Porque
as pessoas tendem a esquecer o passado e, se esquecem o que durante tantos anos
existiu e deu trabalho a muita gente, mais depressa se esquecerão de mim, vou eu
lembrar-lhes aquilo que ainda tenho na memória!
“O”
"Argibay"
Por conhecimento directo, aqui vou deixar uma dissertação sobre mais uma empresa que também existiu!
Anúncio em 1943
(retirado do blogue "Restos de Colecção")
Assim, com um breve “estágio” nas oficinas
de serralharia da 10ª Repartição da AGPL, por “imposição” do meu pai e usando o
beneplácito do pessoal, ali permaneci até arranjar colocação. Tal aconteceu,
então, no fim do mês de Agosto, após uma breve entrevista onde me propuseram
vir a ser aprendiz de serralheiro mecânico ou soldador eléctrico. Claro que
este último ficou logo de fora. Eu, já que tinha “chumbado” em Oficinas de
Serralharia, se tivesse que ser, seria serralheiro e pronto!
O Argibay, era assim que se dizia e não a
Argibay, ia ser o meu futuro!
Entretanto, eu iria para o ensino nocturno
e o curso industrial havia de ser terminado. Porém, na Machado de Castro, os
ingratos, diziam que não tinham vaga para mim. Então eu tinha andado de dia e
agora não tinha vaga? Começava a correr mal e eu pensava em fazer as cadeiras
como aluno externo no fim do ano. Pensava, é como quem diz, pois eu nem sabia o
que pensar e talvez já pensasse era em esquecer essa coisa de estudar. No
Argibay só exigiam o 2º ano do Ciclo Preparatório e eu já tinha o 4º ano
incompleto, portanto estava livre desse problema! Pensamentos de miúdo que já
se via a andar à solta sem ter que “aturar” mais professores. Mas, afinal, lá
no Argibay não andavam a dormir! O Chefe do Pessoal (penso que seria o sr.
Serra), chamou-me e perguntou onde é que me tinha matriculado. Respondi que não
havia vagas para mim e que eu já tinha quase o 4º ano todo. Pois é, mas ali não
queriam ninguém que não andasse a estudar e disse-me para ir à Marquês de
Pombal. O que se passou a seguir, foi uma odisseia. Também não me queriam! Naquele
tempo havia muita gente a estudar à noite. Teve que ir lá também o meu pai
falar com o Director que, depois disso, ainda recebeu mais conversa do sr.
Serra, até que este me chamou e disse para ir, naquele momento, ao Photomaton
no Corpo Santo tirar 18 fotografias e, urgentemente, ir à Escola fazer a
matrícula. Era o último dia já com multa e tudo, pelo que o Argibay me adiantou
o dinheiro necessário, o qual eu iria amortizando semanalmente ao receber o
magro salário de aprendiz de serralheiro e que era de 11$20 vezes 6 dias, igual
a 67$20, donde me eram subtraídos 20$00. Tudo certinho!
Hoje, não me canso de agradecer toda a
atenção que tiveram comigo!
As instalações fabris
O Director da empresa, desde 1942, era o
Eng. José Honorato Gago da Câmara de Medeiros, 3º visconde do Botelho que tinha
sido seu fundador e, entre 1929 e 1936, engenheiro chefe do Serviço de
Reparações na empresa “Sociedade de Reparações Navais, Lda”,que explorava o
estaleiro da AGPL, aquando da entrada da CUF na sua exploração.
Na avenida Infante Santo, em Lisboa, o
parque de automóveis e o edifício defronte, ocupam o espaço onde existiram as
instalações da Sociedade ARGIBAY de Construções Navais, Lda.
(retirado de Google maps)
As instalações “do” ARGIBAY, ficavam no
sítio da Cova da Moura, antiga rua da Torre da Pólvora, “entalada” entre o que
já era a avenida Infante Santo e uma parede rochosa que mais parecia uma gruta
e onde hoje é o edifício nº 21 dessa avenida, esquina da rua Embaixador
Teixeira Sampaio.
E no dia 29 de Agosto de 1955, às 08.00
horas, à porta do que eram as instalações da “Sociedade ARGIBAY de Construções
Navais, Lda”, lá estava eu para iniciar o meu percurso de vida activa.
