terça-feira, 25 de maio de 2010

25 e 26 de Maio de 1914. Chegou à Assembleia Nacional a tempestade em Salvaterra!


No dia 25 de Maio de 1914, na Sessão nº 100, do Senado da República, alguns deputados usaram da palavra para pedir auxílio à população de Salvaterra do Extremo, a passar por grandes dificuldades devido à tempestade que a atingiu. Curiosa a leitura duma exposição, vinda duma antiga funcionária da estação dos Correios.Aqui fica, transcrição de parte dessas declarações:

"O Sr. José de Castro : - eu estava nesta casa quando se recebeu um ofício e se mandava ao mesmo tempo uma representação na qual se descreviam, duma maneira bem sugestiva, os horrores porque está passando a povoação de Salvaterra do Extremo, em virtude dum tufão e duma tempestade que devastou completamente, não só as searas, vinhedos, mas inclusivamente, muitas casas de habitação daquela vila. Parece-me que a conclusão será pedir ao Govêrno que auxilie, com qualquer importância, ou com quaisquer serviços de beneficência, aquela gente, que é muito pobre.
.../
O Sr. Tasso de Figueiredo : - Sr. Presidente:. Em meu nome e em nome do Sr. Martins Cardoso, que comigo representa aqui o distrito de Castel Branco, deploro o desastre que assolou a freguesia de Salvaterra do Extremo.
Esta freguesia foi vítima no dia 8 do corrente duma trovoada, que devastou cearas, vinhedos e arvoredos.
.../
Eu pedia a V. Ex.ª que chamasse a atenção do Govêrno sôbre êste assunto, porque é indispensável que êle tome as providências que são precisas, e se faça um inquérito ao estado, em que ficou esta desgraçada gente, a fim de que se providencie de modo a não faltar o estritamente necessário a êsses povos.
É costume nesta ocasiões os povos serem aliviados de contribuições; embora isso represente algum benefício, acho-o contudo muito pequeno, e é minha opinião que mais alguma cousa se deve fazer, pois êsses povos precisam de dinheiro e são extremamente pobres.
.../
O Sr. Nunes da Mata: - Tratando-se dum acto de justiça, não é demais que eu junte a minha fraca voz a outras mais fortes.
.../
Os povos pois desta freguesia, alêm de merecerem a protecção do estado, neste momento de desolação e cataclismo, visto serem agricultores cuidadosos e solicitos nos seus rudes labores sôbre o seio da terra, são ao mesmo tempo bondosos e generosos, sempre prontos em acudir em auxílio aos seus visinhos necessitados. A êsse respeito, permita-me o Senado que eu faça a leitura de uma exposição escrita que me mandou a encarregada da estação telégrafo-postal de Parede, a qual durante três anos fez serviço na estação de Salvaterra do Extremo, e na qual exposição faz os mais honrosos elogios àqueles bondosos patriotas e altruistas povos.
.../




Também na Sessão da Câmara dos Deputados do dia seguinte, 26, vários deputados se pronunciam sobre o mesmo assunto. Como curiosidade, a intervenção do Presidente do Ministério e Ministro do Interior, Bernardino Machado que, no dia 6 de Agosto do ano seguinte seria eleito o 3º Presidente da República portuguesa.


"O Sr. Deputado Manuel Bravo ocupa-se, também, da situação em que se encontram os povos de Salvaterra do Estremo.../
O Sr. Deputado Joaquim Ribeiro pede providências para que sejam socorridos os povos de Salvaterra do Estremo e trata da importação do trigo estrangeiro. Responde-lhe o Sr. Presidente do Ministério e Ministro do Interior ( Bernardino Machado ).
O Sr. Presidente do Ministério, Ministro do Interior ( Bernardino Machado ) :.../
Sr. Presidente: a catástrofe de Salvaterra do Estremo foi, efectivamente, um facto pungitivo para todos os portugueses, e eu, desde a primeira hora, logo que a notícia me chegou, telegrafei ao Sr. governador civil, confiando em que êle iria, pessoalmente, visitar os nossos conterrâneos que tinham sido vítimas dessa catástrofe e recomendando-lhe que se fizesse acompanhar pelo administrador do concelho, para que êle relatasse imediatamente tudo, e, principalmente, a situação daquela pobre gente, a fim do Govêrno lhe prestar a devida assistência.
Assim, creio que correspondo aos desejos do ilustre Deputado, que são também os meus: minorar, o mais possível, a situação aflitiva em que ficam os nossos conterrâneos de Salvaterra do Estremo.
Tenho dito."


