sábado, 28 de junho de 2014

Para o arraial de São Pedro !


São Pedro
(Pormenor de quadro de Vasco Fernandes, mais conhecido por Grão Vasco)

É sabido em todo o mundo!
Santo António é o primeiro,
São João vem em segundo
e São Pedro será o terceiro.

A São Pedro está destinado
o deixar, antes de se partir, 
todo o arraial bem fechado,
até o Santo António o abrir.

Chaves servem para fechar
e iguais às de abrir elas são
e São Pedro vai-me ajudar
a abrir, de vez, teu coração.

E para durar, vida fora
o nosso amor,tão forte,
deitarei as chaves fora                
para durar até à morte! 

domingo, 22 de junho de 2014

Quadras pr'á noite de São João !


(retirado de http://sabedoriapopular.blogs.sapo.pt)

Dos três santos populares
é São João o segundo,
tirou-se de seus vagares
e foi baptizar o Mundo!

São João, desce lá do altar
e arrima-te à brincadeira,
mas tem cuidado ao saltar
as chamas desta fogueira!

São João, sai do teu altar
nosso adorado santinho,
anda connosco, vem bailar
e trás o teu cordeirinho!

São João, a tua cascata,
tão bonita e tão florida,
lembra uma fonte de prata
não de água, mas de vida!

São João, santo sem igual,
eu por ti quase me morro
se não dançar no arraial
e bater com o alho porro!

São João, foste o baptista
e dono das preces minhas,
hoje não há quem resista 
ao arraial das Fontaínhas!

Nesta noite de tanto calor,
ó meu São João Baptista,
vou aquecer o meu amor
lá no arraial da Boavista!

E como o calor é tanto,
não fiquem admirados
e com cara de espanto. 
Acabamos nos Aliados!


quinta-feira, 12 de junho de 2014

Santo António em ... vários tons !

( retirado de www.decoracaodeapartamentos.com)
Santo António, santo milagreiro,
todos sabemos que não és rico
mas arranja-me algum dinheiro
pr’a eu comprar um manjerico!

É só regar e pôr ao luar,
isso é o que o povo diz
e se eu o puder comprar,
podes acreditar, serei feliz!

Muito mais feliz eu irei ficar,
se com o manjerico na mão,
no meio do arraial encontrar
a quem dar o meu coração!

Eu não sei se o mereço,
ó meu Santo, protector,
mas desde já agradeço
a tua protecção e amor!

Desde o berço até à morte,
posso eu viver no engano,
mesmo não ter muita sorte
mas, santinho, até pr’ó ano!



(retirado de cm-lisboa.pt)
Santo António sai do altar,
vem cá abaixo viver a vida.
Vem daí connosco, desfilar
nesta nossa linda avenida!

Poderás também aproveitar,
no meio de marchantes mil,
para louvar e cumprimentar
o nosso tão “santinho” edil!

Mas cuidado, eu te digo.
Está de olho bem atento
que ele não é teu amigo!
Amigo? Só do São Bento!




(retirado de imagens.us)
Se aos homens fores pregar,
meu santinho não te queixes
pois que não te irão escutar.
Melhor, é pregar aos peixes!

Santo António, mil perdões
por minha tamanha ousadia
mas em melhores ocasiões
mais belas quadras te faria!


segunda-feira, 9 de junho de 2014

10 de Junho ! Dia de Portugal ! Dia de Camões ! Dia de Portugal e das Comunidades Portuguesas !

Um simples mas significativo dia, com tantas designações, parece estar destinado a ser um dia em que a classe política se auto elogia ou elogia alguém que lhe é afecto, pois raros são os casos de inteiro merecimento. Por outro lado a população, em geral, vai atendendo mais ao estado do tempo, propício para uma ida à praia do que para ouvir discursos de circunstância. Vem à baila um tal Camões, meia dúzia de encómios à diáspora e os problemas do "Zé" vão ficando na mesma, ou pior um pouco. Posto isto, parece ao comum dos mortais que o melhor será aproveitar um banho de mar, que o calor já o permite e para o ano, se cá estivermos, há mais 10 de Junho!


(retirado de bibliotecacantinhodoconhecimento.blogspot.pt)


Dantes não havia confusões
este dia era feriado nacional.
Primeiro foi Dia de Camões
e mais tarde Dia de Portugal!

Mudando, o tempo se passa!
Portugal e também Camões
passou ainda a dia da Raça,
e vinham as condecorações!

Aí se lembravam os mortos
por esta nossa Pátria querida,
os quais por caminhos tortos
neles perdiam a jovem vida!

