Hoje, apresento um desenho ( 45 cm x 35 cm ) que fiz, com os meus onze anos.
Não estou a ser totalmente verdadeiro! Acontece que o jornal “O Primeiro de Janeiro”, um dos muitos a que tinha acesso, trouxe, na sua primeira página do exemplar do dia 1 de Janeiro de 1952, um desenho alusivo ao Ano Novo. Gostei porque, além de bonito e ingénuo, era a cores. Ora, como gostei do tal desenho e estava a iniciar-me, na Escola, no uso de aguarelas e guaches, apesar de não me sentir muito habilitado nas artes desenhísticas, agarrei num pedaço de “papel de cenário” (hoje já um pouco amarelecido, por efeito da passagem dos anos) e fiz uma espécie de decalque do desenho do jornal. Isso deu-me as linhas base para fazer o “meu” desenho. A parte boa foi depois! Munido dum pincelinho “Pelikan” nº 1 ( passe a publicidade ), dum pincel Nº 4, mais modesto, e duns tubos de guache ( as cores elementares ) também “Pelikan” que eu, apesar de não nadar em dinheiro, bem pelo contrário, não me via a trabalhar com produtos de qualidade inferior pois deixavam muito a desejar e seria maior o prejuízo. Esta era uma marca que não era muito cara e seria o que hoje se pode chamar a “Escolha Acertada”. Haviam outras marcas, como a “Caran d’Ache” ou a “Wisdon”, mais caras.
Posto isto, lá fui fazendo os contornos com o pincelinho e o guache Preto. Contornos tão fininhos que ainda hoje me admiro de os ter feito. Caneta de tinta da China ali não entrou. Até porque não estava ainda familiarizado com essa técnica e um simples borrão podia deitar tudo a perder. Depois, foi só deleitar-me com a escolha e o processo de fabrico das cores. Era mais um bocadinho de Branco, menos Vermelho, mais Azul, mais ou menos água nos “godets”. Ah, e o Amarelo! Esta cor era muito importante para os verdes, os castanhos, os cremes e para outras descobertas.
Levou algum tempo a ficar pronto pois as tranças da menina e os pés da mãe, os pratos, enfim, os pormenores, deram-me água pela barba.
Mas, valeu a pena, pois ainda hoje o conservo e o venho aqui mostrar!
Já agora, depois duma observação mais atenta, vários são os pormenores que dele ressaltam. O primeiro, é a ingenuidade da cena, uma pobre lareira (apenas dois enchidos e umas cebolitas) mas em que tudo parece estar disposto dum modo simples, organizado e asseado. É também de referir o facto de que o único personagem digno de andar calçado é o rapazito. Mãe e filha não tinham direito a isso. É uma cena da vida rural, que só é bonita em gravuras deste género. Esquece-se a dureza da mesma!
Agora, aqui deixo a minha recepção ao Novo Ano de 2012 com os meus sinceros votos de Bom Ano Novo para todos os meus amigos, visitantes e seguidores deste blogue.
Chegou o Ano Novo!
Bateu à porta o Ano Novo!
Mal sabendo o que o espera,
tão inocente, este bom Povo
julga chegada a Primavera!
Engana-se na estação do ano
pois, ainda está no Inverno! Desculpa-se-lhe tal engano,
que a sua vida é um inferno!
Abre as portas de par em par,
para que entre esse novo dia, pois já está fartinho de olhar
a mesa, mais pobre e vazia!
Embora o que tem perdido,
o pobrezinho não se cansa,
e de tudo se faz esquecido.
Nunca perde a Esperança!
E como esta, que todos dizem,
será sempre a última a morrer, mesmo que o ignorem e pisem
:-Eh, pá, este ano é que vai ser!
Quem sou eu para desiludir
os que mantêm tal opinião?
Assim, vou também fingir
e, vou viver nessa ilusão!