quarta-feira, 30 de junho de 2010

Mais um Portugal - Espanha ! Este, em Salvaterra !

Ainda um pouco abalado com o desaire frente aos nossos "amigos" espanhóis, aqui deixo um relato de mais um confronto em que o ardil, desta vez, funcionou ao contrário. Não é um episódio que honre muito o vencedor mas põe a nú as artimanhas desses "amigos"! Faz hoje, dia 30 de Junho, 355 anos!

Em 1655, passados já 15 anos sobre a restauração da Independência de Portugal, sendo ainda governador da fortaleza de Salvaterra, António Soares da Costa, conhecido por "Machuca", a insídia com que os espanhóis buscavam apoderar-se desta praça portuguesa usava de todos os estratagemas. Assim, foi que o governador de Salvaleão, vila espanhola fronteiriça, D. Alonso de Sande e d’Ávila julgou poder corromper o governador de Salvaterra e apoderar-se desta sem grande esforço. A proposta, ignóbil, foi aceite mas, mal sabia o espanhol o que ia na cabeça do governador português. Acertados os pormenores para 30 de Junho, aproveitando as festas de São Pedro, e posta a operação em marcha, 37 oficiais espanhóis disfarçados de paisanos mal puderam acreditar no que lhes aconteceu. Foram mortos, um após outro, aqueles que iam entrando, e as tropas que ainda estavam esperando para tomar a fortaleza viram o seu governador lançado pelo ar, após ter sido atado à boca de um canhão. Apressaram-se a fugir, mas este trágico fim havia de causar grande mau estar nas cortes, portuguesa e espanhola. Revoltado com tal ocorrência o Duque de San German, juntou quantas forças pôde e, dois dias depois, com o propósito de vingança apresentou-se defronte de Salvaterra. Não podendo fazer nada, face à força portuguesa, resolveu “passar à espada os camponeses que segavam o trigo e até as mulheres e crianças”. A notícia desta tragédia chegou a Lisboa, onde se encontrava o enviado de França, chamado para apoiar o novo poder em Portugal, e há quem diga que a atitude do Governador da praça foi considerada acto de traição e que ele foi destituído, por ordem de El-Rei D. João IV. Porém, talvez tenha sido apenas uma manobra diplomática, uma vez que também consta que El-Rei, ao corrente da dita proposta, teria sido ele próprio a instigar o Governador a tal procedimento!

Mistérios da História de Portugal! Vá-se lá saber a verdade!

terça-feira, 29 de junho de 2010

E hoje, o São Pedro vai fechar a festa !


Continuando a saga de quadras aos santos populares, aqui fico algumas dedicadas a São Pedro! Não serão grande coisa mas, foi o que se arranjou!

A S.Pedro, o Senhor,
grande missão deu!
Que a todos, com Amor,
abrisse as portas do Céu!

São Pedro, dito o pescador,
de primeiro nome, o Simão,
pr’a abrir as portas do Amor
tem sempre as chaves à mão!

A São Pedro eu fui pedir,
com toda a minha devoção,
uma só chave, para abrir
teu bem fechado coração.

A São Pedro, perguntei eu,
que me dissesse a razão,
da chave que ele me deu
não abrir o teu coração.

Se Deus o permitir, para o ano haverá mais!

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Durban . Feito ponto de encontro entre Portugal e o Brasil!




Em vésperas do jogo do Campeonato do Mundo de Futebol que junta Portugal e o Brasil, aqui lhes deixo dois postais da linda cidade de Durban. Cidade bem conhecida de Fernando Pessoa, onde com 15 ou 16 anos foi o melhor aluno em Literatura, ganhando o Prémio Rainha Victória e onde deu os primeiros passos literários. Por isso, a cidade lhe está reconhecida. Não nos admiremos pois que, hoje em dia, nas nossas escolas, os melhores alunos sejam moldavos, romenos, ucranianos ou de qualquer outra proveniência!

quarta-feira, 23 de junho de 2010

Hoje, é noite de São João !


( Estatueta, em barro, destinada ao Concurso de Quadras Populares das Festas de Almada )

Porque hoje é a noite de São João, aqui fica a minha contribuição. Rima e é verdade!

A S.João, pelo Mundo fora,
o Senhor fez caminhar!
Que fosse e em boa hora,
a todos baptizar!

Olhando, aqui de Lisboa,
nem acredito no que vejo!
Parece um quadro de Malhoa,
Almada, beijando o Tejo”!

