quinta-feira, 29 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 12 ) ... Lobito - Moçamedes

Dia 28 :
Mais um rápido trabalho de carga e descarga e às 16.27h. o navio saiu baía fora, rumo a Moçamedes, aproveitando para apreciar a beleza da restinga.
Lobito. Vista aérea do porto e da restinga
Dia 29 :
De novo uma viagem nocturna. Ao longe, na costa viu-se o farol no Cuio e ao alvorecer, já dia bem claro, avistamos Moçamedes. Como de costume o navio meteu piloto mas, desta vez foi um piloto especial, o Cunha “Tonelada”! Este piloto, pessoa de bom trato, e como a alcunha deixa adivinhar, é duma envergadura “extra”, ou “king size”. Dizia-se que o próprio navio adornava, quando ele entrava!
Um pormenor característico deste porto é o do vento que, normalmente, sopra do lado de terra, tornando difícil a que um navio com um alto casario, possa acostar. A grande superfície exposta ao vento, oferece uma grande resistência e isso obriga a um maior esforço do rebocador e dos molinetes do navio. Isto tudo, apesar de o cais de acostagem ficar, de certo modo, abrigado e defendido por um morro.
Depois de “vencer” todas estas contrariedades, o “Angola”, passageiros ainda dormindo, acostou às 06.47h.
Como já referi, defronte do cais ficava um morro e a cidade ainda ficava longe.
Moçamedes. Ao fundo, a cidade.
Moçamedes. Ao fundo, a cidade.
À esquerda, está a nascer o terminal mineraleiro.

















À primeira vista, este porto e a cidade não apresentavam nada de especial mas, algumas viagens depois, tive oportunidade de ir à cidade e achei uma terra muito engraçada, terra de pescadores tipicamente portuguesa, muito limpa e luminosa.

Moçamedes. Mais uma vista do porto com a cidade, lá ao fundo.

Como se ia tornando habitual, atracado no cais, lá estava um navio português, neste caso era o n/m “Niassa”, um dos mais modernos navios mistos , carga e passageiros, da CNN, adaptado ao transporte de tropas.
O "Niassa"
É possível que alguns passageiros nem se tenham apercebido de que aqui estiveram pois que a saída está prevista para as 10.00h. e, de seguida, rumaremos até Cape Town.

quarta-feira, 28 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 11 ) ... Luanda - Lobito

Dia 27 :
A visita da cidade ficou para outra vez. A cidade fica algo distante do porto e o navio ficou mesmo no extremo deste, pelo que a ida a pé, até aos Correios, ao sol e com a temperatura e humidade que se fazem sentir, acrescido da hora de saída, foram suficientes para desistir dessa ideia.

Luanda. Largo Diogo Cão e entrada do porto.

Assim, foi pelas 16.31h. que o navio iniciou a viagem até ao Lobito. Viagem nocturna que pouco mais terá a lembrar do que os passageiros que ficaram em Luanda e que deixaram amigos recente, feitos ali mesmo nestes 10 dias de viagem. Alguns militares, poucos, despediram-se na esperança de um dia se tornarem a encontrar. Infelizmente, nem todos o conseguiram!

Mas, a vida continua e amanhã estaremos no Lobito!

Dia 28 :
Como previsto, ao alvorecer, o “Angola” apresenta-se à entrada do porto do Lobito, onde, passada a “Restinga”, acostou às 07.22h.

Lobito.Lá ao fundo, o "Angola", atracado!

O “Beira”, também como era esperado, já lá estava, atracado e à carga e ao meio dia, rumou a outras paragens.


Tal como em Luanda, também aqui não vamos ter muito tempo para visitar a cidade. No entanto, como esta envolve o porto, podemos sempre ver alguma coisa. E, se do cais sairmos e formos para a direita, passaremos os Correios, o Cais das Colunas e a “boite” Palmar, e iremos em direcção à restinga, com as suas vivendas e praia, dum lado e doutro (dentro, na baía e do lado de fora, em pleno Atlântico). Se formos para a esquerda, iremos em direcção à zona residencial, passaremos a Colina da Saudade, a Caponte, o Compão e poderemos ver a zona pantanosa, paraíso dos flamingos rosa. Do lado de lá, na outra margem da baía, está a Fábrica de Cimentos.