E aqui está como, na Assembleia Nacional, se ia falando de Salvaterra ainda que os motivos não fossem os melhores! Terra de sofrimento constante. Ou guerra, ou fome, ou desmandos da Natureza!

sexta-feira, 21 de maio de 2010

21 , 22 e 23 de Maio de ... 1877. Terrível praga de gafanhotos em Salvaterra !


Selo da Argélia, comemorativo da campanha contra o gafanhoto. Pelo carimbo se pode ver que também é do mês de Maio, dia 25 e de 1989. Pelos vistos ainda vivem sob a ameaça do dito cujo!





Nos dias 21, 22 e 23 de Maio de 1877, tal como o País, Salvaterra foi invandida por uma terrível praga de gafanhotos. A praga foi tal que as pessoas andaram pelos campos a apanhá-los e no fim, depois de bem contados, o resultado da colheita foi:
Dia 21 - 1.291 Kg de gafanhotos
Dia 22 - 2.208,5 Kg "
Dia 23 - 2.232,5 Kg "
Portanto, um total de 5.732 Kg de gafanhotos. É, obra!
Curioso é que, nas Cortes, não se fala de tal tragédia, o que vem a acontecer em 8 de Maio mas de 1901, acerca duma praga, pelos vistos , bem menor!


Dum documento, presumo que da época, que me veio parar às mãos, aqui fica a transcrição:

"Pertencem, provavelmente, os que invadiram o nosso paiz á especie Grillus migratorius, de Linneu, La Sauterelle de passage, de Cuvier.
Foi encontrada esta especie por Barrow, no sul d’America, cobrindo um espaço de duas milhas quadradas, e é mencionado por um correspondente de Kirby, e Spence, o qual em Mahrata, região da India, viu uma columna de gafanhotos de quinhentas milhas de extensão, que obscureciam o sol, como se houvera um eclipse.
O habito d’estes insectos é voarem n’uma columna extensa e cerrada, abaixando-se á terra para se alimentarem, ou cahindo exhaustos de forças.
No mar, formam um arraial immenso, fluctuante, elevando-se em montões, formados pelos esforços dos mais fortes para cavalgarem sobre os mais fracos.
Diz João de Barros, no livro terceiro da segunda Década, capítulo quarto, que com as trovoadas de Guiné, se criam tantos gafanhotos, que cobrem o céo, e abrazam a terra por onde passam; que no interior da Africa algumas vezes se veem nuvens de gafanhotos, que cobrem o espaço de quasi oito leguas de caminho.
Em algumas nações, em pousando os gafanhotos, os matam, e seccos ao sol, em grandes medões, os guardam para mantimento, e que n’aquelles desertos, não chovendo outro manná àquella triste gente, tem por grande praga a falta d’esta praga.
Diz o mesmo João de Barros, que passando uns capitães, por umas povoações alem da cidade de Dabul, pelo rio acima, acharam muitas jarras cheias de gafanhotos em conserva, como vianda muito estimada dos mouros, que se leva como mercadoria do Estreito de Meca para fóra.
Na Relação do novo caminho, que fez por terra e mar, vindo da India para Portugal, diz o padre Manuel Godinho, descrevendo Baçorá, no capítulo XVI:
“Na sua praça foi a primeira vez que vi vender gafanhotos, e também vi que se levavam às rebatinhas: cosem-nos em agua e sal, e não lhes botam fóra mais que as azas e os pés: quando navegam, levam-nos por mantimento, seccos em jarras.
Eu os comi, e achei serem muito bons para quem não tem outra cousa, como S. João Baptista não tinha no deserto.”


Por aqui se pode ver que nem todos os consideravam uma praga. Não será o homem, quem vai desestabilizando o eco sistema? Como qualquer ser, o gafanhoto sempre existiu e não consta que a flora tenha acabado...
Muito provavelmente o homem criou os pesticidas e, com isso, foi destruindo aquilo que, naturalmente, destruía o gafanhoto...
Terá sido?

quarta-feira, 19 de maio de 2010

19 de Maio de ... 1807. Salvaterra e o Regimento de Infantaria nº23!