Constavam de. oficina de Mecânica, logo a
seguir à entrada, do lado esquerdo, seguia-se a nave da Caldeiraria e lá ao
fundo, fora da nave e aproveitando uma gruta, estava um fogão, uma chapa longa
onde se poderia aquecer algo para o almoço. Do lado direito, também à entrada,
ficava o escritório do Serviço de Pessoal e, penso que ainda antes, a secção de
Tubos. Por cima do Serviço de Pessoal, ficava a Sala de Desenho e cá em baixo a
seguir a uma escada de acesso a essa Sala de Desenho, havia uma zona para
reparação de motores, dos compressores e máquinas de soldar, todos eles móveis,
para serviço no exterior (principalmente para a reparação de navios ao cais).
Depois, ainda do lado direito havia o que
seria uma “zona morta”, de passagem para as latrinas e urinóis e também para o
vestiário/refeitório. As latrinas, talvez uma meia dúzia, eram do tipo “turco”
e com murete, velho e sujo, até à altura de cerca de metro e meio. A
privacidade era nula mas, pasme-se, havia quem encontrasse ali, naquele local
escuro e mal cheiroso, o melhor local para comer uma “bucha” às escondidas. O
vestiário/refeitório, com módulos cacifos, cubos de pouco mais de 50 cm,
abertos por detrás, em chapa galvanizada e encostados à parede, deixavam livre
um espaço central para uma mesa onde caberiam, no máximo, talvez umas 20
pessoas, e uns lavatórios corridos, em zinco, que também não dariam para mais.
E seria este o meu mundo por apenas 9
meses. mas que me ficaram bem na memória!
Direcção:
- Eng.
Milton, que aparecia esporadicamente e julgo seria o Eng. Chefe.
- Eng.
Rui Abrantes, que era o Eng. Em permanência nas instalações da empresa.
- Armando
Antunes , a quem poderei chamar o Encarregado Geral e que vivia numa casa
contígua às oficinas, mas exteriormente a estas.
Serviço de Pessoal:
- Serra
(?), chefe do serviço.
- Olímpio,
apontador. Teve um acidente doméstico que o deixou quase cego duma das vistas.
Encarregados da reparação de navios:
- Iglésias
- Carmelindo
Havia ainda mais um ou dois encarregados
Desenhadores:
- Desenhador
senior, que não recordo o nome
- Cunha,
também desenhador, talvez copista e que era da minha turma no 4º ano, na
Marquês de Pombal.
A Oficina de Mecânica
Dentro desta oficina, à entrada, do lado
esquerdo, havia uma zona de recepção e saída e materiais, normalmente flanges e
válvulas novas ou já reparadas, uma máquina esmeriladora de pedestal e ainda
deste lado ficavam os tornos mecânicos que, penso, seriam talvez umas 6
unidades (tendo em conta o pessoal de que me recordo), em frente, na parte
central ficavam as bancadas de serralheiro e que teriam, no máximo uns 12
postos de trabalho, 6 de cada lado. Lá ao fundo era a Ferramentaria. Do lado
direito e logo á entrada, um Engenho de furar, radial, uma bancada de
serralheiro com, talvez 4 postos de trabalho e entre esta e a parede desse lado
mais 2 Engenhos de furar, mais pequenos.
Seguindo em frente, estava uma pequena
escrevaninha, tipo púlpito, onde normalmente se colocava o Encarregado/Mestre
Carolino, a Frezadora e uma máquina de testes das válvulas depois de reparadas.
Encostado à parede desse lado ficava o Gabinete/Escritório do
Encarregado/Mestre, um Limador e um armário da ferramenta da Frezadora
Encarregado Geral da Oficina de Serralharia:
- Mestre Carolino. Homem de cerca de 50 anos, portuense e portista. Rude no
falar mas boa pessoa. A seguir ao almoço, vinha quase sempre mais carrancudo,
em vez de vir “alegre”! Boina puxada atrás e as faces mais coradas, eram o
sinal de todos conhecido.
Torneiros e Frezador:
- Alexandre.
Era aquele que eu, e não só, considerava o elemento mais válido. Obturador ou
sede de válvula, fosse em bronze, latão ou aço inoxidável, ao sair das mãos
dele era vedação quase completa, nem quase era necessário fazer o acerto com massa
de “carburundum”. Em 1958, penso que devido à mudança das instalações do
Argibay para Arcena, Alverca, tal como outros, procurou trabalho no Estaleiro
da CUF, na Rocha e por lá ficou, penso que até à reforma. Porém, também era bastante
humilde e nunca lhe terão dado o devido valor!
