Não sou historiador. Sou apenas alguém, curioso, que gosta de História e
pretende encontrar alguma relação lógica entre alguns factos que são mal
conhecidos, ou mal explicados, devido à existência de documentação
contraditória ou, mesmo, inexistência dela.
Assim, no que concerne à fortaleza de
Salvaterra do Extremo, segundo vários documentos
escritos, dos quais desconheço onde foram beber a informação pois que, dum modo
geral, está sempre baseada em suposições, diz-se que entre os anos 1114 e 1118,
D. Teresa, terá feito doação da cidade
da Egitânia e do seu Termo aos irmãos Gosendes ( D. Egas e D. Mourão) na qual
está incluído o termo de Salvaterra. No entanto, naquele que dizem ser o primeiro
documento autêntico, conhecido, desta época sobre este assunto, diz-se que, ano
de 1165, D. Afonso Henriques doa aos Templários, os terrenos delimitados pelos
rios Elgas a este, Tejo a sul, Zêzere a oeste e serra da Estrela a norte e que
terá mandado erigir o Castelo de
Salvaterra do Extremo.
Posto isto, enunciemos alguns factos ocorridos, ou
supostamente ocorridos, no reinado de D. Afonso Henriques, de 1143 a 1185:
1)
Em 1150, consta que Afonso VII, de Leão, terá dado aos Templários a guarda
dos castelos de Peñafiel e Salvaterra, assim como o território até ao termo de
Idanha.
Perante isto, admitindo o que acima se diz, talvez
D.Teresa tenha feito tal doação, mas é provável que o termo de Idanha não
incluisse Salvaterra ou, entretanto, fosse perdida para Afonso VII que, então
em 1150, terá dado aos Templários a guarda dos castelos de Peñafiel e
Salvaterra, assim como o território até ao termo de Idanha, o que leva a supôr
Idanha (Idanha-a-Velha) nas mãos dos almorávidas. Também será de supôr que com
a entrega deste território, ele tenha mandado proceder ao arranjo dos castelos
de Peñafiel (antiga fortificação árabe chamada de Racha-Rachel, também segundo
se supõe) e Salvaterra.
Parece, pois, que quem deu a guarda de Salvaterra aos
Templários foi um Afonso, o VII, “el Emperador”, e não Afonso I, o
“Conquistador”.
2)
Em 1164, D: Urraca, filha de D. Afonso Henriques, casa com Fernando II de
Leão.
Aconteceu que D. Afonso Henriques na sua vida atribulada
e irrequieta, não olhando muito a certos princípios, foi-se metendo pela Galiza
dentro e tomando algumas fortificações, o que não agradou a Fernando II. Para o
sossegar e colmatar tal acção D. Afonso resolveu-se então a, em 1164, dar-lhe
sua filha, D. Urraca, em casamento. Tudo parecia acabar em bem!
3)
Em 1165, diz-se que D. Afonso Henriques terá conquistado Idanha e Monsanto
e que terá entregue a sua guarda aos Templários. Diz-se também que, com isto,
ficou com o domínio de todo o território, até ao rio Tejo, entre o Erges e o
Zêzere.
Ora, aqui é que está, quanto a mim, a primeira
discrepância. Se D. Afonso Henriques conquistou Idanha e Monsanto, tudo parece
indiciar que estas estariam nas mãos dos almorávidas. Por sua vez Salvaterra
continuaria na posse de Fernando II, de Leão, à guarda dos Templários ( ou, talvez,
de Calatrava). Assim, o que talvez se possa dizer é que todo esse território
passou a estar em mãos cristãs. Do Erges até à Idanha, sob a tutela de Fernando
II (sucessor de Afonso VII), e de Idanha até ao Zêzere, sob a tutela de D.
Afonso Henriques.
Não parece, pois, muito lógico que, apenas 1 ano depois,
em 1165, D. Afonso Henriques tenha conquistado Salvaterra e tenha erguido o
castelo, estando este em mãos cristãs e sob a égide do seu genro.
Isto também porque, em 1211, quando da conquista de Salvaterra
pelos Almóadas, não consta que ela estivesse em mãos portuguesas e, mais à
frente, veremos que o que parece lógico é estarem nas mãos dos Templários (ou,
talvez de Calatrava).
( continua )
( continua )
Óptimo!
ResponderEliminarMais episódios ? Na calha?
Bem haja pela sua visita e comentário. Infelizmente, além do que consta no blogue e poderá procurar fazendo busca por "Salvaterra", de momento não terei muito mais a acrescentar. Como a minha busca ainda não acabou, pode ser que me apareça algo mais. Mais uma vez, bem haja!
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