Almada encheu-se de brio
e ao Tejo deu a mão,
Santo António, cruzou o rio,
foi brincar com o São João!

Peguei minha amada,
peguei no meu balão.
No arraial, em Almada,
queimei meu coração.

Almada e os seus folguedos,
na noite de São João,
fizeram-me perder os medos
e ganhar teu coração!

Almada está em festa,
é noite de São João!
Eu brinquei e só me resta
ganhar o teu coração!

São João, de Cristo baptista,
em Almada é diferente!
Por nós, virou ecologista
e amigo do ambiente !

Neste milénio bem novo
S.João, coisa engraçada,
veio brincar com o bom povo
nas suas festas em Almada.

Por São João, água nasceu
duma fonte prateada !
À procura dum amor fui eu !
Encontrei-o em Almada !

Coisa esta, engraçada!
No S.João, quem diria!
Ao escrevermos "Almada"
todos leêm "alegria"!

Excepto a primeira, todas as quadras fizeram parte da minha participação, durante vários anos, no Concurso de Quadras Populares das Festas de Almada. A última, foi mesmo distinguida com uma "Menção Honrosa")

segunda-feira, 21 de junho de 2010

Cape Town. De Cabo das Tormentas a Cabo da Boa Esperança !







Aproveitando o facto de Portugal ter ganho à Coreia do Norte e logo por uma goleada de 7 a 0, deixo aqui uns postais da magnífica Cidade do Cabo(Cape Town) que eu tive ocasião de ver durante as minhas navegações, qual Gama ou Cabral!
Disfrutem! São imagens dos anos 60, do século passado!

sexta-feira, 18 de junho de 2010

Já foi há 100 anos que o comboio "chegou" a Salvaterra do Extremo...



Na Sessão do dia 6 de Junho de 1910, na Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portugueza, o comboio "chegou" a Salvaterra do Extremo! Fez agora exactamente 100 anos!
Era este um assunto que já vinha sendo tratado desde 1875 (!), aquando do projecto da ligação de Lisboa a Bayona, por caminho de ferro.
Vejamos um excerto do que se disse e ficou aprovado nessa importante sessão, do dia 6 de Junho de 1910:




.../
Finalmente, um ramal, de via estreita, da linha da Beira Baixa, de Castello Branco, pela Idanha, a Salvaterra vae servir uma importante região agricola e mineira e trazer valioso affluxo do trafego á linha principal.
Convem concedê lo tambem á Companhia Real.
Assim pois, as linhas que julgo deverem ter a precedencia são:
.../

Via estreita....
Ramal de Castello Branco a Salvaterra.

.../
Ficarão em continuidade e nas mãos da mesma empresa exploradora cêrca de 250 kilometros de linhas a, que se juntam 60 kilometros do ramal de Salvaterra, com o encargo maximo total de garantia de 190:500$000 réis, e mais 50 contos de réis do tramway da Covilhã a Viseu e 64 para a linha de Setil a Peniche, se for esta a escolhida: total 304:500$000 réis para 490 kilometros de linhas.
.../
Proposta de lei relativa ao complemento da rede ferro-viaria
.../
Base 7.ª
É autorizado o Governo a contratar com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a construcção e exploração de tres caminhos de ferro de via de um metro, em leito proprio, com tracção a vapor um de Thomar a Miranda do Corvo a entroncar na linha de Coimbra á Lousã, com um ramal para a Certã, outro para Thomar por Payalvo, ou Chão de Maçãs, Villa Nova de Ourem, Batalha e Alcobaça á Nazareth, com um ramal da Batalha a Leiria, e o terceiro de Castello Branco, pela Idanha, a Salvaterra, com as seguintes condições:
.../
g) O prazo de duração da concessão terminará em 1987, na mesma data em que finde a concessão da linha de Coimbra á Lousã; salvo a do ramal de Salvaterra, que findará com a da linha da Beira Baixa;
.../
Base 10.ª
O Governo poderá autorizar as Companhias Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, dos Caminhos de Ferro do Mondego e dos Meridionaes a emittir as obrigações necessarias para as construcções previstas na presente lei.
Secretaria de Estado dos Negocios de Obras Publicas, Commercio e Industria, em 6 de junho de 1910. = Manuel Antonio Moreira Junior.


