terça-feira, 28 de junho de 2011

Quadras para a noite de São Pedro !

Não quis deixar passar as festas de São Pedro sem lhe dedicar dois grupos de quadras.
Aqui ficam elas, na esperança que também este santo seja paciente connosco e nos ajude a abrir as portas deste nosso caminho, de portas cada vez mais fechadas! E, já agora, não leve a mal a minha brincadeira.



São Pedro, fez-se maroto
e entrou numa brincadeira,
viu em baixo um tecto roto
abriu, lá de cima, a torneira!

Não verá que a brincadeira
cá em baixo causa mágoa?
Limita-se a abrir a torneira
e sem dizer: “Lá vai água”!


Que São Pedro fora detido,
e a notícia me deixou mudo.
É dito, culpado e arguido.
Tem chaves que abrem tudo!

Ao ser presente a tribunal
foi ilibado e solto, o réu,
porque as chaves, afinal,
só abrem as portas do Céu!

quarta-feira, 22 de junho de 2011

São João, "up to date" !

Não querendo deixar passar esta época, de folguedos, sem prestar o tributo ao meu santo, aqui deixo, tal como me sairam, dois "alhos porros" que suponho terem alguma actualidade. No entanto, foram feitos na esperança de que o santo, tão habituado aos baptismos, nos verta sobre as nossas cabeças, principalmente às "pensadoras", alguma da sua água benta. Se for necessário, até nos pode mergulhar completamente. Estamos no Verão e o povo agradecia!
E "Viva, o São João"!



------------- I --------------

São João dá-me os braços,
dancemos até horas mortas,
ensina-me a dar os “Passos”
sem bater muito no “Portas”.

Preciso muito da tua ajuda
e, como sabes, confio em ti.
Dizem que, agora, tudo muda
pois que a culpa, é só do FMI!

Cá na minha modesta opinião,
que eu a foguetes já não corro,
te peço e imploro, ó São João,
dá-lhes bem com o alho porro!

E se alguém por isso protestar,
ou reagir de qualquer maneira,
castiga-os e manda-os saltar
as chamas da tua fogueira!

Dizes-me que sou agoureiro
vejam bem, quem tal diria,
quem aguentou o “inginheiro”
também aguenta a maioria!

Ainda, para terminar, te digo,
meu grande amigo, São João.
A direita não vai ser um perigo.
A culpa, é sempre da oposição!


------------- II -------------

São João pr’a ver as moças
fez linda fonte, prateada,
as moças não vão à fonte,
que a fonte já foi roubada!

São João foi levantar dinheiro
pr’a fazer festa de “arromba”,
alguém arrombou, primeiro,
o “Multibanco”. À bomba!

São João, de rua em rua,
procurou ele, pelo FMI,
só enxergou a luz da lua
e a tal crise, que anda aí!

Procurou por todo o lado
pois queria festa de truz,
o FMI não foi encontrado,
queixou-se ao Menino Jesus.

Porta-te como um ser humano,
meu bom e devoto São João!
Volta cá, de novo, pr’ó ano,
mas só de arquinho e balão!

E, vem só com a pele do cordeiro.
Ninguém nota, ninguém se zanga,
porque por aqui, já o povo inteiro
anda há muito tempo, de “tanga”!

A crise todos ataca, e é tanta,
mas deixa lá, não faz mal,
também eu enrolo a manta
e só apareço lá pr’ó Natal!

Se for bom o comportamento,
e te portares com juizinho,
pode ser que te dê aumento
e o encontres no sapatinho!

quarta-feira, 15 de junho de 2011

Noites de Junho nas Termas de Monfortinho !

Passado que foi o Santo António e enquanto não chega o São João, deixo aqui um artigo, escrito por Urbano Tavares Rodrigues, inserto no jornal “ Notícias” de Lourenço Marques, de 22/07/1964


