quinta-feira, 29 de abril de 2010

29 de Abril de ... 1991 !


Dezanove anos passaram,
mas foi ontem, na verdade.
A todos os que cá ficaram
deixaste Amor e Saudade!

Dizem que o tempo se esvai
e que o tempo, ele, tudo cura.
O tempo, esse, levou meu pai.
A sua memória, essa, perdura!

Tanta vida, já passada,
e da cabeça não me sai,
está em mim, entranhada,
a memória de meu PAI!

domingo, 11 de abril de 2010

Salvaterra e os mistérios da História

O Chafariz da Devesa



No dia 12 de Maio de 1758, nas “Memórias Paroquiais”, escrevia o Vigário de Salvaterra do Extremo, Frei Sebastião Pires Moreira:
“A praça dentro em si tem três poços de água, que só a conservam até Agosto, de sorte que no Verão padeceria grande esterilidade se não fora uma fonte que se fez no ano de mil setecentos e cinquenta e sete no sítio do Senhor da Pedra, distante da praça dois tiros de bala, que dá abundante água todo o ano, e um poço chamado de S. João, distante de tiro de bala, que haverá vinte anos que se fabricou, que também não seca, senão por anos de grande esterilidade. Fora da praça para a parte do Poente há uma ponte com duas guaritas e uma casa arruinada, cujo muro terá de altura quinze palmos e de largura sete, e junto a este está outro poço a quem faltam as águas nos meses de Verão.”

Portanto, neste documento, refere-se “uma fonte que se fez no ano de mil setecentos e cinquenta e sete no sítio do Senhor da Pedra (hoje capela de Nossa Senhora da Consolação, junto à Deveza), distante da praça dois tiros de bala, que dá abundante água todo o ano”. À primeira vista pareceu-me que esta fonte seria o Chafariz da Devesa, hoje chamado de “Fonte Joanina”, conforme placa afixada no mesmo.


Porquê essa designação se, à data da sua construção, reinava D. José I?
Porém, para aumentar a confusão, pode ler-se, inscrita lateralmente numa das pedras, a data de 1773! Ainda reinava D. José I!



Será que a fonte referida nas Memórias Paroquiais é o chamado “Chafariz de Ferro”?

Refere-se também, na placa, que esta era uma antiga fonte de chafurdo. A ser assim, porque não é ela referida nas citadas Memórias?
Também, em minha opinião, é pouco crível que essa fonte servisse para a lavagem de roupa, sabido que a higiene do povo não era coisa por aí além, para mais dada a escassez de água. As roupas, a serem lavadas, seriam as dos senhores, fidalgos e lavradores. Ora, custa a crer que, em plena Devesa, praticamente a única fonte existente fosse utilizada para as lavagens e para o gado se dessedentar (com água das lavagens?). Era uma zona de pastagem e decerto conspurcada por dejectos animais. Nada própria para pôr a roupa a corar ao sol. Se em pleno século XX as pessoas ainda iam lavar a roupa à Ribeira (rio Erges), onde, apesar da canseira da caminhada, tinham todas as condições naturais, água corrente, sol e um prado limpinho, porque estranha mania o não faziam nos tempos de antanho? O facto de haver lutas regulares entre os dois vizinhos fronteiriços, não colhe, pois os campos eram cultivados e havia comércio normal entre os povos.

Quem souber e quiser, poderá avançar com alguma explicação para mais este enigma histórico! Eu, pessoalmente, agradeço!

quinta-feira, 8 de abril de 2010

Salvaterra e o Bodo de 2010

Após a ida ao Bodo da minha terra, não quis deixar de postar aqui alguns dos momentos por mim vividos. É a minha minha primeira experiência com o "slide show" e espero que não defraude as expectativas. Se a mostra não corresponder, o problema é do fotógrafo que não da Festa. Bem hajam pela vossa visita e desculpem "qualquer coisinha"!

Uns versos, por mim feitos há já algum tempo, dão sentido às imagens!



O ar puro que se respira
sabe bem e põe-nos leves
e no inverno, se longe se mira,
lá ao fundo se vêem neves.

Plantada em alto monte,
donde a vista é tamanha,
olhando bem, defronte,
se vêm terras de Espanha.

Em cada pedra há história
nesta vila tão velhinha
com um passado de glória
esta terra é a minha.

Depois da campina de Idanha,
do Extremo se chama a terra,
altiva, mirando Espanha,
conhecem-na por Salvaterra!

E, caminhando pela estrada,
tem, do lado direito, o Cruzeiro
desta terra abençoada,
abençoando o forasteiro.

Tem, Santa Luzia e Santo António,
mais a Igreja da Misericórdia,
para afastar o Demónio
e o povo ter concórdia.

Mais abaixo, na Deveza,
a Senhora da Consolação,
onde o povo canta e reza,
espalhando sua devoção.

Devoção antiga é essa
a que acorre o povo todo!
Assim se cumpre a promessa
e se serve um lauto Bodo!

São sempre mais de mil
que da Santa honram o nome
e onde até, na Guerra Civil,
muito espanhol matou a fome.

O Pelourinho na Praça,
símbolo perfeito e fiel,
representa, para quem passa,
o foral de D. Manuel.

Tem o Calvário e o Cruzeiro,
pedra dura, trabalhada,
junto ao cemitério, o primeiro
e o outro, logo à entrada.

Haverá terra maior
ou alguma mais na berra
mas para mim, sem favor,
a melhor é Salvaterra!