domingo, 6 de fevereiro de 2011

Errare é ó mano!


Depois de ler um “post”, no blogue “brisadoaltodaserra” da minha amiga Cristina, problemas de saúde (vulgo “caruncho”), impediram-me de vir colocar mais cedo este “post”. Cá vai!

Eu áxo uma ipocrisia total o Acôrdu Ortográficu!
Presto a minha omenagem aos distintos omens que pretendendo umanizar e armonizar a língua portuguesa dão tal facada no umanismo!
O omem ao longo de toda a istória sempre viveu de mudanças mas com pés e cabeça. Oje em dia já o homem é, só, omem e pode ter pés e, pelos vistos, pode não ter cabessa.


Não sei se será este o Português do futuro, mas é capaz de não andar muito longe:
Se já é difícil haver Homens, com “H” grande, agora parece que até os de “h” pequeno vão acabar!
Será que as palavras deixaram de ter etimologia? Então já não terão raiz latina ou grega? É um facto que já se escreveram; mãi, pae, hontem, quási, pharmacia, Luiz, Cintra e muitas outras. Eu só gostava de saber porque algumas palavras, agora, são alteradas. Será que são assim escritas no Brasil ou nas ex-colónias? Também é um “facto” que já temos palavras bué que nem sabemos o que querem dizer. Mas a “gentes” cá se entende. Ó despois é que vêm com estas cenas do Acordo. Eu cá não acordo, portantos vou continuar a escrever como aprendi apesar de não ter levado muita reguada para isso. Que me conste nunca nenhum português chegou ao Brasil e teve que ir aprender a língua nativa e o contrário igualmente. Também ingleses, americanos, australianos e outros não têm nenhum acordo e entendem-se. Até, aqui ao lado, em Espanha o castelhano não é falado igualmente em todo o território. Isto já para não falar nessa coisa do “mirandês” que pode ser muito bonito e seja um modo de identificação duma região mas que querer ser mais do que isso, é exagero. No meu tempo e talvez ainda agora, os miúdos também tinham a mania de criar “dialectos” (ainda com “c”) intrometendo a cada sílaba uma outra, normalmente o “pa”. Era uma maneira de tentar confundir quem os ouvia. O mirandês, pelo que me é dado observar, não andará muito longe disso. Seria um dialecto para não serem entendidos por estranhos pois que sempre tiveram que se entender com portugueses, ou espanhóis.
Ora vejam lá se entendem este dialecto: - Elha lá Maria, viste pr’á i a porca da nha mãi ? Elha, enxerguei-a a fossar nas costas do Spríto Santo!Eu traduzo: - Olha, lá, Maria, viste por aí a porca, da minha mãe? Olha, avistei-a (ou, vi-a) a procurar comida ali atrás da capela do Espírito Santo!Chegará isto para dizer que é um dialecto da Zebreira? (Foi lá que se passou esta cena)!
Mas também, na minha terra se pode ouvir :- Os filhos andam ali no chão do Pinheiro e nos cantchais. Andam todos ensolarados, uns até andam encouros e empenedos num cantchal. Andam a comer gatchos, figos de pita, abeberas e marguedas. Queira Deus que não lhes dê volta às tripas. Também levavam uma cunca mas não enxerguei o que tinha porque a taparam com um testo.Dará isto direito a um dialecto? Se quiserem, posso traduzir!

Já repararam que algumas estações de televisão, onde a gralha é constante, já se dão ao luxo de escrever “Egito”? Serão “egícios” os seus naturais? Ou egitienses, ou egitianos?

Bem, quanto a Acordo, estamos acordados e não nos venham adormecer…

4 comentários:

  1. João
    Parece que andamos todos "às aranhas" com o acordo ortográfico. Eu tenho andado a ver se me entendo. Em breve tenho a neta a iniciar a escolaridade, tenho que a acompanhar e não entendo nada. Há regras e excepções/exceções? muito estranhas. Agora penso que todos vamos dar erros ortográficos. O que nos vale é que as réguas entraram em desuso.
    Beijinhos
    Lourdes

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  2. Pois é João , isto do dito «Acordo » não está nada fácil!... Sabe ,tenho um livrinho igual ao seu , mas , como se diz pelas nossas bandas , «burro velho já não aprende linguagem »!!! creio ser exactamente o que se passa comigo . Olhe vou mas« éi detchér correri o marifim e o que fori há-di soari.... Sanã a genti começa a falari em idanhensi e prantu ,quem nã gostéri que coma mênus que é côma quem diz ,quem na preceberi que vá aos gatchos ...E tá tudo dito vezinho , inda um dia amos entenderi que emos cousas tã da nossa terra qu'atéi dá pr'a dezermos que inda emos de seri indepindentis ,nã atcha ?»
    Pronto ,aí está o meu desabafo ,mas olhe que tenho pensado , muito a sério , na conservação de certos vocábulos das nossas terras .
    «Vezitas »
    Xquina

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  3. Pois é amigo João, ainda não estou conformada com esta história do “Acordo”. É uma tristeza e uma vergonha ver o que querem fazer à nossa Língua.
    Eu continuo na minha: sempre hei-de escrever como aprendi!
    Quanto às palavras que usou: cantchais, encouros, empenedos, cantchal, gatchos, abeberas, marguedas, etc… trouxeram-me à memória, a imagem de minha avó a falar assim. Muitas vezes tinha que pedir a tradução à minha mãe, lol… Que saudades!...

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  4. É como diz, Cristina! Eu assimilei muito certos vocábulos, apesar das poucas vezes que estive na minha terra. Quando me aparece qualquer vocábulo novo, tento sempre descobrir donde terá ele vindo. A tradição oral deforma e transforma muito certos vocábulos. Há muitos de origem espanhola, outros são apenas deturpações.
    Abraço,
    João Celorico

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