NOITES DE JUNHO NAS TERMAS DE MONFORTINHO

A água azul da noite filtra estas estrelas familiares, e tão distantes!, a lua, quase amarela, anuncia mais uma trovoada para amanhã; adolescentes, que soltaram as tranças, pulam a fogueira de São João; e a grafonola manhosa, que às vezes repete incansavelmente uma só palavra perdida, fez voltear dez pares no terreiro de baile improvisado, junto da estação de serviço. A noite cheira a flores, a essas flores brancas, suaves, adocicadas, do Parque da Fonte Santa. Nos fins do mês de Junho, diminui o afluxo de aquistas às Termas de Monfortinho. E, contudo, a avaliar por este ano não deve haver melhor época para banhos e repouso, com tempo sereno e morno, que uma ou outra trovoada breve não deixa aquecer em demasia: os montados fronteiriços, quietamente dramáticos, os trigais de um louro torrado, os visos rochosos e os fundos verdes da mata que conferem às Termas a sua dignidade, recortam-se na mais pura atmosfera que se possa imaginar, rival das terras secas do leste mediterrânico reportadas pela sua claridade imarcescível.
Até a voz da Amália, esta noite, aqui chega. Algures, numa vivenda de persianas já cerradas ou numa das muitas pensões onde a luz continua a palpitar, magicamente essa voz, envolta em febre, nasce, brusca, fonte de tristeza exaltante, corre pela noite tépida, e fere: “Ao menos ouves o vento” “Ao menos ouves o mar!”.
As raparigas dançam, mesmo umas com as outras, à falta de varões, embora daqui não tenham seguido muitos para o Ultramar. O estridor dos “paso-dobles”, vindo do lado de lá da fronteira, cornetim de bilhetes postais de há vinte anos, abafa o lamento que a grande trágica do fado arranca deste poema tão belo do David Mourão-Ferreira.
A iluminação das Termas de Monfortinho, que se vê de muitas léguas em redor, recompõe as casas, as árvores, que ficam poalhadas de ouro, matéria escultórica de um luxo fugadíssimo, embebido de noite, desta mesma noite plena de grilos, de ralos, de gritos de pássaros, da respiração olente da terra, do chiar do saibro sob os passos...Se há obra que nesta região se impõe, por ser não só de utilidade local, mas de evidente interesse nacional, é a ligação por estrada das Termas de Monfortinho com Penha Garcia, que aqui daria acesso aos viajantes do Norte desejosos de conhecerem e fruirem as belezas e os benefícios deste oásis vivente pousado entre montanhas, nos páramos, tão gratos a um olhar de artista, desta Beira Alentejana que culmina nos barrocais de Salvaterra do Extremo. Já, anos atrás, bati nesta tecla, e não me parece demais insistir, até porque, uma vez resolvido (o que não deveria tardar muito) o problema da ligação rodoviária com Cória e da consequente ponte internacional, que há-de aqui construir-se sobre o Erges segundo toda a lógica, os turistas vindos de Espanha, que hoje deploram a falta de uma via directa para o Norte e Nordeste, sem a perda de tempo da deslocação a Castelo Branco, seriam então em número cada vez maior. Além de que as instalações hoteleiras das Termas de Monfortinho, simplesmente consideradas até como ponto de paragem, pedem meças a quantas cidades!
Se a hora é de atenção ao turismo no domínio económico, não há dúvida de que esta terra privilegiada pela natureza, que a dotou, ademais da beleza, com águas que tantos males suavizam e curam (os hepáticos que o digam e os reumáticos, os nefríticos e, entre outros pobres de Cristo ou ricos pobres pelas maleitas, os que padecem de dermatoses e alergoses), estas Termas de excepcional encanto e virtude merecem, de facto, a melhor das atenções, para que depressa se convertam no centro internacional que nos parece ser o seu próximo destino.

domingo, 5 de junho de 2011

O meu "Bem-haja" a Santo António !



Este ano o Santo António chegou, a este blogue, antes da data prevista. Por esse facto aqui fica o meu agradecimento.

BEM-HAJA, SANTO ANTÓNIO

Ó meu rico Santo António,
meu santinho tão milagreiro,
livra-me a mim do Demónio
como livraste do engenheiro!

Meu santinho, eu te acredito
e quero seguir o teu conselho
mas, vou ver-me muito aflito
com os “passinhos de coelho”!

Segui, pois, a tua opinião,
que eu de ti sou um devoto,
foste quem guiou a minha mão
ao pôr na urna o meu voto!

Meu santinho, a verdade,
deixemo-nos cá de tretas,
prega sermões à vontade,
política, não te metas!

Mas, vou pedir e aconselhar.
Meu santinho, não me deixes!
Se pensas aos homens pregar,
mais vale pregar aos peixes!

quinta-feira, 2 de junho de 2011

"Salva a Terra" !

Salvaterra, terra de acolhimento dos povos que se viam perseguidos pelos invasores, cujo topónimo nos indica que é uma “terra de pôr a salvo” e que o foi durante séculos, também agora é uma terra que continuando a acolher quem a visita, se transformou numa terra de acolhimento e refúgio da natureza. Aqui encontram sossego as vidas, animal, vegetal e até mineral. E, assim, temos que em Salvaterra, nos dias 9, 10, 11 e 12 deste mês de Junho, promovido pelo CERAS (Centro de Estudos e Recuperação de Animais Selvagens) se realiza um
"Ecofestival" cujo nome não podia ser mais apropriado, “Salva a Terra”.


Assim Salvaterra, propõe-se não só salvar os povos mas a própria Terra, pois por aqui nidificam e vivem espécies tais como a cegonha-preta (Ciconia nigra), o grifo (Gyps fulvus), o britango (Neophron pernopterus), a águia-real (Aquila chrisaetos) ou a águia de Bonelli (Hieraatus fasciatus) e muitas outras aves de menor porte e animais terrestres, não esquecendo a vegetação e a riqueza geológica.








Do evento, que espero se realize (ao contrário da descida do Erges que ainda estou para saber porque não se realizou), que seja um êxito não só para a organização, como para Salvaterra e, já agora, que seja o pequeno contributo desta terra para justificar o seu lindo nome.


(Para mais informações, é favor pesquisarem o blogue "Salva a Terra", no Facebook)