Largo defronte da entrada do porto.
No edifício ao fundo, a loja do lado direito é a Livraria "Lello".
(retirado de www.angolabelazebelo.com)
Surprendentemente, ou talvez não, logo à saída do porto, numa loja dum edifício, ali no largo, podemos entrar numa livraria, a “Lello”, onde encontraremos grande parte dos livros proibídos na Metrópole. Pode parecer estranho, mas não é!

A saída do “Angola”, rumo a Moçamedes, será cerca das 16.00h!

terça-feira, 27 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 10 ) ... São Tomé - Luanda

Dia 25 :
Terminada a carga do “Angola”, foi tempo de levantar ferro e deixar S. Tomé, o que aconteceu pelas 11.32h.

Foi uma paragem que serviu para retemperar forças para mais, cerca de, 2 dias de viagem e, depois de, após o Funchal, experimentar a banana frita com linguado, começar a tomar contacto com o “festival” de banana, originária de São Tomé. É banana pão, maçã, prata, ouro e que mais sei eu!
São Tomé. Ilhéu das Rolas.
Aqui está, a linha do Equador!

É tempo, também, de relembrar a passagem do Equador. Os mais “atentos”, com auxílio de binóculos, viram mesmo, sobre a água, a linha do sobredito cujo!

Também os que tinham carta, ou postal, para enviar ou, até, quiseram fazer compras, para comemorar o evento, puderam “fazê-lo” quando passámos pela “bóia de Santana”!

Não é de excluir que tenham sido objecto de alguma “praxe”. O “Deus Neptuno”, não dorme e espera, sempre, que lhe prestem vassalagem! Espero que não o tenham desiludido!

Dia 26 :
O tempo é de festa porque o Equador foi transposto e já não falta tudo para chegar a Luanda, onde o navio ficará bem mais leve, com a saída de boa parte dos passageiros.

E já que falamos de festa, tivemos mais um festival de apitos.

O "Moçambique"

O “Moçambique”, gémeo do “Angola”, passou por nós, de regresso a Lisboa. Boa viagem, irmão!

Luanda já está perto!


Dia 27 :
Ao alvorecer deste dia, começamos a avistar a cidade de São Paulo da Assunção de Loanda, fundada em 25 de Janeiro de 1576, por Paulo Dias de Novais.
Luanda. Vista parcial da baía.
Luanda. O "Uíge" já saiu. O cais está livre!




O dia, há muito, já clareou e o navio conclui a acostagem às 07.07h.
O "Uíge"
De saída estava o “Uíge”, navio da Companhia Colonial de Navegação que libertou o cais para o “Angola” acostar.


Quem quiser visitar a cidade, tem que se despachar porque o navio vai zarpar cerca das 16.00h!


sábado, 24 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 9 ) ... Funchal - São Tomé , (cont.)

Dias 19 e 20
Algumas horas após a saída de Tenerife tive cólicas intestinais devido a uma intoxicação alimentar. O médico receitou-me uns comprimidos, poucos porque a intoxicação era generalizada e era devida a uns bifes de atum, à Portimão, que tinham sido servidos no jantar do dia anterior. Como os comprimidos foram racionados, ainda tive que me valer de uns que eu trouxe, suponho que “Enteroviofórmio” e lá melhorei.
Vale a pena contar a história do médico desta viagem. O senhor, boa pessoa, homem entre os 55 e 60 anos de idade, é casado com uma médica que trabalhava no Instituto de Medicina Tropical, em Lisboa. Devido à guerra colonial, todos os médicos são poucos e há que cumprir serviço nos hospitais, no ultramar. Como a senhora é amiga duma filha do Ministro do Ultramar, conseguiu ir-se livrando de ser mobilizada mas o ministro mudou e a sorte dela também. Foi mobilizada e avisada de que, se não fosse, o melhor era escolher outra vida porque clínica, em Portugal, não ia exercer mais. Era “Tudo pela Nação, nada contra a Nação”, e estava tudo dito! A senhora lá aceitou e foi para Moçambique. O marido ia ficar sem a mulher durante dois anos, pelo menos, e tratou de arranjar uma maneira de minimizar os prejuízos. Soube que havia uma vaga no “Angola”, porque o médico ia ficar de férias e aí foi ele oferecer-se para, mesmo em trabalho, aproveitar para passar uns dias com a mulher. Farda não tinha e esta, além de cara, também não se arranjava uma do pé para a mão. Ainda por cima era só para uma viagem. Porém, tudo se compôs, o 1º Telegrafista tinha um físico idêntico, a farda era mesmo a calhar e aí foi ele vestindo a farda do outro. Só precisava de mudar os galões!