- Reinaldo.
Cerca de 25 anos, seria um torneiro em formação, oficial ou ainda ajudante, com
alguma qualidade. Bastante expansivo e bom colega, mais tarde penso que terá
tirado o curso da Escola Náutica e apareceu na “Frinil”, empresa associada da
“Lisnave”.
- Júlio
Rato. Cerca de 25 anos, talvez
também ajudante, pois de vez em quando estava no torno dedicado à manufactura
de flanges e, portanto, o de menor precisão. Também bom rapaz, tirou o curso da
Escola Náutica e mais tarde apareceu na “Gaslimpo” e na “Lisnave”, onde já tive
bastante contacto com ele.
- João
Brito. Aprendiz ou ajudante, brincalhão, morava na calçada da Pampulha, ali
bem perto. Suponho que estava quase a ir para a tropa.
- Zé
“Saloio”. Aprendiz, bom rapaz. Pouco tempo mais tarde, encontrei-o a
trabalhar numa casa na calçada Marquês de Abrantes.
Ainda havia um outro que penso teria
regressado da vida militar, e seria este todo o pessoal pois que normalmente
havia um torno vago. Certa vez, esse torno até foi ocupado por um indivíduo, à
experiência, que se intitulava torneiro e dizendo vir da Venezuela onde
trabalhava num torno de 30 metros. Deu-se-lhe um obturador para rectificar e
ele, logo aí, fez asneira da grossa. Perante o facto o Mestre mandou-o para o
torno das flanges, trabalho de aprendiz. Mas, mesmo aí, desajeitado, ao
utilizar uma lima, deixou que os grampos da bucha a apanhassem e lhe
provocassem ferimento num braço. Levado ao hospital, por conta do seguro, esteve
em tratamento ainda durante largo tempo findo o qual na hora de se apresentar
ao serviço teve ordem de “despejo” pois provocava mais estragos que um reles
aprendiz
- Gillot.
Teria 70 anos, ou mais. Suponho que seria catalão. Fresador, baixo, magro, de
óculos, normalmente vestido com calça e casaco de ganga e uma camisola interior
sem mangas, excepto talvez no inverno, quando o frio apertava. Nessa altura,
vestiria mais alguma coisa mas era um cuidado constante para o Mestre Carolino,
porque já noutro inverno ele tinha enregelado, de modo que era ouvir o Mestre
Carolino: “Ó Gillot, estás com frio?”. O aquecimento, rudimentar, era um ou
outro bidon com lenha a arder, dentro.
No que tocava ao trabalho, além do que
normalmente lhe era distribuído, passava o tempo livre a tratar da sua
“menina”, a fresadora, e das ferramentas respectivas. Era vê-lo a limpar,
lixar, olear ficando tudo num brinco e isto tudo sem quase abrir a boca durante
todo o dia.
Serralheiros:
- Alberto.
Na casa dos 55 a 60 anos, talvez não fosse trabalhador efectivo. Talvez fosse,
como alguns outros, trabalhadores temporários ou do “gancho”, como chamavam ao
pessoal que só era chamado quando havia trabalho. Foi o meu primeiro oficial.
Muito calmo, ou seria só aparente pois o receio de ficar sem emprego era bem
forte. Os trabalhadores temporários eram, normalmente só utilizados nos
trabalhos a bordo, no entanto este esteve ainda algum tempo na oficina.
. Salrreta.
O mais idoso e que ia normalmente para os trabalhos a bordo.
- Spínola.
Na casa dos 30 a 40 anos, também trabalhava mais a bordo.
- Sebastião.
Na casa do 30 e tais. Estava, normalmente, na oficina e era também mecânico da
parte de motores. Talvez aquando do fecho das instalações e ida para Alverca,
foi trabalhar para a “Petroquímica”. Recordo que naquela altura colecionava os
cromos das “Raças Humanas”.