Mas, algo aconteceu no dia 5 de Outubro e o caminho de ferro para Salvaterra começou a ser encarado qual TGV do início do século XX. E, a "senhora" República, agora velhinha de 100 anos resolveu riscar do mapa essa obra. Não se justificava, diriam eles, em tempo de crise. Essa douta decisão, porém, só seria tomada depois de "aprofundados" estudos e decidida na Câmara dos Deputados, na Sessão do dia 13 de Janeiro de 1913. Era só "trezes" e "Viva a República"!

Salvaterra do Extremo, que pensava ficar ligada ao Mundo, ficou ainda mais longe!

quarta-feira, 16 de junho de 2010

Blogagem de Junho do Blog " Aldeia da minha vida"



SALVATERRA DO EXTREMO

Plantada em alto monte/ donde a vista é tamanha/ olhando bem, defronte/ se veem terras de Espanha.

Orgulhosa do seu passado/ heróica diligente e altaneira/ sua função, cá deste lado/ manter, de Portugal, a fronteira.

E o Erges que, antigamente/ fazia aos dois povos negaça/ é quem, no presente/ os une e os abraça.

Quem chega tem, à entrada/ como surpresa primeira/ a nossa “volta da estrada”/ a subir, numa ladeira.

E, caminhando pela estrada/ tem, do lado direito, o Cruzeiro/ desta terra abençoada/ abençoando o forasteiro.

Por fim, quem diria/ qual pintura num quadro/ a Igreja de Santa Maria/ altiva enchendo o Adro.

D. Sancho, o segundo/ lhe deu foral, o primeiro/ e Salvaterra entrou no Mundo/ para um lugar cimeiro.

O rei aos Templários a cedeu/ para que dela cuidassem/ cobrassem algum de seu/ e também a povoassem.

Mas a Ordem do Templo/ não soube, não pôde ou não quis/ e, para servir de exemplo/ lha retirou D. Dinis.

Tem uma Igreja Matriz/ tão vetusta e altaneira/ que, Deus assim o quis/ fosse a Imaculada a padroeira.

Tem, Santa Luzia e Santo António/ mais a Igreja da Misericórdia/ para afastar o Demónio/ e o povo ter concórdia.

Mais abaixo, na Deveza/ a Senhora da Consolação/ onde o povo canta e reza/ espalhando sua devoção.

Devoção antiga é essa/ que acorre o povo todo!/ Assim se cumpre a promessa/ e se serve um lauto Bodo!

São sempre mais de mil/ que da Santa honram o nome/ e onde até, na Guerra Civil/ muito espanhol matou a fome.

O Pelourinho na Praça/ símbolo perfeito e fiel/ representa, para quem passa/ o foral de D. Manuel.

Tem o Calvário e o Cruzeiro/ pedra dura, trabalhada/ junto ao cemitério, o primeiro/ e o outro, logo à entrada.

É assim a minha aldeia/ apesar de vila ser/ em cada pedra uma ideia/ que a não deixa morrer.

Para esta resenha ter fim/ desde o Algarve a Caminha/ tenho que, cá para mim/ a melhor terra é a minha!

Haverá terra maior/ ou alguma mais na berra/ mas para mim, sem favor/ a melhor é Salvaterra!


Esta é a minha participação na blogagem de Junho do blog "Aldeia da minha vida" que decorre de 10 a 28 de Junho.
Clicando no selo, na coluna da esquerda, pode aceder ao blog, ler textos interessantes e participar comentando, habilitando-se a ganhar prémios. Fácil e barato. Não dá milhões mas enriquece-nos a todos!

16 de Junho de ... 1665 ! Zarza fué tomada y quemada!

No dia 16 de Junho de 1665, enfraquecidas que estavam ainda as suas defesas, embora com forte oposição, a praça de Zarza la Mayor foi tomada. A luta durou cinco dias.
O mestre de campo auxiliar que perdeu a vida, referido por Sousa de Macedo na revista "Mercurio Portuguez", era Estêvão Pais Estaço (ou da Costa), mestre de campo de um Terço, de 54 anos de idade.

Voltando ao saque e incêndio de Zarza la Mayor, ocorrido após a imposição de severas capitulações e a evacuação da guarnição e população locais, cumpre dizer que somente dois anos e meio depois, com a assinatura da paz, regressaram os habitantes, aos quais se juntaram algumas famílias de Ceclavin, Brozas, Membrio e outras localidades. Devido ao incêndio, a vila ficou conhecida, durante algum tempo por "Zarza la Quemada".
Ainda hoje se podem ver, na igreja paroquial de Zarza, os danos sofridos durante o assalto.