A viagem vai decorrendo e vamo-nos aproximando do Cabo Branco. A noite já cai e lá ao longe, mar largo, já podemos vislumbrar uma miríade de luzinhas. É um “enxame” de pesqueiros, na sua faina. Também, aqui e ali, já vamos vendo cardumes (diria quase “bandos”) em revoada, os peixes-voadores, e alguns, como que atraídos pelas luzes do navio, vão embatendo neste.
Peixes-voadores
(retirado de www.pipocadebits.com)
Golfinhos
(retirado de www.imagemar.com)
Os golfinhos, no dia seguinte, não querendo ficar atrás, vão dando o seu “espectáculo”, ora acompanhando o navio, ora atravessando-se em cardume alinhado e quais cavalos de corrida vão “galopando” nas águas.

Lá ao longe, vemos um repuxo intermitente. É baleia, decerto! E é com estas observações que se vai passando o tempo enquanto a temperatura do ar vai subindo e também a humidade nos vai tapando os poros, tornando-nos a respiração mais difícil. Estaremos, então, nas imediações de Dacar.
Vindo do lado de estibordo, começamos a divisar a silhueta dum navio que a pouco e pouco se foi aproximando. Era o “White River”, navio mineraleiro, com bandeira liberiana. Devia vir em piloto automático porque vinha direitos a nós e foi necessário muitos apitos e dar uma guinada de bordo para que não colidíssemos. Entretanto, na ponte, lá apareceu alguém da tripulação que parecia muito divertido com a situação.
Navio "Rovuma" (retirado de www.navios.no.sapo.pt)
Em sentido contrário, rumo a Lisboa, passou por nós o “Rovuma”, cargueiro, também da CNN. Houve a tradicional troca de apitos, entre “familiares”!
E como o tráfego parecia intenso, a nosso lado também seguiu, durante algum tempo, o “Luabala”, cargueiro belga.

A temperatura da água do mar, que em Lisboa era de 17ºC, à medida que os dias iam passando foi subindo e no dia 21 subiu de 22ºC para 29ºC, chegando aos 30ºC nos dias seguintes. Escusado será dizer que a piscina foi posta à disposição dos passageiros, a partir do dia 21. Na Casa das Máquinas a temperatura ambiente ainda só chegou aos 37ºC!
Pela parte que me toca e como, entre outras tarefas, tenho a incumbência de mudar a água da piscina, trato de esgotá-la e enchê-la de modo a que às 04.00h, quando sair de quarto, esteja em condições para que eu possa usufruir dum mergulho no “caldo”. Ajuda a descontrair mas, depois de um duche de água doce que me deixa completamente sem sono, só lá para as 07.00h conseguirei “pregar olho”. Às 11.00h já terei de acordar para ir almoçar, mesmo sem apetite!

Dia 23 :
Às 00.00h, os relógios de bordo foram adiantados 60 minutos.
"Beira"

Entretanto, hoje o “Beira”, cargueiro da CNN, foi-nos seguindo dia e noite e só amanhã, cerca do meio-dia, fará rumo e sairá da nossa vista. Esta proximidade foi aproveitada para nos fazer pregar os olhos no horizonte e para os comandantes irem trocando mensagens, via rádio. O “Beira”, é o cargueiro mais moderno da CNN e bem mais rápido que o “Angola”. A última palavra em matéria de design e velocidade.

Dia 24 :
Ao longe começamos a avistar a ilha do Princípe, e às 21h11min fazemos a aproximação a São Tomé onde às 21.58h. o navio fica fundeado, ao largo e ainda um pouco distante de terra.
E, assim, se passaram 7 dias quase só a ver água à nossa volta!
São Tomé.
Muito ao longe, em contra luz e a máquina não dava para mais

São Tomé. Ao fundo, a baía de Ana Chaves. (Acreditem!)
Foto muito pobrezinha.

















