o magusto,
nem se conhecerem os pais
não é motivo para susto
pois para o ano há mais!

Até o São Martinho,
para mitigar sua dor,
bebeu, só um copinho,
e do frio se fez calor!

Passado o efeito do vinho,
o povo mostra sua devoção
e agradece a São Martinho
ter feito, do Outono, Verão!

Bebam mas, moderadamente,
senão, ai, ai, perdem a razão!
Depois, pr’ó ano minha gente,
São Martinho não traz Verão!



(retirado de www.prof2000.pt)
A ciência nos apresenta
coisas duma verdade tamanha!
Castanha não é cinzenta,
castanha é mesmo castanha!

A mãe não é a castanheira,
e deve ser filha adoptiva,
de pai de origem estrangeira.
Um tal de “Castanea sativa”!

Mas coitadita da “miúda”,
deve ter muito mau génio.
Toda essa gente, “graúda”.
diz que ela é um “aquénio”!

Seja lá o que isso for,
eu nisso mais não cismo,
mas não deve ser melhor
que crise de paludismo!

O castanheiro está cá,
não sei quem o “trazeu”,
porém posso dizer, já,
de certeza, não fui eu!

Como a ciência não mente,
ficamos a sabê-lo, agora,
andamos a comer a semente
e o fruto deitamo-lo fora!

Era a base da alimentação!
Pois ainda hoje ela serve!
Em casa onde não há pão,
é "castanha" que até ferve!



Bebam, mas com moderação! O São Martinho não tem culpa dos desmandos desta gente e tem que se preocupar em nos dar mais uns lindos dias de sol! 

sábado, 2 de novembro de 2013

Dia de Finados! (2013)


Mais um Dia dos Finados,
em que os finados desta vida
por nós vão sendo lembrados
sempre duma forma sentida.

Assim é, o Dia dos Finados!
Com tristeza e melancolia,
louvamos nossos passados
que nos deixaram um dia.

Este o sentimento que ficou,
neste Outono quase Inverno,
a quem um dia nos deixou,
deixando-nos amor eterno.

Com tudo o que significa,
espelho do nosso amor,
nestes versos aqui fica
pequenina e terna flor!




quinta-feira, 31 de outubro de 2013

31 de Outubro ! Dia Mundial da Poupança ! ( 2013 )





No Dia Mundial da Poupança
nem sei o que hei-de pensar,
se até nos tiram a Esperança
o que haverá mais para tirar?

O governo já tem guião
e eu com isso fico aflito.
Protesta alto a oposição 
e eu já em nada acredito!

Para comemorar este dia,
como não já sou criança, 
parem lá com a fantasia.
Não falem em poupança!

Então digo de mim para mim,
mas não espero grande sorte,
para poupar bem, façam assim,
cortem, cortem em tanto corte!

Parece não ser grande o pedido
ou, eu mesmo, parecer insano,
mas isso talvez faça sentido 
se aguentarmos mais um ano!


sábado, 5 de outubro de 2013

Será este o 5 de Outubro que temos?




Que dizer do 5 de Outubro,
da republicana implantação?
Eu de vergonha a cara cubro,
por ver, hoje, tanta confusão!

Se muitos querem monarquia
e se o rei é assim tão desejado,
então, estará a mais este dia.
Acabe-se com o feriado!

Até pode ser muito fixe,
mas parece brincadeira,
gritar que a troika se lixe
arvorando uma bandeira!

Bandeira merece respeito
e perante ela me inclino,
mas é um pouco sem jeito
gritar quando escuto o hino!

É um símbolo, a bandeira,
ela representa uma nação!
Não serve para brincadeira,
nem para armar confusão!

Clamem, façam ouvir a razão
mas, deixem de fazer batota!
Não é com a bandeira na mão
que alguém é mais patriota!

Para este nosso país mudar,
não será da noite para o dia!
Vamos pôr outro a governar?
Qual nos dará mais garantia?

Dizem, isto ser democrático
e vão vivendo à nossa conta!
Todo o candidato é “simpático”
e cá a “gentinha” é toda tonta!

Todos têm grande solução
para os problemas do país
mas, quando eles lá estão,
os problemas já são de raiz!

E é assim que vamos vivendo!
Isto é mais um modo de dizer,
o pobre povo cá vai sofrendo
mas, não há meio de aprender!

Uns dizem o céu oferecer,
outros mostram o paraíso
e para tudo isso esquecer
muito pouco será preciso!