Na descrição do assalto, pela pena dum habitante de Zarza que, no dia 26 de Junho, se apressou a escrever ao seu soberano, podemos ter a visão do acontecimento do outro lado, o dos vencidos: (deixo em castelhano, partes dessa descrição, para que a não desvirtue)

“… En las pocas ocasiones que he tenido en que servir a Vmd. no me han dado lugar a que haya tenido hasta agora ninguna en que escriba a Vmd, aunque en mi memoria y voluntad siempre ha estado vivo el recuerdo de servirle. Y porque ahora le considero no solamente apesarado, sino confuso con la variedad de nuevas que por allá han corrido, he querido en esta darle a Vmd. cuenta de todo cuanto ha sucedido en nuestra Zarza.

Vinó el enemigo, jueves medio día 11 del corriente, con 4000 infantes y 600 caballos, y de hecho se arrimó a tiro de pistola de la muralla, porque como el tiempo era de segada y el lugar se componía de gente trabajadora, estaban los más fuera, con que adentro no se hallarón más de 204 hombres, soldados y vecinos, en que entraba la compañía de caballos naturales; puso tres ataques; el uno se entró luego en la ermita de Nuestra Señora del Castillo; el otro desde la Fuente Concejo, aquel arroyo abaxo a su cortina de Vmd. hasta San Gregorio, y el otro hasta San Sebastian en unos huertos que estaban muy arrimados a aquel fuerte de este sitio. La poca gente nuestra se repartió, poniendo en cada fuerte de los dos que había, en el de San Roque 40 hombres, en el de San Sebastian 30 y en los demas fuertes, que eran 11, unos a 3 y otros a 4, y los caballos repartidos por puestos a 10 y 12 en cada uno para defender los lienzos que estaban desmantelados; de este modo se ajustó la gente y pelearon con tanto valor que el enemigo no pudó conocer nuestra flaqueza.

Entró el enemigo, quemó y destruyó el lugar tan de todo punto que no quedó casa sin esta diligencia. Y a la iglesia hizó 3 minas, con que la arruinó toda, cosa tan lastimosa que esto me tiene sin sentido.

La gente se hallaba tan desvalida que todos a una quisieran volverse. Y para ello han depositado dinero con su demasiada pobreza para que mi primo Don Juan Fernández Cabronero vaya a esa Corte a pedir el que S. M. los fortifique y le de pan de munición por familias y 200 caballos que montarán 200 naturales y servirán a S. M, destruyendo el país vecino como lo han hecho hasta aquí.

Vmd. me avisará de su salud y de la resolución que para ella se toma con estas cosas de nuestra Zarza; no murieron más de 2 hombres y 2 forasteros; llevaron los ornamentos de la iglesia, el Santo Cristo que habían traído de esa Corte, a la Virgen Santísima del Castillo, con quien ellos tienen toda devoción. Y ya la tenemos en Ceclavín, cosa que habíamos tenido a milagro de su Divina Majestad. Al Santo Cristo del Paso le quitaron un brazo para desnudarle la túnica de tafetán que tenía tanto tiempo ha; a San Marcos descabezaron, y de este modo hicieron otras infamias ellos, que entre nosotros no faltaron, pues el cura por sacar en 2 carros que le dieron azúcar y cera a medias de solos vasos sagrados y todos los ornamentos de la iglesia, de que el general enemigo hizo mucha novedad, en que se conoce que ya la codicia seria en todos sujetos.

Guarde Dios a Vmd. muchos anos. Alcântara y junio, 26 de 1665…”



Só em 1668, não havendo mais confrontos, com o regresso de muitos dos seus antigos habitantes, e não só, Zarza la Mayor se conseguiu levantar das cinzas. Porém, no começo do século XVIII, as escaramuças e a violência voltariam.

Durante estas guerras da Restauração, que causaram tanta destruição e mortandade, Segura e Salvaterra foram as aldeias que mais sofreram. Salvaterra ficou tão maltratada e sofreu tantas perdas humanas, que os seus habitantes foram isentos de Serviço Militar

sexta-feira, 11 de junho de 2010

Amanhã, é noite de Santo António !



Porque amanhã é a noite de Santo António e eu vou estar ausente, aqui deixo algumas quadras, em louvor dos milagres do padroeiro.