"Andulo" (retirado de www.navios.no.sapo.pt)

Fundeado, já lá estava o “Andulo”, cargueiro da Sociedade Geral.

Como o navio fica fundeado, não há grandes hipóteses de ir a terra devido à distância até lá e porque a lancha que faz esse trajecto não é assim tão rápida. O melhor é ficar a ver, de longe, e a observar a azáfama do pessoal nas barcaças procedendo à carga e descarga.
Entre os passageiros, poucos, que aqui vão ficar, lá está a Madame Castela, senhora de idade avançada, dona de roça e passageira frequente do "Angola"!
Portanto, aguardemos toda essa faina terminada e amanhã o navio recolherá amarras e rumará a Luanda.

segunda-feira, 19 de março de 2012

DIA DO PAI !

(Por maioria de razões, faço hoje uma pequena interrupção na viagem do "Angola")
























DIA DO PAI


Quando na minha vida
também já a tarde cai,
lembro de forma sentida
a memória de meu Pai!

E no singelo verso que faço,
com sentimento profundo,
eu envolvo no meu abraço
a todos os pais do mundo!

domingo, 18 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 8 ) ... Funchal - São Tomé , (via Santa Cruz de Tenerife)

Santa Cruz de Tenerife

Dia 18

Tenerife é uma das ilhas do arq. das Canárias, e cuja capital é Santa Cruz de Tenerife. Apenas a algumas horas de distância da ilha da Madeira, começamos a avistá-la muito tempo antes de a estarmos realmente a ver. Isto é devido à reflexão dos raios solares nas neves do maciço vulcânico de Teide, com uma altitude de 3718 m.

A aproximação à ilha não tem outra beleza que não seja a paisagem montanhosa inóspita e os hotéis e as suas piscinas à beira mar, uma vez que a orla marítima é quase só negra rocha vulcânica.

A escala neste porto deve-se a uma questão económica. O combustível é mais barato! Isso era o que o armador pensava e a realidade mostrou aquilo que há muito é sabido. O que é barato, sai caro!

Foi uma experiência para nunca mais. A viagem, para o pessoal de Máquinas, tornou-se um suplício. O combustível era muito rico, sim, mas em água. As centrifugadoras não tinham descanso e as impurezas eram em grande quantidade. As 4 horas de cada quarto, mal davam para centrifugar o combustível que se iria consumir de seguida. Decisão imediata foi acabar com esta “vigarice” e passar a comprar o combustível em Durban. Possivelmente mais caro mas, acabou-se o problema!

E o que se passou em relação ao combustível, quase podemos dizer relativamente a tudo o que se adquirisse nas Canárias. É um facto que se podem comprar, a baixo preço, as máquinas fotográficas mais sofisticadas (Yashica, Nikon, Canon e a sua famosa Canonete), rádios transistorisados, gravadores de som, relógios e as famosas bonecas de louça. Porém, cuidado porque as lentes das máquinas fotográficas podem ser apenas um simples plástico, os gravadores de som podem gravar e só reproduzir sons ininteligíveis, nos relógios o cabelo pode ser tão fraquinho que se lhe dermos corda uma só vez ele se pode partir e muitas destas aquisições já não funcionavam após a saída do porto. Quanto ao preço, depois de feitas as contas, conversões de moeda e afins, havia muitos que quando mais calmamente as refaziam, verificavam ter levado mais um “barrete”. Mas isso de nada servia porque para a próxima lá estariam a tentar aquisições mais rentáveis que, valha a verdade, também as havia. Os comerciantes sabiam disso e fosse a que horas fosse que o navio chegasse lá iam a correr abrir as portas.
Por tudo isto, se forem a terra, cuidado e não digam que não avisei!