- Ramos,
cerca de 60 anos, parecia bastante competente, também de bordo, tinha um
comportamento algo agressivo, ou seja, não dava confiança a toda a gente e
assumia o seu estatuto algo superior. Ninguém ficava satisfeito quando era
escolhido para seu ajudante. Pessoalmente não tenho razão de queixa pois quando
me coube ajudá-lo, fui tratado até com certa consideração, talvez porque eu lhe
inspirasse essa mesma consideração. Foi mais um, dos tais que eram maus mas dos
quais não me posso queixar!
- Humberto,
30 e poucos anos, de bordo ou de trabalho externo. Penso que teria regressado
da conclusão dos trabalhos de montagem da “Celulose do Guadiana”, em Mourão.
Bom profissional, em 1958 foi para o Estaleiro da CUF e talvez em 1959, emigrou
e foi para a fábrica da “Mercedes”, na Alemanha.
- Manuel
Correia, “Manel dos compressores”, 30 e poucos anos, era quem tratava dos
motores dos compressores, máquinas de soldar “Hobart”, ambos móveis e da frota
automóvel. Também boa pessoa, tinha paixão por motas e algumas vezes o estive a
auxiliar. Julgo ter ido para a Petroquímica.
- “Joãozinho”,
menos de 30 anos, bom moço mas pouco expansivo, emigrou para Angola e, pouco
tempo depois de lá chegar, morreu num desastre de automóvel. Esta era a versão
que eu tinha, até ao dia 13 de Setembro de 2015, dia em que, para minha
alegria, consegui contacto com o meu antigo colega Verónico e ele me informou
que essa versão não era verdadeira e o “Joãozinho” tinha ido trabalhar para a
“Cometna”!
- Norberto,
20 e poucos anos, pouco expansivo, bom profissional. Saiu e foi trabalhar para
a TAP
- “Rato”,
cerca de 30 anos, pouco dotado tecnicamente, era mais de trabalhar a bordo.
Tentou a admissão ao Estaleiro da CUF mas não foi admitido.
- João
Baptista “Taínha”, 30 e poucos anos, bom profissional, com problemas de
gaguez, foi o meu oficial durante mais tempo e até ao dia da minha saída.
Adepto do Belenenses, ainda sofria devido à perda do campeonato do ano anterior
e dizia que, por vezes, até sonhava com o último jogo. Tinha estado a trabalhar
na montagem da Celulose do Guadiana, em Mourão. Morava na rua Aliança Operária
e encontrei-o várias vezes. Certa vez fui com ele, ao refeitório do Banco de
Portugal para reparar uma caldeira.
- António
Santos Costa “Compadre”, cerca de 25 anos, ajudante, foi o 1º a ir para a
Petroquímica.
- Jacinto,
cerca de 25 anos, ajudante, trabalhava mais com os motores, com o Manuel
Correia. Também foi para a Petroquímica.
- Santiago,
20 e poucos anos, tinha regressado da tropa e preparava-se para casar. Parecia
habilidoso e como ia casar, tentava ir fazendo alguns apetrechos de cozinha em
aço inox sempre que conseguia algum tempo disponível e fora das vistas do
Mestre Carolino.
- Leal,
cerca de 20 anos, em breve ia para a tropa. Já o conhecia do Clube Nacional de
Natação
- João
“Cantinflas”, cerca de 20 anos, também foi para a tropa. Bom moço.
- “Carlinhos”,
talvez 18 anos ou 19 anos, sobrinho do encarregado dos Tubos, era um rapaz
alegre. Estava sempre pronto a acompanhar o oficial que fosse em serviço aos
Laboratórios J. Neves, onde ele tinha a namorada. Certo dia, estando a
trabalhar no limador, que ficava logo atrás da escrevaninha do Mestre Carolino,
meteu um bocadinho mais de ferro, o limador até “roncou”, o Mestre Carolino,
acto contínuo virou-se para trás e pespego-lhe tal chapada que o “Carlinhos”
foi bater na parede e foi de seguida mandado para casa. Não recordo se tornou a
regressar mas o caso meteu o tio ao barulho!
- Manuel
Carlos, 20 e poucos anos, era novo na empresa e vinha de trabalhar na força
aérea. Era primo do João Brito. Não era mau rapaz mas, profissionalmente, era
sobre o fraco.
- “Zé”,
cerca de 20 anos, pouco expansivo, era bastante solicitado pelo Mestre Carolino
para preencher as requisições de material.
