domingo, 26 de janeiro de 2014

Eu e ... os Concursos ou, as "Minhas habilidades" ! (1)

Muito por acaso, mas talvez por alguma predisposição natural para testar as minhas capacidades, como já em tempos expliquei, embora tímido, cedo comecei a entrar em Concursos.
Teria os meus 10 ou 11 anos e entrei num concurso da “Joaninha”, suplemento infantil da revista “Modas e Bordados”. Claro que não foi nenhum trabalho de “crochet”, ou “ponto de cruz”, era apenas colar e pintar, uma espécie de “puzzle” de rectângulos de papel, onde o resultado final era o mapa de Portugal! Fui contemplado com um livrito, que não recordo o nome e que ofereci a uma minha prima, mais nova que eu.


Cinzeiro martelado
Só uns anos mais tarde, aos 16 anos, estando nas oficinas da AGPL, resolvi fazer um trabalho (um artístico cinzeiro forjado, em chapa martelada) não propriamente para ganhar fosse o que fosse mas para participar nos Jogos Culturais do Pessoal da A.G.P.L., uma vez que eles até davam uma medalha comemorativa e tudo.

Foi ainda neste tempo que eu me armei em miniaturista. Foi mais um devaneio! 

Aqui estão, uns martelinhos!!!
Até aqui, nada de especial. Coisas banais e absolutamente normais.
Porém, com a entrada para o Estaleiro da CUF e a  participação no Concurso Provincial de Trabalho da Mocidade Portuguesa, tudo começou a mudar. Agora já não era um mero capricho pessoal. Tratava-se de ir representar uma empresa conceituada!
Sem saber muito bem como me iria sair deste problema, lá me fui treinando e mentalizando e dizendo que não havia de ser nada. Perder ou ganhar tudo é desporto e eu só queria jogar!
Ouvidos os conselhos de quem sabia e munido duma caixa de ferramenta que pesava cerca de 20 kg, lá me dirigi às oficinas do Instituto Superior Técnico, onde decorreria o Concurso. Escusado será dizer que os meus 3 colegas de empresa me apoiavam, tal como eu a eles. Pouco mais podíamos fazer!

Durante uma semana, decorreu o Concurso e prognóstico quanto ao resultado, nem no final deste. Somente a sensação de dever cumprido! Apenas uma semana depois chegou a notícia de que eu tinha ganho o mesmo. Ainda hoje acredito que apenas ganhei porque um operário da Fábrica Nacional de Material de Guerra, rapaz já com 21 anos, sobreavaliou as suas capacidades e resolveu passar uma tarde no cinema Império. Como sempre, o mal de uns será o bem de outros! Agora havia que assentar os pés no chão e rumar à fase seguinte, o Concurso Nacional.
Este foi bem mais fácil. Não só a concorrência era de nível inferior como a experiência anterior já ajudava. Tudo fácil e de novo venci o Concurso!
Ironia das ironias! Eu que apenas 3 anos antes, tinha sido, de acordo com as notas que me foram atribuídas na disciplina de Oficinas de Serralharia, na Escola Industrial Machado de Castro, dado praticamente como sendo uma total nulidade para o ofício. Quanto a mim a explicação para tal facto era bem outra, mas ficará para outro dia. Quem sabe!

Pena que, por motivos escolares e não só, mas isso também seria assunto para outra conversa, fiquei impedido de representar a empresa e o país no Concurso Internacional que se realizou em Bruxelas, onde se realizava, ao tempo, a Exposição Universal. Outro o fez e com todo o mérito!


Medalha do Concurso Nacional
Não se ficou por aqui a minha ligação aos concursos da Mocidade Portuguesa. Foi o caso que, 2 anos passados, já como desenhador, fui indicado para concorrer na classe de Desenho Industrial. Depois dalguns percalços, tudo correu dentro da normalidade e acabei por obter o 2º lugar. Nada mau! E aqui terminou a minha aventura de concursos em termos profissionais.

Medalha de "Valor no Trabalho", que encerrou este ciclo da MP
Outros desafios e “habilidades”, viriam no futuro. 

(continua)






quarta-feira, 15 de janeiro de 2014

Eu ... as "Velhas Oportunidades" e a CUF !