Feito este desvio, tomemos o rumo normal e sigamos, a São Tomé!
São “só”, mais 6 dias! As temperaturas do ar e da água, vão subir. A paisagem, o mar imenso, só aqui e ali poderá ter alguma alteração, os corpos vão deixar-se envolver por esse ambiente e pela sua “insularidade”, restringidos que estão ao espaço físico do navio. Para colmatar, um pouco, esse estado de coisas, vão-se organizar bailes, sessões de cinema, e alguns entretenimentos. A piscina também será cheia e posta à disposição dos passageiros.

sábado, 17 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 7 ) ... Lisboa - Funchal



LISBOA - FUNCHAL (16/17 de Março)

Conforme já antes referi, esta viagem, sendo virtual, é decalcada sobre uma viagem real mas, aqui e ali, socorrendo-se de factos ocorridos em outras viagens.

O itinerário normal da viagem, será:
Lisboa - Funchal - ( Sta. Cruz de Tenerife ) - S. Tomé - Luanda - Lobito - Moçamedes - Cape Town - ( Durban ) - Lourenço Marques - Beira - Ilha de Moçambique - Nacala - Porto Amélia e regresso, não escalando Nacala e a Ilha de Moçambique.
As escalas em Santa Cruz de Tenerife e Durban, serão explicadas em devido tempo.

Dia 16
Assim, ontem, dia 16, o “Angola”, manhã cedo, deixou o Cais da Fundição em direcção ao Cais da Gare Marítima de Alcântara para que se procedesse ao embarque de passageiros e se desse a partida à 12.00h.
Lotação quase esgotada, em terra uma multidão acenava na despedida. O piloto da barra deu entrada no navio e eram 11h48min quando o Comandante do navio pôs as Máquinas em “Atenção”, começando a manobrar com “Devagar a Vante” às 12h06min. O navio começou a desacostar e a multidão, dentro e fora do navio, ia-se agitando enquanto o navio se afastava, rio fora, passando pelas obras da nova ponte, em construção, em direcção a Cascais, onde parou às 12h56min para largar piloto e retomar o rumo com “Toda Força a Vante” às 13h01min, ficando o navio em “Pronto” às 13h04min. O Oceano Atlântico, esperava por ele!
Às 00.00h do dia 17, os relógios de bordo foram atrasados 60 minutos!

Dia 17
Depois duma navegação calma, mar azul, um pouco picadinho e algum vento de través, o navio aproximou-se do Funchal, começando a manobrar às 18h15min e ficando pronto e atracado às 19h.08min.
O Funchal, ali defronte, visto do cais
Outro pormenor do Funchal (havia algum nevoeiro)













E, com isto, foram percorridas 420 milhas, durante 24h e 45min à velocidade média horária de 16,8 nós.
Funchal. Outro pormenor
Funchal. Ao fundo, a Ponta do Garajau (*)








Devido ao adiantado da hora e dado que a saída está prevista para as 22.00h, não haverá saídas a terra. Depois de termos a oportunidade de deliciarmos os olhos com a aproximação à ilha, onde pudemos ver as levadas escorrendo encosta abaixo, o aeroporto de Santa Catarina, o verde das encostas salpicado do branco das casas e do vermelho dos telhados, qual imitação de cenário de presépio, vamos ver o mesmo cenário mas, devido à iluminação das estradas, transformado em rosários de luzes por essas mesmas encostas adentro.
Funchal. Preparando a recepção ao Novo Ano
Talvez no regresso possamos ir a terra. Porém, posso adiantar que foi a minha primeira desilusão. Pensava a Madeira como uma terra onde se viveria alegre e feliz, a julgar pelas flores, “bailinhos” e não só. Pura ilusão! A miséria, deixava-se adivinhar debaixo daquelas roupas folclóricas. A miséria, que fazia os “miúdos”, para gáudio dos turistas, mergulharem para apanhar uma “moedinha”, antes desta chegar ao fundo das águas. A miséria que fazia mulheres idosas, de mais de 70 anos, prostituirem-se para e por comer. A princípio, também a pronúncia, diria quase “dialecto”, custava a entrar nos ouvidos. No meio disto tudo, valia a gentileza das pessoas, a qualidade do seu artesanato e a maravilhosa panorâmica que nos era oferecida.
E, a cidade é muito mais bonita quando vista do mar!

O tempo passa depressa e às 21h57min, o Comandante fazendo uso da autoridade que lhe está conferida, pôs, de novo as Máquinas em “Atenção”, começando a manobrar, com “Devagar a Vante”, às 22h06min e dando o navio como Pronto, às 22h10min, rumando a São Tomé.