- “Zé”
“Jardineiro”, cerca de 18 anos, era filho do jardineiro do Visconde de
Botelho. Profissionalmente dentro da média.
- Verónico
Vargues, algarvio, cerca de 17 anos. Tal como eu, deve ter caído nas graças
do Mestre Carolino e recebeu a alcunha de “Jaburú” assim como eu a de
“Perdigão”. Tudo porque ele nortenho e ferrenho do Futebol Clube do Porto,
tinha de nos atribuir alcunhas de acordo com jogadores do FCP da altura.
A vida dá muitas voltas e é um grato prazer,
ao fim de 60 anos, encontrarmos alguém do nosso tempo de juventude, quando nós
éramos apenas o João e o Verónico. Foi o que aconteceu!
- Zé
“Casa Pia”, 18 a 19 anos, era um moço com quem eu privava bastante, não só
porque bastas vezes estivemos a ajudar o mesmo oficial, o Manuel Correia,
“Manel dos Compressores”, como também porque era minha companhia durante grande
parte do trajecto de saída para casa, e gostava de pedir-me opiniões.
Mentalmente fraco, tinha estado na Casa Pia e a mãe algumas vezes foi ao
Argibay pedir para o auxiliarem. Nesse ano de 1955/56, matriculou-se na Marquês
de Pombal, no 1º ano mas a vida não ia fácil. Dizia ter tocado requinta, na Casa
Pia. Bastantes anos mais tarde, encontrámo-nos. Ele reconheceu-me, tinha casado
e suponho que tinha uma filha.
Claro que o pessoal não se esgotava na Oficina
de Serralharia pois havia o pessoal da Caldeiraria, dos quais apenas recordo o
“Chamusca”, que morava na Chamusca e fazia diariamente esse trajecto em
transporte público. Não sei quantas horas perderia nisso! O “Cebola”, ajudante
de caldeireiro e que, mais tarde vi na Margueira. O Manteigas, soldador, pai do
“Matateu”, também soldador, que tocava clarinete e que tinha regressado da
“tropa”. O “Barcelinhos”, homem dos seus 40 e tal anos, ajudante de
caldeireiro, figura típica e humilde. Um outro, também de cerca de 40 anos,
soldador e fanático do Benfica. Dois aprendizes de soldador, o Arlindo e o
Américo, por sinal bons profissionais e que, pelo menos o Arlindo, foi para a
Lisnave.
Na Caldeiraria de Tubos havia um aprendiz
que não recordo o nome.
A Secção Eléctrica, estava instalada na
Sociedade de Caldeiraria e Forjas, junto ao topo da Doca de Alcântara.
Os trabalhos mais comuns eram as
reparações dos navios da Companhia dos Carregadores Açorianos, tais como o
“Pero de Alenquer”, “San Miguel”, “Sete Cidades”, “Lagoa”, “Horta”, “Monte
Brasil” e o barco dos Pilotos da Barra de Lisboa, o “Comandante Pedro Rodrigues”.
Trabalho também normal eram reparações nos Laboratórios J. Neves. Julgo que,
afora o que atrás mencionei, o fabrico de caldeiras e a sua reparação eram as
suas principais fontes de trabalho.
Em finais dos anos 50 ou princípio dos anos 60, transferiu as suas instalações para Arcena, Alverca, onde, já com carreiras, se dedicou à construção naval.

Na carreira o “Cacilhense”, que dava nome a um grupo de novas unidades,
ou um cacilheiro dessa classe
Em 1981, durante um levantamento para o
“Estudo Integrado dos Portos de Lisboa, Setúbal e Sines”, estive nos estaleiros
do Argibay, onde se encontravam em construção alguns cacilheiros da classe
“Cacilhense” (“Seixalense”, “Palmelense”, “Sintrense”) e onde o engenheiro
responsável era o filho do encarregado Armando Antunes!
Os ventos, porém, não iriam ser favoráveis
e em 1994, a empresa agora já com o nome de ARGIBAY - Sociedade de Construções Navais e Mecânicas, S.A., entrava em falência!
E lá se colocou mais um prego, no “caixão”
da indústria naval portuguesa!
ResponderEliminarAllá, por el año 2012, intercambiamos diversos e-mails en este mismo blog, motivado por un artículo que usted publico en referencia al ataque portugués a Zarza la Mayor durante la Guerra da Restauraçao, y en concreto el mes de junio de 1665.