Hoje, tempos das liberdades,
braço no ar, fecha-se o punho,
passa a Dia das Comunidades
o, bem simples, 10 de Junho!

É bem estranha esta maneira
de uns relembrarem o passado
e curvarem perante a bandeira 
o que, para outros, é só feriado!

Tal como o orgulho do passado,
o forte amor pátrio já desmaia
e assim se comemora o feriado 
com um belo mergulho na praia!


sexta-feira, 6 de junho de 2014

Um "santo" António, diferente! Adiantado ou ... fora de tempo?


Passadas as eleições, ditas europeias, parece ter aparecido um novo “santo”. Pelos vistos, procura ofuscar a aura do seu homónimo pois escolheu a quadra festiva deste último para se fazer afirmar.
Pois bem, cada um é como cada qual e ninguém tem nada com isso. Eu só não percebo (isto é presunção minha, pois eu não percebo tanta coisa), como é que este “santo” o primeiro na “irrevogável” decisão que parece todo o mundo ter esquecido (irrevogavelmente demitiu-se de manhã e à tarde já era outra vez Ministro, sempre com pompa e circunstância) resolveu com toda a sua legitimidade provocar um “revolução”. Parafraseando algo do passado, “tudo pelo partido, nada contra o partido”!

Sem pretender mudar o mundo e aproveitando a prerrogativa que me dá o Santo verdadeiro, aqui está um pouco do que eu penso. Mal ou bem, outros o dirão!




O povo, que vota, diz que gosta
do vinho tinto, verde ou maduro,
e dum tal “santo” António, o Costa,
mas, deste, não está bem Seguro!



Santo António não gosta
dos namoricos no escuro,
porque anda aí um Costa
e já ninguém está Seguro!

Santo António quer claridade,
foliões, alegria e luz a rodos
e porque quer Tranquilidade,
fez um Seguro, contra todos!

Santo António, da cidade
dos bailaricos e petiscos
que resiste à tempestade
com Seguro, multi riscos!

Santo António dos andores,
cidade em sombras envolta.
Cidade de tantos caçadores!
Mas, o Coelho? Anda à solta!

E se este Coelho tudo rói,
o que muito me desgosta
é não saber e isso me dói,
o que é que quer, o Costa!

Quero terminar. Sem beleza!
Qual vai ser o nosso futuro?
Eu, já tenho a minha certeza. 
De velho, não cai o Seguro!


segunda-feira, 2 de junho de 2014

A vida em Salvaterra ( 2 ) ! Os expostos, no século XIX (1820 - 1920) !

Após a comemoração, em Portugal, do Dia Mundial da Criança, resolvi colocar este “post”, preparado há algum tempo.
Mau grado tudo o que se diz sobre a protecção da Criança, a verdade é que, quanto a mim, bem pouco se tem feito. Se não, vejamos:
Vem, já dos tempos da Idade Média, o procedimento tendente a acabar (minimizar) com o abandono de crianças. Para isso foram criadas as Rodas que as recebiam e cuidavam durante a infância (em Portugal, seria até aos 7 anos). No entanto muito poucas eram as crianças que resistiam, devido a doenças e à fraca alimentação.
Em Portugal tal procedimento, sob a égide das Misericórdias, financiadas pelas Câmaras municipais, começou cerca do ano 1500. Pina Manique reconheceu oficialmente a instituição da Roda, através de circular de 24 de Maio de 1783, com o objectivo de pôr fim ao infanticídio e ao comércio ilegal de crianças na raia. Diz-se que os espanhóis vinham a Portugal comprá-las, o que é um pouco estranho pois em Salvaterra do Extremo consta que até de Espanha vinham depositar as suas crianças na Roda.
Em meados do século XIX, a Roda caiu em desuso e perdeu importância. No Brasil, só em 1949 (!) tal prática foi abandonada!
Porém, hoje, o “grande avanço da civilização” é a criação de algo a que talvez chamem clínicas e onde já se deposita (sim, que agora ninguém abandona nada) o produto duma qualquer leviana relação. Com todo o conforto, diga-se de passagem, mas sem Pai nem Mãe! O Aldous Huxley não se deve ter lembrado de nada igual. E os países, onde isto se pratica, já não são tão poucos assim. São tudo países altamente “desenvolvidos”, da chamada "linha da frente"!


A "Roda" ... dos tempos modernos! "Babyklappe"

Esperando não ferir muitas susceptibilidades, julgo que este tão “legal” procedimento, não andará muito longe do que se possa chamar uma IVG, pós parto!!!