Soldado de Infantaria, em 1799 (retirado do blog Guerras da Restauração)



Em 19 de Maio de 1807, é criado o Regimento de Infantaria nº 23.
Este Regimento teve origem em 1641, após a Restauração da Independência, quando foi organizado o Terço de Almeida que foi assumindo, sucessivamente, a designação de Terço Velho de Almeida, Regimento Velho de Almeida, Regimento de Infantaria de Almeida e, finalmente, Regimento de Infantaria nº 23.
A este tempo era seu comandante, o tenente-coronel, António José Pires Cardoso, cargo que exercia desde 27 de Janeiro de 1800 e que, por motivo de reforma, deixaria em 24 de Junho de 1807, pouco mais de um mês depois da criação do novo Regimento.
O Regimento de Infantaria nº 23, que recrutava os mancebos de Salvaterra do Extremo, protagonizou várias acções de combate em Portugal, Espanha e até em França.
Decerto, muitos salvaterrenhos terão estado ligados a essas pelejas!

terça-feira, 18 de maio de 2010

18 de Maio de ... 1644. Salvaterra na Restauração de Portugal !


D. Sancho Manuel de Vilhena, 1º Conde de Vila Flor




Neste dia, 18 de Maio de 1644, apesar da desgraça que atingiu o povo da Zarza, não foram atingidos, completamente, os objectivos das tropas portuguesas.
Aconteceu que após D. Sancho Manuel ter lançado, sobre Zarza la Mayor um ataque surpresa, reunindo cerca de 2500 soldados de infantaria e 800 a cavalo, e ter entrado na povoação à força de armas, teve que retirar não sem que tivesse causado elevados estragos, calculados em cerca de 200.000 cruzados. Porém, a desgraça para os zarcenhos iria ser maior porque, após repelirem tal ataque, se deu uma violenta explosão no paiol de munições, instalado numa igreja, que diz-se terá morto mais de 300 pessoas. A este tempo comandaria a guarnição existente em Zarza la Mayor, Giovanni Giacomo Mazzacani-Maza, mais conhecido, entre as tropas por Mazacan. Este comandante, napolitano, terá sido um dos militares que chegou a Espanha acompanhando Gerolamo Maria Caracciolo, Marquês de Torrecuso, que se destacou nas Guerras, da Catalunha e dos Trinta Anos.

domingo, 16 de maio de 2010

Antes que a Primavera se acabe ...



Antes que a Primavera se acabe, aqui vou postar alguns dos seus "flashes" que encontrei no meu quintal. Espero que sejam do agrado dos visitantes deste blogue!
Bem hajam, pela visita!

(As minhas desculpas pois não consegui eliminar a identificação das fotos. Lapsos de principiante. Igualmente é conveniente clicar no som do slideshow do Museu Nacional de Arte Antiga para o "calar" e assim deixar ouvir o nosso amigo Vivaldi. Bem hajam! )

(PS: Satisfazendo o pedido de ilustres visitantes e o meu próprio brio "profissional", foi feita uma alteração no "slideshow". Espero que para melhor! Agora não ouvimos o Vivaldi mas a amiga Mariza. Oxalá gostem!)

quinta-feira, 13 de maio de 2010

Salvaterra na ... Universidade de Salamanca!






Universidade de Salamanca





Aproveitando um curto espaço de tempo em que, neste mês de Maio, não encontrei nada de muito significativo na vida de Salvaterra, vou aqui deixar algumas notas sobre figuras de Salvaterra que cursaram, durante o período da ocupação filipina, na Universidade de Salamanca conhecida, e reconhecida, até aos dias de hoje. Nela cursaram, por exemplo, Abraão Zacuto, astrónomo de origem judaica; Calderón de la Barca, escritor e poeta; Miguel Unamuno, escritor e filósofo, por 3 vezes Reitor desta Universidade; Adolfo Suarez, que foi 1º ministro de Espanha e o Cardeal Mazarino, que foi 1º ministro de Luís XIV, de França.Dos portugueses, salientaram-se Pedro Nunes, matemático e, por último, também de origem judaica, nascido em Castelo Branco, no ano de 1511, João Rodrigues, eminente médico da altura e que todos conhecem por "Amato Lusitano".

