sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

APESAR DE TUDO, AINDA HÁ NATAL!!!



Não tenho uma especial apetência pela comemoração do Natal tal qual ele hoje é entendido. Todos falam de solidariedade, de bondade, amizade e outras palavras sonantes terminadas em ade, ou não. Mas, parece-me, a verdade é que falta vontade, nesta sociedade, em ver a realidade com honestidade e praticar a caridade, não a caridadezinha!
Na idade de todos os sonhos, o meu Natal era a época em que nos reuníamos, em Lisboa, a minha avó materna, os meus tios, o meu irmão e os meus pais. Havia Menino Jesus, a missa do Galo e não faltavam as filhós. Digo em Lisboa porque da minha terra, donde saí com pouco mais de 3 anos, nada recordo. Tudo aquilo que sei é de ouvir contar.
As filhós eram o motivo de toda a azáfama. Da minha mãe e da minha avó, claro! Nós, só as comíamos. Era vê-las, à noite (não havia tempo durante o dia) a amassar, a pôr a fintar e depois a tender, não sem que lhe tivessem adicionado o azeite q.b. e um calicezinho de aguardente. Espero que estes passos estejam correctos, pelo que deixo o favor da correcção aos entendidos, antecipando as minhas desculpas.
O próximo passo era estender a massa sobre a mesa (suponho que uma tábua, devidamente untada), passavam-lhe o rolo de madeira e depois de bem fininha, com a recartilha, cortavam pedaços rectangulares, nos quais davam ainda dois pequenos cortes no sentido longitudinal. A sertã, com o azeite, estava ao lume e começava a fritura. Era ver, então, aqueles rectângulos de massa a inchar e a ficarem como que umas almofadinhas. Depois de fritas e retiradas eram colocadas numa travessa e, por cima, deitava-se-lhes açúcar. Isso, eu já ajudava, esfarelando o açúcar entre os dedos.
Tudo pronto, colocavam-se as filhós dentro dum alguidar e tapavam-se com um pano, deixando-as arrefecer até ao dia seguinte.
Este trabalho entrava pela noite dentro mas, no dia seguinte, a Consoada estaria completa e as filhós, finas e estaladiças (como eu gosto), faziam as honras da mesa.
Havia também o hábito de ofertar, com elas, vizinhos e familiares, principalmente os que estivessem de luto, porque decerto não as fariam, e assim não se privassem delas em época de FRATERNIDADE.

Este é o texto com que participo na blogagem colectiva do mês de Dezembro, "O Natal na Minha Terra", do blogue "Aldeia da minha vida".

A blogagem deste mês tem um fim humanitário. Ser solidário! Trata-se de ajudar alguém, a Isabela, a vencer um obstáculo que a Vida lhe colocou. Se todos ajudarmos ela agradece e nós ficaremos mais ricos. Por isso, se quiser ajudar, não "dói" nada, basta comentar, a partir do próximo dia 10, este e os outros textos em www.aldeiadaminhavida.blogspot.com. Como pode ver, é fácil, fácil, fácil! E não custa nada!

Bem haja!

2 comentários:

  1. Gostei muito do seu texto, especialmente aquele último acto de fraternidade. Lindo! Parabéns.

    depedraecal.bloguepessoal.com.

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  2. Natal, tempo de reunião familiar, tempo de matar saudades de quem se está longe quase o ano inteiro, tempo de maior alegria, bondade e solidariedade entre todos. Natal só tem um senão; a falta deste espírito durante o resto do ano. Talvez seja por isso mesmo que o Natal é tão especial.
    E a azáfama das filhozes, também minha avó as fazia assim. E hoje por mais que minha mãe use a mesma receita, não têm o mesmo sabor e cheiro, nem duram tantos dias tão estaladiças.
    Resta-nos as boas recordações e a união familiar dos que ainda se encontram entre nós…
    Desfrute desta época, amigo, pois não há no ano outra igual.
    Desejo-lhe a si e a todos os seus uma quadra festiva muito feliz, e se possível que esta se prolongue o resto do ano.
    Era bom que assim fosse, pois talvez só assim fosse Natal todos os dias. E que bonito seria!
    Cristina

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