Santo António vive aflito
na crise que se apregoa!
E nesta, até eu acredito!
Um santo também é pessoa!

Santo António e seu Menino
Fazem milagres sem par
E de um amor pequenino
Um grande fazem brotar!

Santo António e seu Menino
Fazem milagres sem par!
Uni ao meu, teu Destino
Démos as mãos fomos casar!

Ainda eu era pequenino
E já ouvia contar
Santo António e seu Menino
Fazem milagres sem par!

Depois de, ao Zé e à Maria,
os corações atear,
Santo António, quem diria?
A fogueira foi saltar!

Que capela tão vazia!
Nem santo tem no altar!
Santo António, quem diria?
A fogueira foi saltar!

Santo António, Santo António!
Ó meu Santo, dá-me paz!
Livra-me do Demónio,
que eu sou bom rapaz!

Santo António, Santo António!
Dá-me a tua mão amiga!
Livra-me do Demónio,
que eu sou boa rapariga!

11 de Junho de ... 1665 e 1801. Assalto a Zarza la Mayor e Alvará de Procuração ao Vigário de Salvaterra


O forte de Zarza la Mayor e o esboço do assalto levado a cabo pelas tropas portuguesas

O Marquês de Caracena

As contendas, fruto da restauração da Independência de Portugal, continuaram ainda durante bastante tempo e foi assim que no dia 11 de Junho de 1665, ao mesmo tempo que os espanhóis, sob o comando de Luís de Benavides Carillo de Toledo , 3º Marquês de Caracena, mandado vir da Flandres por Filipe IV, entravam em Portugal pela fronteira do Alentejo pondo cerco a Vila Viçosa (culminando com a importante batalha de Montes Claros, em 17 de Junho de 1665), os portugueses atacavam Zarza la Mayor, vila extremenha espanhola situada na raia e paredes meias com Salvaterra do Extremo. Essa operação, mereceu algumas linhas no "Mercurio Portuguez" de Junho de 1665, publicação redigida por António de Sousa de Macedo:


Dr. António de Sousa Macedo



(…) O governador das armas do partido de Castelo Branco na Província da Beira, Afonso Furtado [de Mendonça], entrou em Castela pela Estremadura (que é a mesma província do governo [do Marquês] de Caracena), com parte de cinco mil infantes, e de quinhentos vizinhos, que, demais de sua muralha, tinha três fortes, e outras fortificações modernas, governada por Martim Sanches Pardo general da artilharia ad honorem, com guarnição de cem cavalos, e duzentos infantes, além dos moradores ordinários. Custou-nos a vida de vinte e dois soldados, e de um mestre de campo auxiliar; e arrazámos esta praça de modo que não ficasse habitável, nem pedra sobre pedra dela, em castigo da insolência de seus habitadores [sic], cujo ofício, ainda dos que não professavam ser soldados, era não só roubar os campos, mas também ter por gosto matar os nossos a sangue frio.

Este ataque teria o seu culminar, após 5 dias de luta.

(Afonso Furtado de Mendonça, em 1661, tinha sido agraciado por D. Afonso VI com o título de 1º Visconde de Barbacena).



O Marquês de Alorna com sua esposa e filhos

Também no dia 11 de Junho, mas de 1801, na Lousa, D. Pedro de Almeida Portugal, 3º Marquês de Alorna, 6º Conde de Assumar, Vereador da Casa Real, Comendador da Ordem de Cristo, Marechal de Campo dos Exércitos do Príncipe Nosso Senhor, Chefe da Legião de Tropas Ligeiras, com o Quartel General do Exército da Beira, passa um Alvará de Procuração, dando plenos poderes ao Reverendo José dos Santos Salgueiro, Vigário de Salvaterra do Extremo para que por ele e em seu nome, pudesse passar recibos, por ele assinados, de qualquer quantia que recebesse das Fábricas Maiores das Igrejas da Ordem, declarando que se tomava por empréstimo para pagamento das tropas, e que devia ser pago dentro de um, dois meses, e para isso lhe dava todos os poderes que lhe eram concedidos.

segunda-feira, 7 de junho de 2010

Poema futurista...







Aproveitando um intervalo nas efemérides de Salvaterra, deixo aqui a minha incursão no mundo da poesia futurista, em voga nos anos 70. Espero que não deslustre. Foi mais um devaneio...