Embora a Universidade de Salamanca pareça nunca ter sido estrangeira para os portugueses, principalmente por razões de ordem geográfica e de qualidade do ensino, o certo é que durante o período da dominação espanhola ela se intensificou. Outro factor foi também o da Inquisição, obrigando à fuga de estudantes de origem judaica para evitar males maiores. Circunstância atenuada a partir de 1580, quando a Universidade passou para o controle do Estado. Claro que os estudantes de Salvaterra do Extremo não foram alheios a tal facto. Assim, já antes de 1540 há conhecimento de que:
André Gomes, natural de Salvaterra do Extremo, frequentava os estudos de Cânones e talvez Teologia pois que, em 1540, já seria bacharel.
Posteriormente são conhecidos os estudantes:
Em 1592, Pedro Fernandes, cursando Cânones;
em 1593, Francisco Peres, igualmente cursando Cânones;
de 1594 a 1599, Francisco Remelhado, cursando Artes e Teologia;
em 1596, Gonçalo Jorge, cursando Leis
e por último Francisco da Silva Mesquita, cursando Leis (e Cânones).

Para a história ficam os seus nomes e o reconhecimento da importância que Salvaterra do Extremo, como praça importante e sede municipal, mantinha naqueles tempos!

terça-feira, 11 de maio de 2010

11 de Maio de... 1843! Contrabando em Salvaterra!

Na Sessão do dia 11 de Maio de 1843, na Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portugueza, um deputado, um tal sr. Miranda, resolveu usar da palavra para interpelar o Ministro da Fazenda, acerca dum certo caso de contrabando em Salvaterra.
Como se pode ver da transcrição que se segue, os problemas das Cortes, Assembleias Nacionais ou da República, ou o que lhes quiserem chamar, são sempre os mesmos, só mudam os deputados!!!
Aqui vai então um excerto dessa troca de palavras:

.../
O Sr. Miranda : -
.../
O Orador : - Peço que se renove o pedido : qualquer resposta me serve, e aproveitarei a palavra para mandar o seguinte Requerimento de
Interpellação. – Requeiro que se convide o Ex.mo Ministro da Fazenda para o interpellar sobre contrabandos no Districto de Castello Branco: Sala das Sessões 11 de Maio de 1843. – O Deputado pela Estremadura, João Antonio Rodrigues de Miranda.
Sr. Presidente, é necessário que a Camara saiba que se passam cousas vergonhosas, (Rumor). Não me provoquem; essas provocações são fataes. Não há Camara nenhuma que senão degrade senão consentir que se faça esta Interpellação. Tracta-se do bem da Fazenda. Sr. Presidente, em Salvaterra de Extremo, não há muito tempo, apanharam-se por contrabando 15 cargas de lã : aprehenderam-se as cavalgaduras e a lã : a lã foi mandada entregar, porque era de um homem poderoso ; e as cavalgaduras foram vendidas em hasta publica ; de maneira que parte é contrabando, parte não. O Sr. Ministro da Fazenda sabe tudo isto ; as auctoridades já não querem fazer participações a S. Ex.ª, porque as calca aos pés, e promove esses Empregados contra quem se apresentam documentos de ladroeiras vergonhosas. Eu sei de factos horrorosos...
O Sr. Presidente : - Isso parece já uma Interpellação e mui acremente desenvolvida já pelo Sr. Deputado, parecendo uma acusação ao Ministro que tem de ser interpellado, e que não está presente ( Apoiados).
O Orador : - Eu quero que a Camara saiba que o Sr. Ministro da Fazenda não vem aqui. V. Ex.ª sabe que ao Sr. Ministro da Fazenda teem-se annunciado Interpellações, e elle não vem cá há mais de mez e meio : não vem na primeira parte da Ordem do Dia : é de proposito.
O Sr. Presidente : - Devo prevenir o Sr. Deputado de que está enganado. O Sr. Ministro da Fazenda esteve aqui na Sessão d’antehontem por duas horas, inclusivamente na ultima que é a destinada para as Interpellações : e o Sr. Deputado não estava cá, consulte o Sr. Deputado o Diário de hontem ( Apoiados ).
O Orador : - Eu venho sempre antes de V. Ex.ª, que vem ás vezes fóra da hora, e eu nunca. O Sr. Ministro da Fazenda esteve aqui depois da primeira hora, quando tem logar as Interpellações.
O Sr. Presidente : - Repito ao Sr. Deputado que as Interpellações são na ultima hora, e a essa não estava presente o Sr. Deputado : quanto ao mais, a Camara toda é testemunha de que nem de uma única Sessão se tem demorado a abertura desde que sou Presidente, por eu não estar na Cadeira á hora determinada (Muitos apoiados de toda a Camara ).
O Orador : - Eu já consegui o meu fim.
.../


E este caso estava para durar, pois também teve intervenções na Câmara dos Pares do Reino. Havia que pôr toda a gente a trabalhar...

domingo, 9 de maio de 2010

Tenho um "amigo", chamado Museu...!