Valho-me de toda a ciência
e uma solução não descubro.
Assim, espero, com paciência,
um outro Cinco de Outubro!


quarta-feira, 2 de outubro de 2013

Ecos da Festa de Nossa Senhora da Assunção, em Colares !

Embora com bastante atraso, não quero deixar de trazer a este blogue, imagens do que foi a procissão, no passado dia 15 de Agosto.

Saída da procissão solene

O andor do, agora, São Nuno, patrono dos escuteiros locais

O andor da Padroeira

A autarquia também representada

O Pároco

A fanfarra da Banda dos Bombeiros Voluntários de Colares

Subindo, até à Misericórdia

Nesta casa viveu e revelou a sua vocação musical, José Vianna da Motta, 1868-1948. O maior pianista português.
Lápide lembrando a homenagem.

Chegados à Misericódia, o regresso a casa.

Continuando a descida. Ao longe, encobrem-se a serra e o Palácio da Pena.

Vistosas colchas.

Faixa publicitária das Festas

A Padroeira de regresso a casa.

Pormenor da igreja.

E depois da procissão, um concerto pela Banda dos Bombeiros Voluntários de Colares.

terça-feira, 1 de outubro de 2013

LISNAVE - “Caíu a parede da Doca 13!!!”, ou ... “Há dias em que não se devem estrear sapatos!”


(Estou quase de regresso e , como nota prévia a este "post", cumpre-me dizer que devido ao período de férias e porque há vida para além dos blogues, e ainda pelas falhas da rede de internet ( este "post" devia ser colocado ontem, 30 de Setembro), peço desculpa aos meus amigos, seguidores e visitantes deste blogue, pela minha longa ausência. Bem hajam pela vossa compreensão!)


Vista geral do Estaleiro da Margueira, no dia 22 de Outubro de 1973.
Lá está a Doca 13, vazia!




            Mas, após o acidente, já em Dezembro, para mostrar que a vida continuava, se desejavam as Boas Festas utilizando a foto acima e identificando os 12 navios em reparação.
De notar que aqui já não se vê o "Rotterdam" que tinha terminado a sua reparação de 43 dias!

Ora bem! Foi o caso do aluimento na Doca 13, na Margueira! E, como o tempo passa! Já lá vão 40 anos!
Era um domingo, 30 de Setembro de 1973. Dia soalheiro!
Eu estava de turno no Serviço de Docas. Tinha saído no sábado à meia-noite e, aparentemente, o trabalho nas docas, incluindo a doca 13, estava bem encaminhado. 


O "Rotterdam"
Aqui ainda com o "bottoping" cinzento.
(retirado de www.maritime-connector.com)
Na doca estavam, o “Rotterdam”, navio holandês de passageiros, que para alterar a cor do "bottop", de cinzento para azul escuro, teve que fazer uma picagem do casco antes da decapagem, porque as demãos de tinta, umas em cima das outras, já eram tantas que o peso do navio devia ter umas boas toneladas a mais e o “Mobil Pegasus”, navio tanque, acabado de ser vítima duma grande explosão que lhe levantou o convés qual tampa de lata de conserva. 


O "Mobil Pegasus" entrando em Lisboa, depois da explosão ocorrida, em pleno Atlântico Sul, no dia 21 de Junho de 1973. Olhando o convés, já se podia avaliar a extensão dos estragos!
(retirado de www.aukevisser.nl)