Mas, eu resolvi oferecer aos meus “passageiros” um ligeiro desvio no percurso original e vou levá-los a Santa Cruz de Tenerife que chegou a ser escala do “Angola” com o objectivo de ”meter bancas” (combustível).
Amanhã, vamos lá estar!


(*) Visitante conhecedor, deu-se ao trabalho de me corrigir, dizendo que o que eu referia como Cabo Girão, não era mais do que uma zona a que chamam São Gonçalo. Ficam aqui, a correcção e os meus agradecimentos. No entanto, o que eu queria mencionar era a Ponta do Garajau que confundi com o Cabo Girão e, assim, fica feita a rectificação!

quinta-feira, 15 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 6 )

Como o navio já está quase de partida, convém que os “passageiros”, meus convidados, tomem contacto com parte dos alojamentos e instalações que vão ser postas à sua disposição. Eu não quero que lhes falte nada...
Assim, aqui ficam algumas imagens que poderão ajudar na sua escolha.

1ª classe. Salão
1ª classe. Bar e Salão de Fumo
Suite de Luxo. Quarto
1ª Classe. Sala de estar
Suite de Luxo. Sala de visitas
1ª Classe. Sala de Jantar
Sala de Jogos
Varanda Café
Como exemplo, posso adiantar que, na Sala de Jantar da 1ª Classe, a decoração é de acordo com a tradição espanhola do século XVI. As paredes, até ao rodapé, são em painéis de nogueira escura, limitados por traços verde escuros; coluna e as travessas, também, revestidas em nogueira escura, avivadas por brilhantes e coloridas cornijas, em vermelho e azul. Acima do rodapé, as paredes têm um acabamento mate, em marfim velho, para dar um efeito de estuque e o tecto tem um acabamento semelhante. O pavimento é coberto com “Ruboleum”, placas em castanho e em verde, dispostas decorativamente. O mobiliário, em nogueira escura, com estofo vermelho em pele, dá um tom de excelência. Nas janelas, agrupadas ao longo da parede curva de vante, os acessórios para os cortinados são de ferro preto mate e no grupo central de janelas laterais são montadas grades metálicas, em preto mate, ao estilo da época. Grades semelhantes cobrem os altifalantes, nas paredes, e os painéis de ventilação no tecto. Um guarda-louça, com espelho em moldura de nogueira, está colocado de cada lado das portas de serviço de acesso à copa, e espelhos semelhantes estão colocados de ambos os lados, na parede a ré. Os acessórios no tecto, com moldura preta decorativa em metal e painéis de vidro fosco, oferecem a iluminação artificial. Cortinas em tom creme, com um estampado vermelho e dourado, completam uma muito atractiva sala.

Um verdadeiro mimo!!!

Façam "Boa viagem"!

terça-feira, 13 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 5 )

Vista aérea do porto, artificial, de Leixões
Matosinhos. Porto de abrigo

Ontem, cumprindo o previamente estabelecido, o “Angola”, terminado o carregamento previsto, vai regressar a Lisboa, pelo que o Comandante pôs as Máquinas em “Atenção”, às 17.00h, começando a manobrar às 17h 24 min e dando a manobra por terminada, com “Toda a Força a Vante”, às 17h 40min. E seguiu viagem, rumo ao sul!

Foi assim que, às 02h 41min do dia 13, com o avistar da baía de Cascais, as máquinas foram, de novo, postas em “Atenção” para parar, para meter piloto, às 03h 07min, e seguir para fundear em Santa Apolónia, o que aconteceu às 04h 56min, ficando o navio a aguardar a ordem de “Suspender” e “Atracar”, que começou às 06h 58min e terminou às 08h 27min.

E, isto que não diz nada ao comum dos passageiros, aconteceu depois duma viagem de 172 milhas, que durou 10h 39min, a uma velocidade média horária de 16,1 nós.

Passado este intróito, o “Angola”, depois de, aqui em Lisboa, completar o carregamento e preparar as instalações para os passageiros constantes da lista de embarque, estará pronto para zarpar, no dia 16, rumo ao extremo norte da África Oriental portuguesa.