Eu sou assim, parece-me ter alguma facilidade em fazer amigos!
Travei conhecimento com ele, por intermédio do meu irmão, teria eu uns 8 ou 9 anos e ele pouco mais de 60. A partir de então e durante a minha adolescência fomos cimentando a nossa amizade e essa foi tal que ficou para a vida!
Ele abria-me o seu “coração” e eu retribuía-lhe, visitando-o.
Por razões de proximidade, de residência, era um “amigo” privilegiado dos passeios domingueiros, até por ser paredes meias com o “Jardim 9 de Abril”, vulgo “Jardim da Rocha do Conde d’Óbidos”, varanda sobre o Tejo, onde rapazes e meninas, imberbes e não só, aproveitavam para pôr em dia os seus devaneios. Que não haja maus entendimentos! Os tempos eram outros! Eu, claro, não fugia à regra!!!
E, das vezes sem conta que o visitei, é desse tempo que retenho as primeiras emoções de rapazinho temente a Deus, perante “As tentações de Santo Antão”, de Jheronymus Bosch (do qual, anos mais tarde, por puro acaso, viria a conhecer a casa onde viveu, em s’Hertogenbosch, capital da Brabantia do Norte, Holanda) que me deixaram verdadeiramente intrigado e temeroso, assim como o quadro “Inferno” de autor desconhecido. Outras pinturas retinham a minha atenção, tais como: “São Jerónimo”, de Albrecht Durer; “O Martírio de São Sebastião”; “Retrato de D. Sebastião”; os “Painéis de S. Vicente”, julgados da autoria de Nuno Gonçalves; os quadros de Domingos Sequeira e de Vieira Portuense; a “Capela das Albertas”, restos do convento de Santo Alberto, ali implantado e destruído pelo terramoto de 1755; os Biombos Namban; a Custódia de Belém, atribuída a Gil Vicente; o mobiliário indo-português, com os seus maravilhosos contadores; as porcelanas e faianças; as peças de ourivesaria, joalharia e arte sacra; o Presépio dos Marqueses de Belas. Pormenor estranhíssimo, para mim, era o elevado número de obras de arte que ostentavam uma pequena placa onde se dizia algo como, “cedido pela Colecção Gulbenkian”. Anos mais tarde eu viria a entender tal mistério! Mas, havia uma pequena sala onde se encontravam desenhos e gessos de trabalhos de Joaquim Machado de Castro que eram o meu enlevo. Foi uma sua gentileza para comigo quando eu andava na Escola Industrial de Machado de Castro!

Esta minha descrição, está bem de ver, é uma pequena súmula do tesouro que o meu “amigo” Museu Nacional de Arte Antiga, vulgo Museu das Janelas Verdes, em Lisboa, nos vai, a todos, dando a conhecer!


(Este texto é a minha participação na Blogagem Colectiva do mês de Maio, levada a efeito pelo blogue http://aldeiadaminhavida.blogspot.com
onde poderá ver e ler outros textos sobre o tema dos museus e, além disso, poderá também comentar os mesmos e habilitar-se a receber um prémio. É só vantagens!)

sábado, 8 de maio de 2010

8 de Maio de...1901...1914...1923. Gafanhotos, tufão e protestos em Salvaterra!


