segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Desatando os nós da História… A fortaleza de Salvaterra do Extremo ( 1 )





Não sou historiador. Sou apenas alguém, curioso, que gosta de História e pretende encontrar alguma relação lógica entre alguns factos que são mal conhecidos, ou mal explicados, devido à existência de documentação contraditória ou, mesmo, inexistência dela.
Assim, no que concerne à fortaleza de Salvaterra do Extremo, segundo vários documentos escritos, dos quais desconheço onde foram beber a informação pois que, dum modo geral, está sempre baseada em suposições, diz-se que entre os anos 1114 e 1118, D. Teresa, terá  feito doação da cidade da Egitânia e do seu Termo aos irmãos Gosendes ( D. Egas e D. Mourão) na qual está incluído o termo de Salvaterra. No entanto, naquele que dizem ser o primeiro documento autêntico, conhecido, desta época sobre este assunto, diz-se que, ano de 1165, D. Afonso Henriques doa aos Templários, os terrenos delimitados pelos rios Elgas a este, Tejo a sul, Zêzere a oeste e serra da Estrela a norte e que terá mandado  erigir o Castelo de Salvaterra do Extremo.

Posto isto, enunciemos alguns factos ocorridos, ou supostamente ocorridos, no reinado de D. Afonso Henriques, de 1143 a 1185:

1)      Em 1150, consta que Afonso VII, de Leão, terá dado aos Templários a guarda dos castelos de Peñafiel e Salvaterra, assim como o território até ao termo de Idanha.

Perante isto, admitindo o que acima se diz, talvez D.Teresa tenha feito tal doação, mas é provável que o termo de Idanha não incluisse Salvaterra ou, entretanto, fosse perdida para Afonso VII que, então em 1150, terá dado aos Templários a guarda dos castelos de Peñafiel e Salvaterra, assim como o território até ao termo de Idanha, o que leva a supôr Idanha (Idanha-a-Velha) nas mãos dos almorávidas. Também será de supôr que com a entrega deste território, ele tenha mandado proceder ao arranjo dos castelos de Peñafiel (antiga fortificação árabe chamada de Racha-Rachel, também segundo se supõe) e Salvaterra.
Parece, pois, que quem deu a guarda de Salvaterra aos Templários foi um Afonso, o VII, “el Emperador”, e não Afonso I, o “Conquistador”.

2)      Em 1164, D: Urraca, filha de D. Afonso Henriques, casa com Fernando II de Leão.

Aconteceu que D. Afonso Henriques na sua vida atribulada e irrequieta, não olhando muito a certos princípios, foi-se metendo pela Galiza dentro e tomando algumas fortificações, o que não agradou a Fernando II. Para o sossegar e colmatar tal acção D. Afonso resolveu-se então a, em 1164, dar-lhe sua filha, D. Urraca, em casamento. Tudo parecia acabar em bem!

3)      Em 1165, diz-se que D. Afonso Henriques terá conquistado Idanha e Monsanto e que terá entregue a sua guarda aos Templários. Diz-se também que, com isto, ficou com o domínio de todo o território, até ao rio Tejo, entre o Erges e o Zêzere.

Ora, aqui é que está, quanto a mim, a primeira discrepância. Se D. Afonso Henriques conquistou Idanha e Monsanto, tudo parece indiciar que estas estariam nas mãos dos almorávidas. Por sua vez Salvaterra continuaria na posse de Fernando II, de Leão, à guarda dos Templários ( ou, talvez, de Calatrava). Assim, o que talvez se possa dizer é que todo esse território passou a estar em mãos cristãs. Do Erges até à Idanha, sob a tutela de Fernando II (sucessor de Afonso VII), e de Idanha até ao Zêzere, sob a tutela de D. Afonso Henriques.
Não parece, pois, muito lógico que, apenas 1 ano depois, em 1165, D. Afonso Henriques tenha conquistado Salvaterra e tenha erguido o castelo, estando este em mãos cristãs e sob a égide do seu genro.
Isto também porque, em 1211, quando da conquista de Salvaterra pelos Almóadas, não consta que ela estivesse em mãos portuguesas e, mais à frente, veremos que o que parece lógico é estarem nas mãos dos Templários (ou, talvez de Calatrava).

( continua )


2 comentários:

  1. Respostas
    1. Bem haja pela sua visita e comentário. Infelizmente, além do que consta no blogue e poderá procurar fazendo busca por "Salvaterra", de momento não terei muito mais a acrescentar. Como a minha busca ainda não acabou, pode ser que me apareça algo mais. Mais uma vez, bem haja!

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