Entretanto a escala de serviço, agora de 24 horas, diz que eu irei ficar de serviço no dia 15, o que, terminando às 08.00h do dia 16, já nem dará tempo de ir a casa despedir-me da família. Na prática, eu começarei a viagem um dia antes dos outros!

Portanto, vou ter que, nessas 24 horas, preparar as máquinas para o dia seguinte e essa tarefa, já rotineira, traz-me à memória a minha 1ª viagem.
Também dessa vez fiquei de serviço na véspera da saída.
Como o navio saía do cais de Alcântara às 22.00h do dia seguinte, durante o dia anterior tínhamos que “pôr a instalação em cima” começando pela circulação do motor para proceder ao seu aquecimento, acender a caldeira, etc.. Durante a noite, estava eu, o Praticante a Oficial Maquinista, a descansar um pouco, fui chamado pelo 3º maquinista. A bomba de alimentação da caldeira não funcionava! Foi um abrir e fechar de válvulas, mas a única solução foi eu, às 04.00h ir para a cabine telefónica do cais da Fundição tentar descobrir o 1º maquinista. Constava que ele estaria a dormir em casa de um irmão, mas não se sabia o número de telefone, só se sabia que o irmão se chamaria António, ou Alberto Ribeiro. Foi uma odisseia, fui à lista telefónica, liguei até para os A. Ribeiro, desfazia-me em desculpas por acordar todo aquele pessoal e ao fim de um bom número de tentativas e de ouvir alguns impropérios, lá o encontrei. Às 05.00h ele estava a bordo e o problema foi resolvido! Na estadia, durante a reparação, alguém tinha trocado os lembretes das válvulas e baralhou tudo! Lindo! Nós, perante o problema, aplicámos toda a teoria, que vinha nos livros, seguimos as inscrições e fomos enganados, ele aplicou a prática e tudo funcionou às mil maravilhas. Foi a minha primeira lição de prática! Muitas outras iria ter!
A teoria é bonita, mas a prática nunca mais esquece e dá-nos a calma para enfrentar os problemas.

E, sob o olhar do Cristo-Rei, ao fundo, o canhão, no castelo de São Jorge,
 prepara-se para dar a salva de partida para a Grande Viagem


domingo, 11 de março de 2012

O "Angola", vai de viagem... virtual! ( 4 )

Como o tempo continua a ser pouco, vamos retomar o nosso itinerário onde ontem o deixámos.
Ao fundo, a Câmara Municipal e à esquerda os eléctricos na paragem para eu regressar a Matosinhos.
(Também, junto à paragem, lá está a Cervejaria que me ajudava a matar a sede...)
(retirado de www.origens.pt )
De eléctrico até à estação de São Bento, descemos e entramos na avenida dos Aliados, pela praça da Liberdade e daqui observamos toda a avenida, com o belo edifício da Câmara Municipal lá ao cimo e os edifícos de época que a ladeiam dum e doutro lado.
Posto isto, subimos até aos Clérigos, onde a torre, obra de Nicolau Nasoni, construída entre 1754 e 1763, cujo projecto previa a construção de duas torres, parece ficar escondida demais e, não fosse a sua altura e beleza, quase passaria despercebida. Merecia um maior desafogo, digo eu!
O que "restou" do Palácio de Cristal. (Hoje, Pavilhão Rosa Mota)
(retirado de www.minube,pt)
Mas, deixemo-nos de conjecturas e vamos a caminho do Palácio de Cristal e dos seus lindos jardins. Este palácio, nada tem a ver com o original, construido para a Exposição Internacional do Porto, que foi inaugurado em 18 de Setembro de 1865 e que foi demolido em 1951 para, no seu lugar, ser construido o agora existente, em betão armado, para nele se realizar o Campeonato de Mundo de Hóquei em Patins, em 1952.
Um olhar sobre a cidade e ... apenas 2 pontes
Uma vez aqui chegados, deleitados  com o que nos rodeia, aproveitamos para deitar uma vista de olhos sobre a cidade e com este olhar dar-lhe as nossas despedidas e um até sempre pois que, amanhã, o “Angola” regressará a Lisboa!
Gostaria de ver o Palácio da Bolsa, no exterior e os seus belos salões, mas não deu. Fica a intenção e a promessa, numa próxima visita.
E, assim, nos despedimos da Invicta!