No dia 8 de Maio de 1901, na Sessão nº 75 da Câmara dos Deputados, o Conde de Penha Garcia, deputado da nação, a propósito duma invasão de gafanhotos, teve uma intervenção de certo modo caricata de que a seguir transcrevo parte:

.../
O Sr. Conde de Penha Garcia: - Sr. Presidente: começarei por pedir desculpa, a V.Exª e á Camara, de roubar um ou dois minutos aos trabalhos parlamentares, para voltar a referir-me a um assumpto, para o qual, já por duas vezes, tive a honra de chamar a attenção da Camara.
Mas, Sr. Presidente, V.Exª sabe muito bem, que isso é perfeitamente desculpavel, quando eu vejo deante de mim, para o futuro, a ruina de uma grande parte da minha provincia, invadida pela praga dos gafanhotos, e, provavelmente, a miseria e a fome para uma grande parte da população das regiões actualmente atacadas.
Devo confessar, Sr. Presidente, porque eu gosto sempre de fazer justiça a todos, que o Governo tem providenciado a este respeito, como lhe cumpria, e que o Sr. Ministro das Obras Publicas tem realmente prestado relevantes serviços á minha provincia, empregando todos os meios, que ao seu alcance tinha, para combater efficazmente a praga que actualmente a invade.
Sei que S.Exª. está disposto a auxiliar os agricultores da provincia para que possam continuar a luta, com efficacia, contra o flagello.
E, se hoje pedi a palavra, foi para chamar a attenção do Governo para um facto, que é gravissimo, de uma gravidade excepcional, e que me foi relatado pelo delegado da comarca de Idanha a Nova, certo de que o Governo não deixará, nesta conjuntura, de empregar todos os esforços para auxiliar os lavradores da região, e evitar que o perigo tome proporções maiores das que já actualmente apresenta.
O facto é o seguinte:
Sr. Presidente: até aqui lutava-se na provincia contra a invasão dos gafanhotos nascidos na propria região, producto da postura dos gafanhotos no outono.
Essa luta tinha já dado algum resultado e tinha conseguido, senão debellar a praga, pelo menos reduzi-la e attenuá-la bastante.
Agora, porem, acontece, Sr. Presidente, que dos lados da Hespanha vem uma nova invasão, apresentando a praga uma importancia maior do que a que já tinha.
Sou informado de que na zona da fronteira começam os gafanhotos a atravessar para o nosso país e de que já na região de Salvaterra do Extremo teem sido devastadas algumas cearas.
O que eu desejava era, que o Governo levasse os seus esforços até ao ponto de solicitar do Governo Hespanhol para que, da parte da Hespanha, se collaborasse comnosco na extincção da praga dos gafanhotos que, evidentemente, prejudica toda a região da zona mais importante da provincia de Caceres.
Eu estou certo de que o Governo Hespanhol, a instancias do nosso Governo, não deixará de intervir em uma obra tão importante para a provincia hespanhola e para a nossa provincia.
Peço, pois, ao Sr. Presidente do Conselho que recommende ao Sr. Ministro dos Negocios Estrangeiros, que não deixe de attender a este assumpto, e estou certo de que elle alguma cousa há de conseguir, para que o Governo Hespanhol collabore comnosco no sentido de que a praga seja atacada quanto possível, e ao Governo, em geral, peço que redobre de esforços para que os gafanhotos que veem de Hespanha não venham juntar-se áquelles que já temos na provincia.
.../

Naqueles tempos, de Espanha:"Nem bons ventos, nem bom gafanhoto"! Gafanhotos, sim, mas só com "passaporte"!

No dia 8 de Maio de 1914, já em plena República, foi Salvaterra assolada por um tufão e uma tempestade que devastou completamente, não só as searas e vinhedos mas, inclusivamente, muitas casas de habitação.
Esta tragédia iria ser falada no Senado da República.




No dia 8 de Maio de 1923, fazendo eco das vozes de muitos católicos que se sentiam incomodados com tudo o que se passava no relacionamento da República com a Igreja, chegavam à Câmara dos Deputados muitos “telegramas aprovando as reclamações dos católicos”, entre os quais os de Salvaterra do Extremo.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

7 de Maio de...1704. Salvaterra, cai nas mãos de Espanha!

Duque de Berwick

Em 7 de Maio 1704, devido ao problema da sucessão ao trono espanhol e, como Portugal apoiava o candidato austríaco, o arquiduque Carlos, dos Habsburgos, Salvaterra foi ocupada e saqueada pelo duque de Berwick (filho ilegítimo de Jaime II, de Inglaterra) e o general D. Francisco Ronquillo, ao comando de um exército franco-espanhol de 10.000 homens, partidários de Filipe V, candidato bourbónico.
A ocupação duraria cerca de 1 ano (4 de Maio de 1705), dia em que o Marquês das Minas pôs tudo como dantes!