POESIA FUTURISTA

Vou começar
começando
a recitar
recitando
uns versos
dispersos
não diversos
nem reversos
ao invés
do revés
que se apraz
e é capaz
do melhor
do pior
mas que mais um
menos um
algebricamente falando
no espaço traçando
segundo um axioma
ora toma
isto é matemática
ou gramática
pragmática
sintomática
da época actual
não faz mal
os neutrões
neutralizam
os protões
nem por isso
protagonizam
confusões
num esquiço
são química abstracta
sem nome
de quem no contexto inserido
metido em lata
consome
o Universo perdido.
Perdido por um
perdido por mil
pum, catrapum
descobre-se o Brasil,
areias douradas
árvore das patacas.
Patacas, patacoadas
cada qual dá as que sabe
bem ou mal dadas
isso agora aqui não cabe!

quinta-feira, 3 de junho de 2010

3 de Junho de ... 1321. Novas taxas da Igreja, em Salvaterra!

Hoje, 3 de Junho do Ano da Graça de 2010, é dia de Corpo de Deus!


Neste mesmo dia 3 de Junho, mas de 1321, (o Dia de Corpo de Deus seria a 18 de Junho), os juízes principiaram a taxar as igrejas e a de Salvaterra não foi excepção.
Tal facto deveu-se a que Jacques d'Euse, filho de um sapateiro e o 197º a sentar-se na cadeira de Pedro, com o nome de João XXII, personagem controverso, através da bula dada em Avinhão, cidade que ele tinha transformado em sede do pontificado, tinha concedido a D. Dinis, em 23 de Maio do ano de Cristo de 1320, durante 3 anos, a décima parte de todas as rendas eclesiásticas dos seus reinos, excepto a das igrejas, comendas e benefícios pertencentes à Ordem do Hospital, para subsídio da Guerra contra os Mouros. Havia que combater o "infiel"!
Posto isto o Papa mandou averiguar as tais rendas e neste dia 3 de Junho os juízes não fizeram mais do que aplicar a lei.
Havia que obter receitas. Era o princípio do PEC aplicado aos tempos antigos!

No catálogo de todas as igrejas, comendas e mosteiros que havia no reino de Portugal e Algarve no ano de 1320 e 1321, com a lotação de cada uma delas, (ano de 1746 -“Diocese do Distrito da Guarda, pág. 511”, manuscrito n.º 179 da colecção Pombalina da Biblioteca Nacional de Lisboa), vê-se quanto às Igrejas de Monsanto, Segura, S. Salvador, Proença, com a capela de S. Miguel d´Acha, Idanha-a-Nova, com o lugar de Oledo, Rosmaninhal, Salvaterra, Penha Garcia, Sta. Maria de Medelim, Sta. Maria Madalena da Aldeia de João Pires, S.ta Maria da Aldeia de S. Salvador e Idanha-a-Velha, a que pagava mais renda era a de Monsanto seguindo-se Proença, Rosmaninhal, Salvaterra e Segura.
A renda eclesiástica era um meio seguro para avaliar a importância das povoações de então.

terça-feira, 1 de junho de 2010

1 de Junho de ... 1510. Os 500 anos do segundo foral de Salvaterra!

Faz hoje 500 anos!


D. Manuel I, em 1505 mandou fazer um tombo e ordenou a reconstrução e alargamento da Igreja Matriz de Salvaterra, que se encontrava muito danificada, fazendo erguer a torre sineira e o campanário.
Os tombos não eram mais que um inventário de todos os bens das Comendas. As Comendas Velhas principiaram em Portugal com as Ordens Militares.
A Comenda era uma porção de terras e suas rendas, com que antigamente se recompensavam Eclesiásticos ou Cavaleiros das Ordens Militares por serviços prestados ao Rei. O Comendador era o feitor ou procurador da Comenda.

E, muito provavelmente, originado pelo tombo atrás referido, no dia 1 de Junho de 1510, em Santarém, D. Manuel I concede a Salvaterra o seu segundo Foral, restituindo-lhe alguns dos privilégios e isenções abolidas aquando da constituição da Comenda da Ordem de Cristo em Salvaterra, feita por D. Dinis. Aproveitando a solenidade do acto, o Rei fez a oferta duma caixa de damasco branco que, em 1537, a crer nas palavras de Frei António de Lisboa, da Ordem de Cristo, se encontraria na Igreja Matriz.
Será que ainda lá está?






Símbolo da sua qualidade de Vila, e para que todos o saibam, ficou o belo Pelourinho!