Depois de uma passagem pelas oficinas de serralharia, da Sociedade Argibay de Reparações Navais (9 meses)  e da 10ª repartição da AGPL (16 meses), coube-me ingressar, como aprendiz de serralheiro mecânico, no Estaleiro Naval da CUF. Eram tempos de aprendizagem em que quem quisesse singrar teria de trabalhar durante o dia e estudar à noite. Eram o que se podiam chamar, as “Velhas Oportunidades”. Quando hoje ouço falar nas dificuldades que se põem a quem quer estudar, lembro os milhares que frequentavam os cursos nocturnos, comercial e industrial, e enchiam as escolas. Pessoalmente, não me posso queixar muito, e tal como eu algumas centenas de aprendizes do Estaleiro pois nos eram dadas condições que não se encontravam noutras empresas. No Estaleiro, os aprendizes, diariamente, tinham 2 horas para estudo que, nalguns casos, até podia ser acompanhado. Tinham horas para ginástica e, ou, para natação. Acrescido a tudo isso, tinham os livros de que necessitavam e que devolviam no fim de cada ano, além de prémio monetário por aproveitamento. A estas condições de trabalho, havia durante cerca de um ano, toda um fase de aprendizagem da profissão. O resultado disto era de que não só se preparavam profissionais que iam aumentar a qualidade da produção do Estaleiro, como a do mercado de trabalho, uma vez que muitos dos que passavam por esta aprendizagem, saiam para outras empresas, onde teriam entrada directa dado o seu “currículo”. 
A simples marca “CUF”, era sinónimo de qualidade garantida. 

Alguns, muitos, continuavam na empresa e chegariam a lugares de gestão intermédia e até superior.
Durante o período de aprendizagem, na oficina de Mecânica, havia que começar por aprender a limar e, dum pedaço de vergalhão em aço macio (vulgo, ferro), fazer um cubo nas dimensões pretendidas.

Cubo (1º trabalho) e trabalho de ajustamento (último trabalho) (ver Nota *)
Seguia-se, então, o fabrico de esquadros, compassos, escantilhões, serrote e graminho, que fariam parte da caixa de ferramenta do futuro profissional!

Cerca de 1 ano de aprendizagem!
Esquadros, compassos, escantilhões, punção de bico, riscadores,
chave de porcas de castelo, suta e peças soltas (no canto superior direito)(ver Nota **)



Serrote ( desmontado )

Serrote, completo com folha e ... pronto a funcionar!
Durante este período de aprendizagem, um monitor, periodicamente, ia fazendo a apreciação dos aprendizes quanto a comportamento e qualidade de trabalho e foi desta maneira que eu e mais 3 colegas fomos indicados para representar a empresa no Concurso Nacional de Trabalho, organizado pela Mocidade Portuguesa.
Mais uma vez a Mocidade Portuguesa no meu caminho!

Disso falarei mais tarde!

Nota * : Estas peças, posteriormente, para conservação, foram cromadas!
Nota **: O aspecto, talvez pouco recomendável, destas ferramentas, deve-se à camada oleosa de protecção (seca dado o passar dos anos). No entanto, garantia do produtor, depois de convenientemente limpas, apresentam um aspecto que diria, como na numismática, "flor de cunho"!

quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

As minhas J(o)aneiras !

Não querendo quebrar uma tradição, aqui estou com as Minhas J(o)aneiras! Se vos agradarem, acompanhem-nas com música a condizer! Bem hajam!

(retirado de www.livrosnareia.blogspot.pt)

Boas festas, boas festas,
grita o povo em unidade. 
Mas que festas serão estas,
se é tanta a austeridade?

Boas festas, boas festas,
Olhai um recanto tão belo!
É um estaleiro, boas festas,
ali em Viana do Castelo!

Boas festas, boas festas,
Venham todos, venham ver!
É o “Atlântida”, boas festas,
aqui no Alfeite, a apodrecer!

Boas festas, boas festas,
onde a corrupção é hino
e o povinho, boas festas,
dá boas festas ao Isaltino!

Boas festas, boas festas,
se na Suiça tem o “fruto”
e também, boas festas,
na "grelha", fuma charuto!

Boas festas, boas festas,
esta festa está bem viva
e o Orçamento, boas festas,
nem fica de preventiva!

Boas festas, boas festas,
bolo rei p’ra toda a gente
e também, boas festas
e a fava, p’ró Presidente!

E é este povo abençoado
e de mente tão impoluta,
que anda a ser governado (?)
por filhos da ... má conduta!

Boas festas, boas festas,
que eu não quero enfadar,
vou dar já as Boas Festas,
mas mais teria p'ra cantar!