Al hilo de aquel mensaje original, le comente el ataque castellano a Salvaterra ocurrido en 1646.
Ahora, una vez que he recopilado información al respecto, he publicado recientemente en un blog el siguiente artículo, que aquí le adjunto.
Noticias que, acaso, le puedan servir para ampliar aún más su ya extenso conocimiento de la historia salvaterrana, de lo cual le felicito por su admirable tarea, dando a conocer sus pesquisas en este blog, del cual soy fiel visitante.
Nada más, señor Celorico. Animándole a que continue con su trabajo, en beneficio del conocimiento mutuo de Zarza y Salvaterra.
Saludos.
Salvaterra do Extremo, el objetivo deseado
<<..esta situada sobre [...] frontera de lazarça de Alcantara [...] començada afortificar a lo moderno [...] cuure el campo quellaman de las Erañas, granero de Portugal, conque sera daño consideraule para los portvgveses si lapierden...>>
Con las anteriores palabras era descrita, a finales del año 1646, la villa de Salvaterra do Extremo, según el parecer del conde de Fuensaldaña, por entonces máxima autoridad del Real Ejército de Extremadura.
Plaza fuerte portuguesa, con <<... o castelo, que está fundado sóbre o rio Elges, em um penhasco por dois lados inacessivel...>>
Llave de gran parte de la provincia de Beira. Cuartel para grueso número de tropas, que desde aquí entraban en tierra extremeña al intento de realizar escaramuzas.
Motivo por el cual, no cabe duda, siempre fue un objetivo militar muy deseado. Destruir aquel <<...nido de reueldes...>>, un plan varias veces diseñado y nunca puesto en práctica.
Ahora sí. Llegó don Alonso Pérez de Vivero y los deseos se convirtieron en realidad.
Francisco de Mascarenhas, conde de Serem, lider de la defensa lusitana beirense, un buen día del mes de octubre de citado año, comunicaba, por vía de urgencia <<...haver o inimigo escalado ao luguar, mas intentar o sitio ao castello...>>
Se había producido el esperadísimo ataque de los castellanos; y la villa de Salvaterra, tomada y saqueda; pero el fortín roquero aún se mantenía libre porque <<...a bataria do inimigo nao poder ser de grossa artilharia [...] e con ella deste genero, inda que incomode os parapeitos nunqua poderá fazer ruina que occasione brecha...>>
Durante cuatro jornadas de intensa lucha, se defendieron con valor los salvaterranos. Junto a ellos, un puñado de soldados procedentes de pueblos comarcanos, y algunos otros que tuvieron la suerte de llegar a tiempo desde Elvas.
Fuera de las murallas, varios cientos de hombres, militares y civiles, bajo la atenta mirada de cabos y oficiales, queriendo penetrar en el recinto fortificado, que se alzaba en la cima de la montaña.
Ni petardos, ni bombas, ni mantas incendiarias, ni ningún otro pertrecho de guerra. Nada pudo abrir la férrea puerta del castillo y sus muros defensivos.
Volvía a informar Serem <<...o inimigo tanto que soube que o socorro era cheguado procurou abreviar e reduzir as escalas, e procurou escapar, e he certo que foi grande perda de gente...>>
Los mismos que atacaron, fueron muy críticos con el desenlace de su intentona <<...pareció más açertado no esperar alli el socorro q ajvstauam los reueldes, y asi se retiró poniendo fuego a la Vª, no sin murmuración aun delos mismos soldados, que todos jvzgaban la empresa por concluida con dos dias mas de asiftençia.....>>.
Una vez más los deseos no fraguaron, y Salvaterra do Extremo pudo respirar aliviada.
Mantenía intacto su poder. Seguía siendo la vanguardia de aquella parte de la frontera. Pero quedaba mucho aún para cantar victoria. Veintidos años de lucha por delante. El destino guardaba, celoso, nuevas sorpresas.
Muy caro e estimado senhor Juan Caro
Eliminarmuito grato pela sua visita e informação que vem completar aquela que fiquei escrito no "post" "Zarza .. fué queimada" e que fui beber ao livro "História do Portugal Restaurado", livro nono, pág. 584 e 585.
Vou lê-la com mais atenção, comparar e completar.