Criança, sofre!


E aqui está a janelinha que se diz ter sido onde estava
instalada a Roda dos Expostos, em Salvaterra do Extremo

Os expostos, no século XIX (1820-1920)

O termo “exposto” aparece no séc. XVI sendo a “Roda”, oficializada, uma criação do séc. XVIII.
Os expostos, filhos de mães solteiras ou fruto dalguma relação extra conjugal de mulher casada, eram crianças abandonadas, normalmente recém nascidas, deixadas em encruzilhadas, portas de moinhos, capelas, igrejas, soleira da porta de um casal sem filhos, da porta dalgum lavrador abastado ou remediado ou até do próprio pai, e que, mais tarde (séc. XVIII), começaram a ser deixadas na Roda. Em regra podiam ser expostas na própria freguesia mas nem sempre isso acontecia, como a prudência recomendava, havendo até o caso de pessoas que vinham da vizinha Espanha. Normalmente, o exposto, era deixado com roupas e um bilhete indicando o nome e se já se encontrava baptizado. As roupas, se as levava, seriam, 4 casacos, 4 camisas, 4 cueiros, 4 carapuças, 4 corpetes, 6 baetas e o lenço onde iam embrulhadas. A Roda entregava-os a uma ama que para isso recebia uma subvenção. Coisa pouca, como sempre e mal dava para a alimentação e cuidados. Assim, os expostos raramente ultrapassavam o ano de vida e muito poucos os 5 anos e, mesmo esses, eram muito débeis de saúde.
No Concelho de Idanha-a-Nova, na década de 1820 a 1829, são referenciados 14 expostos e na de 1880 a 1889 há 405 (em Salvaterra do Extremo, os expostos representam 1,3% do total da população)! No ano de 1921, último ano referenciado, há apenas 2. A partir daqui deixou de haver Livro dos Expostos mas continuou o abandono das crianças! No séc. XIX, os filhos eram enjeitados por vários motivos, tais como uniões clandestinas, a suma pobreza dos pais ou pela perversidade destes.
A razão dos expostos deve-se principalmente a que a miséria e a falta de trabalho, fora dos meses da ceifa e debulha era grande e “as pessoas tinham de sujeitar-se”! Assim, as mulheres e moças do povo, não estavam livres das vontades dos senhores das terras, filhos segundos, feitores, lavradores abastados ou padres. Eram, pois, estes os pais dos filhos da miséria. Alguns assumiam, como padrinhos, e não eram só os padres como diz a quadra maliciosa:
Não há fruta como o medronho,
nem lenha como a de azinho,
nem filhos como os do padre,
que chamam ao pai, padrinho.

Sabe-se, por exemplo, que na segunda metade do séc. XIX, em Monsanto, o padrinho mais conhecido era o feitor da casa do Visconde da Graciosa. Em Idanha-a-Velha era o maior proprietário, António Pádua Marrocos e na Zebreira, era o Regedor!

Não deve haver muitas dúvidas quando, hoje em dia, algumas humildes pessoas do povo ostentam nomes declaradamente de nobre e abastada família! São, decerto, o fruto dessa sujeição!

Bibliografia:

António Maria Romeiro Carvalho, in Medicina na Beira Interior da Pré-História até ao Séc. XX, Cadernos de Cultura, vol. 8, Out.1994

domingo, 1 de junho de 2014

Dia Mundial da Criança !

Em Portugal, o Dia Mundial da Criança, é comemorado neste dia 1 de Junho!
Infelizmente, mau grado todos estes Dias Mundiais, a Criança vai sofrendo maus tratos, de toda a ordem.
Seria conveniente que todos nós nos lembrássemos, todos os dias, da criança que fomos e dos sonhos que tivemos, de modo a proporcionar às crianças, de hoje, o concretizar desses nossos sonhos e a realização dos seus próprios.
Que estas minhas palavras, dalgum modo contribuam para isso, já faz parte do meu sonho!

Na "Estrada do Sonho", rumo ao Futuro!
Mala cheia de sonhos e o fiel companheiro de viagem, é tudo quanto precisa!
( retirado de www.tudointeressante.com.br )


Toda a criança um sonho tem.
De ser alguém quando crescer!
Mas, a grande verdade, porém,
é que será criança até morrer!

Que o Dia Mundial da Criança
no nosso mundo, tão tristonho,
seja mais um dia de Esperança
no concretizar dum belo sonho!

Sonho feito de muito querer!
O Mundo, só pula e avança,
quando o Mundo, até morrer,
nunca deixar de ser Criança!