"Mobil Pegasus". Pormenor dos estragos.
(retirado de www.aukevisser.nl)
O “Rotterdam” tinha, por via do trabalho necessário, um “pinhal” de andaimes à sua volta e o “Mobil Pegasus” foi objecto de cuidados especiais na colocação dos picadeiros.
E foi com este cenário que saí do Estaleiro, fui direito a casa e dormi descansado.
No domingo levantei-me e, como já tinha previsto, iria ao Estaleiro só para ver se tudo continuava bem e, talvez após o almoço, voltaria a casa.
Tinha comprado uns sapatos e achei que nada melhor, para os adomar aos pés, do que estreá-los porque ia ser só por pouco tempo e não haveriam de me criar bolhas ou outro problema.
Cheguei ao Estaleiro cerca das 09.00h e achei estranho, a um domingo, logo à portaria, ver passar o Chefe do Serviço de Pessoal. Dei a volta por detrás do edifício das Docas e quando viro a esquina do edifício dou de caras com um inspector das tintas “Jotun”, o Sobral, que me pergunta se eu vinha pôr a parede da Doca em pé. Não percebi a piada e continuei até ao escritório das Docas, onde comecei a ser informado da situação. A parede da Doca 13 tinha caído! Achei muito estranho, porque quando estava de turno, mesmo quando não estava de Serviço ao Estaleiro, desde que fosse problema de Docas, lá estavam a telefonar-me para casa.E, desta vez, nada!
Fui até à Doca, onde já se encontrava o Chefe do Serviço de Docas, o Arq. Silva Santos, de saudosa memória, e fui posto ao corrente da situação, ao vivo e em directo!
A azáfama era grande, a Direcção do Estaleiro estava em peso, assim como o Sr. José Manuel de Mello que tal como os outros, bem perto da zona aluída, teve que ensaiar uma fuga quando mais um troço aluiu e alargou o já enorme buraco no solo. Consta e julgo ser verdade que o acidente não teve maiores proporções porque o João Emídio, Encarregado dos Guindastes, que estava de turno, ao aperceber-se do começo do aluimento, mandou recuar o pórtico que se encontrava quase na ponta do cais (julgo que também mandou que o guindaste que servia o cais 5 fosse em sentido contrário, colocado quase na ponta da muralha). Isso permitiu não só evitar um maior desmoronamento, devido à carga, como também a que o pórtico e o guindaste pudessem continuar a ser utilizados, embora com as restrições devidas. No meio do mal, às vezes há coisas que correm bem!
Mas não havia nada que saber e tínhamos que, urgentemente, meter água na doca para tentar equilibrar as pressões na parede da doca. Não havia mãos a medir!
Quanto ao Serviço de Docas, havia que tratar de arranjar pessoal para rapidamente desmontar os andaimes e ter o pessoal das Docas, em “alerta vermelho” para o que desse e viesse. Era domingo e o pessoal muito pouco, por não haver necessidade. Tínhamos que, urgentemente, fazer um “raid” para descobrir alguém que, muito descansado em casa, pensava em tudo menos em ir trabalhar naquele domingo. Munimo-nos dos ficheiros do pessoal e toca a tirar moradas. Com um motorista dos Transportes demos a volta por Almada, Cova da Piedade, Corroios, Alto dos Moinhos, Arrentela e íamos “caçando”, um aqui outro acolá.
O Encarregado dos Andaimes, o Ezequiel, por exemplo, foi apanhado no Seixal, à porta de casa, quando metia no carro as cadeiras e o material de piquenique com que se preparava para sair com a família. Ficou o piquenique adiado!
Uma boa ajuda foi dada pelo pessoal de andaimes das Construções que estava escalado para trabalhar nas proas, cujo encarregado (Ribeiro, se não estou em erro) foi incansável, mas também outro pessoal teve que ajudar. Todos não eram demais! Era só tirar as pranchas e mandar os tubos para o fundo da doca porque estes, ao contrário das pranchas, não flutuavam! Lá ficaram também algumas máquinas de soldar e caixas de ferramenta.
É de salientar que, apesar de tudo, o “Rotterdam” tinha o apoio total do guindaste da Rua 21, o que facilitava as coisas grandemente.
Enquanto isto ia sendo feito, houve tempo para digerir umas “sandes”!
Se num navio o problema eram os andaimes já montados, no outro, o “Mobil Pegasus”, havia que colocar novamente todos os bujões de fundo, que tinham sido retirados para deslastrar os tanques, de modo a que o navio pudesse flutuar. No meio desta azáfama e nervosismo geral, foi bom de ver o “ship-manager” do navio, o Larkin, escocês simpático, afável no trato e divertido, passar vistoria ao fundo do navio, com água quase pela cintura e cantarolando.
Após todo o desenrolar desta operação, já noite, o escritório do Serviço de Docas foi transformado em “Head Office” do estaleiro. Ali se discutiu e preparou o que parecia ser a melhor estratégia a seguir e que depois iria ser corrigida ou não, conforme os acontecimentos. Com tudo isto, já passava da meia-noite! Deu-se a tarefa por terminada e o arq. Silva Santos, no seu “Mini” levou-me a casa. Eram quase 2 da manhã!
Depois dum dia em que quase não comi, foi só nessa altura que tive ocasião de sentir quanto os pés me doíam! A gravidade da queda da parede da doca, devida a uma possível nesga aberta na estacaria da parede do cais 5 que teria permitido a entrada de água e o consequente arrastamento das areias abaixo do piso do cais, neste momento perdeu a sua importância e estava toda concentrada nas dores dos meus "pobres" pés com os quais, durante o dia, nem tinha tido tempo para me preocupar! 
Quem me mandou calçar sapatos novos num dia que parecia ir ser tão sossegado?