A entrada de Portugal nesta Guerra da Sucessão espanhola, teve um desfecho inesperado. Por muitos e variados motivos, depois do Marquês das Minas entrar em Madrid, como grande triunfador, os desígnios políticos alteraram-se e ele foi deixado desapoiado e regressou a Portugal, sem honra nem glória. Os interesses políticos falaram mais alto e o apoio mudou de rumo, em sentido contrário!

quinta-feira, 6 de maio de 2010

6 de Maio de ...1882. Salvaterra na Câmara dos Deputados!










É verdade! No dia 6 de Maio, de 1882, na Câmara dos Deputados, alguém se lembrou de que Salvaterra, que em 1855 tinha perdido o seu estatuto de sede de concelho, ainda existia e que, tal como hoje, sofria os efeitos da interioridade. Foi então que, o deputado Franco Frazão, eleito pelo círculo de Castelo Branco, usou da palavra para dizer o que a seguir se transcreve, do "Diário da Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portugueza", da Sessão desse mesmo dia:

.../
O sr. Franco Frazão: - Desejo chamar a attenção do governo para o estado lastimoso da viação publica no districto de Castello Branco, provincia da Beira Baixa.
Aquella provincia não tem uma única ligação completa com o resto do paiz, em uma raia de 18 leguas não tem uma estrada nova que a ponha em communicação com o reino vizinho.
Isto é o mais deploravel estado em que póde encontrar-se a viação de uma provincia em pleno 1882.
Eu pedia pois ao sr. ministro das obras publicas que mandasse activar os trabalhos da estrada de Castello Branco a Segura e Salvaterra, para termos pelo menos este ponto de ligação com o reino vizinho, que mais adiantado do que nós tem a sua corteva concluida até á ponte de Segura.
Como disse, em 18 leguas de raia não temos communicação com os nossos vizinhos, e para o lado do sul do reino temos apenas uma ligação, mas imcompleta, porque nos falta a ponte do Tejo, o que obriga a baldeações incommodas e despezas.
O sr. ministro das obras publicas deve prestar toda a sua attenção a este importantissimo assumpto, fazendo com que o districto de Castello Branco tenha uma ligação completa de viação publica com o sul do reino, com o caminho de ferro do leste, e portanto com a capital. Seguramente a construcção da ponte sobre o Tejo em Villa Velha é uma das necessidades mais instantes de viação publica do districto de Castello Branco, que tem sido injustamente retardada há bastantes annos.
Já vê v. ex.ª que digo com verdade que é lamentavel o estado da viação do districto de Castello Branco.
.../


Depois de muitas promessas eleitorais,(onde é que eu já ouvi isto?), que chegou a meter colocação de bandeirolas para marcar o trajecto da estrada, e tudo, e as mesmas serem retiradas logo após as eleições,(Portugal, não muda mesmo nada!), o certo é que, desta vez, a estrada chegou ao adro de Salvaterra nesse mesmo ano de 1882!
Mas, que não haja ilusões, o alcatrão viria muitos anos depois!

quarta-feira, 5 de maio de 2010

5 de Maio de...1319...1705...2007, na vida de Salvaterra!


Neste dia, em 1319, fruto do tombo ordenado por si, o rei D. Diniz,por carta régia, decidiu que a vila de Salvaterra da Beira faria parte da Comenda de Santa Maria da Ordem de Cristo. Esta Ordem fora recém-criada, em 14 de Agosto de 1318, a seu pedido, pela necessidade de manter a luta contra os muçulmanos e a defesa da fronteira Sul, e foi confirmada pela Bula Ad ea exquibus do Papa João XXII, de 14 de Março de 1319, devido à extinção oficial, no Concílio de Viena (1311-1312), da Ordem dos Cavaleiros do Templo, retirando assim à vila de Salvaterra alguns dos privilégios e isenções adquiridos através do Primeiro Foral.
Nessa mesma data, de 5 de Maio de 1319, e o castelo de Segura já construído, com os dinheiros provenientes da isenção dos pagamentos desta terra a Salvaterra, o rei D. Dinis doou a vila de Segura à Ordem de Cristo, retirando-a da jurisdição de Salvaterra.