Posto isto agradeço a sua atenção e as palavras tão elogiosas que eu bem gostaria de não desmerecer, continuando em busca de algo que nos traga luz à história de Salvaterra e de Zarza.
Receba os meus melhores cumprimentos,
muchas gracias,
João Celorico
Não sei se chegou a conhecer, ou se até trabalhou com ele, o Sr. arnaldo Gomes, que penso foi mestre no Argibay em Alverca.
ResponderEliminarFaleceu em Janeiro destea ano, no concelho da Figueira da Foz.
Caro Anónimo,
Eliminarrealmente não é muito provável que eu tenha conhecido o sr. Arnaldo Gomes, uma vez que só trabalhei no Argibay desde Setembro de 1955 a Junho de 1956, em Lisboa, na Cova da Moura, junto à avenida Infante Santo.
De qualquer modo, paz à sua alma e o meu bem haja pela sua visita e comentário.
João Celorico
Obrigado pelo 'retrato' do Argibay na Cova da Moura. Fantastico como ainda se recorda de tantos nomes. O meu Pai tambem começou a trabalhar na Cova da Moura por volta de 1961(?) e foi colega do 'Tainha' por muitos anos. Tambem eu tive o prazer de o conhecer. E ainda o Sr.Serra chegou a chefe da Secção de Pessoal e creio que permaneceu na empresa atè aos ultimos dias.
ResponderEliminarFantastico como ainda se recorda de tantos nomes. O meu Pai tambem começou a trabalhar na Cova da Moura por volta de 1961(?) e foi colega do 'Tainha' por muitos anos. Tambem eu tive o prazer de o conhecer. E ainda o Sr.Serra chegou a chefe da Secção de Pessoal e creio que permaneceu na empresa atè aos ultimos dias.
ResponderEliminarGrato pela sua visita e bem haja pelo seu comentário.
EliminarEfectivamente, como pode ver no "post" seguinte, muito mais recordações desse tempo eu tenho e posso dizer que me são muito gratas mau grado os tempos que se viviam e que não eram nada fáceis.
Quanto às pessoas com quem fui convivendo ao longo da minha vida, não é fácil eu esquecê-las!
João Celorico
Bom dia.
ResponderEliminarGostaria de trocar algumas impressões sobre o estaleiro Argibay.
Pode enviar-me um mail para eegrejas@gmail.com?
Melhores cumprimentos
Eduardo Egrejas
Sr. João Celorico
ResponderEliminarGostei desta sua história de uma vida.
Vim cá cair porque faz referência a um "Salrreta" que é de certeza da minha família. Gostaria de conhecer mais sobre este Salrreta e se se lembrar de alguma coisa (principalmente o 1º nome e a idade aproximada) agradecia que me enviasse para o meu mail em luisalreta@clix.pt
Obrigado
Luis Salreta
O Eng. Milton Baptista que casou com a filha dum dos sócios da Argibay, Maria Teresa, passou em 1959 para os quadros da antiga Sociedade Portuguesa de Petroquímica como director da manutenção e mais tarde passou a director fabril; no fim da Gás de Portugal, empresa esta que sucedeu à Sociedade Portuguesa de Petroquímica, passou para administrador duma das empresas do grupo recentemente criada, a Engigás.
ResponderEliminarGrato pelo seu comentário.
EliminarPara a Sociedade de Petroquímica também foram vários os operários do Argibay que já nos anos 1955 e 56 para aí se transferiram. Mais tarde, a ida para Alverca também deve ter contribuído para alguma "deserção".
Mehores cumprimentos
João Celorico
Ola trabalhei la em 1981 e o unico nome que me lembro era o Tainha. Penso que talvez o Dionisio mas nao tenho a certeza. Havia um de alcunha Sandokan e lembro-me do senhor ferramenteiro. Eu tinha entao 18 anos. Bons tempos.
ResponderEliminarBom dia! Não via o seu comentário porque fica a aguardar moderação para que eu tenha conhecimento dele. Desconhecia que o João Batista "Taínha" tivesse continuado na ARGIBAY, depois da mudança para Arcena. Em 1981 já devia ser bem "velhote". Teria à volta duns 60 anos! Muito do pessoal de 1955 não fez a mudança e procuraram outras empresas, tais como SACOR, Petroquímica ou CUF. Boas Festas, Bom Ano Novo e obrigado pela visita!
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