Igreja de Zarza la Mayor, onde se podem ainda ver estragos causados por muitas das lutas da Guerra da Restauração

Também no dia 5, mas de 1705, e após a reconquista de Salvaterra, o Marquês da Minas encetou uma operação de retaliação sobre Zarza la Mayor. Esta não ofereceu muita resistência e a história, já habitual, repetiu-se. Foi tomada e mandado fazer saque para se ressarcir dos danos recebidos no ano anterior, sendo que nesse saque participaram, além dos soldados, muitos populares. Para que a destruição fosse completa mandou, de seguida pôr fogo à vila, demolir os edifícios e tudo o que fosse fortificação.
Há quem diga que, após a reconquista de Salvaterra, o Marquês das Minas reuniu com os generais e tomaram a iniciativa de avançar sobre Madrid!
Este ciclo só terminou em 1713!


A ponte/açude, dita do Vau de Idanha

Por último, no dia 5 de Maio de 2007, foi inaugurada a ponte/açude sobre o rio Erges, obra ansiada há muitos anos e que permite um maior estreitamento das relações, já de si bastante fortes, entre os povos das duas margens que, mau grado todas as vicissitudes da história, sempre viveram de frente um com o outro e se apoiaram nas horas más! A ponte é apenas uma passagem, para a outra margem!

terça-feira, 4 de maio de 2010

4 de Maio de ... 1705. A reconquista de Salvaterra!

Armas da família Sousa (Marqueses das Minas)









Escudo de Filipe V, de Espanha


Arquiduque Carlos II da Áustria (Carlos VI, Imperador da Alemanha)

No dia 4 de Maio, de 1705, D. António Luís de Sousa, 2º Marquês das Minas, saído de Almeida com um exército formado com as tropas da província da Beira e muitos homens do Minho, chegou a Salvaterra, ocupada pelas tropas espanholas desde o ano anterior (devido à Guerra da Sucessão de Espanha) e reconquistou-a!
Mas a história não acabaria assim e, amanhã, terá continuação...

domingo, 2 de maio de 2010

2 de Maio de...1229. O foral de Salvaterra!


Neste dia, 2 de Maio de 1229, na cidade da Guarda, D. Sancho II atribuíu foral (seria o 1º) a Salvaterra que, naquele tempo, ainda não era do Extremo e era guardada pelos cavaleiros da Ordem do Templo!
À Ordem dos Templários que se encontrava na Península Ibérica desde 1128, e tinha ajudado D. Sancho II na conquista de Salvaterra aos Almóadas, em 1226, tinha o Rei entregue a sua guarda (terá sido ao Mestre Martin Sanchez, o 12º mestre da Ordem em Portugal e o 2º nos três reinos, Portugal, Castela e Leão).

D. Sancho, o segundo,
lhe deu foral, o primeiro
e Salvaterra entrou no Mundo
para um lugar cimeiro.

O rei aos Templários a cedeu
para que dela cuidassem,
cobrassem algum de seu
e também a povoassem.

2 de Maio. Dia da Mãe, Dia das Mães!!!

Para todas as Mães, colhi esta rosa no canteiro do meu quintal!



E, em especial, para a minha MÃE !!!
No Dia da Mãe aqui venho
e a todas as mães eu digo:
- A minha mãe, já não tenho
mas, trago-a sempre comigo!

Para mostrar o meu carinho
uma flor não lhe posso dar,
mas chamo por ela, baixinho,
e um beijo lhe vou deixar!

sábado, 1 de maio de 2010

O mês de Maio nos desígnios de Salvaterra do Extremo...

Ao longo dos tempos, o mês de Maio tem sido pródigo em acontecimentos na história de Salvaterra.
Posto isto, vou tentar, durante este mês, relembrar esses acontecimentos tão marcantes.
Assim, espero que alguns os relembrem e outros os venham a conhecer!

No dia 1 de Maio, mas em 2005, durante o IV Convívio Ibérico, o presidente da Junta de Freguesia de Salvaterra do Extremo dizia faltar apenas o aval do presidente da Confederação Hidráulica das Águas do Tejo, para se iniciar a construção da ponte sobre o rio Erges.


Hoje, dia 1 de Maio de 2010, no Dia do Trabalhador, houve novo Convívio mas agora, como desde 2007, já com a ponte-açude, anseio de muitos e muitos anos, como pano de fundo. E, foi ver, os povos das duas margens dando as mãos, esquecendo desentendimentos de antanho e usando o Erges como traço de união!