domingo, 26 de março de 2023

In Memoria (Dr. António Salvado)

(Hoje, dia 26 de Março de 2023, quero assinalar, com sincero pesar, os 20 dias após o fim da passagem do Dr. António Salvado por este Mundo, lembrando também os 63 anos dum documento que atesta a sua e minha passagem pela Escola Industrial Marquês de Pombal!) 




AO DR. ANTÓNIO FORTE SALVADO

A minha póstuma homenagem

 

Na vida duma pessoa há coisas que parecendo pequenas, atingem uma grandeza que só a própria pessoa lhe pode dar!

Aconteceu que no ano lectivo de 1959/60, no 2º ano do Curso Nocturno da Secção Preparatória aos Institutos, me coube ter, como professor de Francês, um jovem alferes que a mim e aos outros alunos da turma nos dava ideia duma pessoa pouco expansiva. Porventura fruto da iminência de convocatória para uma missão no ultramar. Ao tempo seria na Índia.


Exercício de Francês, no dia 26/03/1960
(faz hoje, exactamente, 63 anos)





Dedicatória no livro OUTONO/OUTOÑO, lembrando os bons velhos tempos da "Marquês de Pombal"

Bom professor, a quem também os 6 alunos que éramos não lhe causariam problemas de maior.

E era nesta relação aluno/professor, apenas de respeito mútuo e pouco expansiva que íamos vivendo. Até que certo dia, eu mais um colega, resolvemos aproveitar um “furo”, para num café/pastelaria, próximo da escola, passar os olhos por alguma matéria de estudo. Enquanto ali estávamos, entrou o Dr. António Salvado que nos cumprimentou, tomou ao balcão a sua “bica” e ao sair se despediu de nós.

A surpresa foi que quando fomos pagar a nossa despesa, já ela tinha sido liquidada pelo Sr. Dr. António Salvado. Esse gesto calou fundo e não mais esqueci!

O ano lectivo terminou e não mais tive notícia do Dr. António Salvado, até ao dia em que encontrei numa Feira do Livro, um livro que me chamou a atenção, devido ao seu autor. O título “Equador, Sul”. Adquiri-o e vi que se tratava duma homenagem a um militar que em Angola, morreu para salvar vários dos seus camaradas. O autor do livro, tinha vivido esse acontecimento.

Mais tarde, já anos 70, chamou-me a atenção um artigo no Diário de Notícias, secção de Artes e Letras, onde se falava do trajecto e das qualidades poéticas de António Salvado. Posteriormente, já em 2009, nas minhas buscas de documentação sobre a terra onde nasci, Salvaterra do Extremo, nos Cadernos de Cultura sobre “Medicina na Beira Interior, da pré-história até ao século XX”, encontrei o seu nome e fiquei a saber que era beirão, tal como eu. Da surpresa, passei à tentativa do contacto telefónico sendo recebido afavelmente e com algum regozijo, o que muito me honrou. Daí resultou, após lhe enviar alguns despretensiosos trabalhos poéticos, o seu incentivo para que os enviasse ao Jornal Raiano.


Simpáticas e amáveis palavras após o reatar do nosso conhecimento


A sua última oferta

A partir daqui, na quadra de Natal, regularmente lhe enviei postais com poema da minha autoria e também, sempre amavelmente, me respondia com a sua amizade e algumas obras suas, o que me deixava imensamente grato e orgulhoso e que passaram a fazer parte do meu acervo, tal como a documentação desde o primeiro contacto. Ainda no passado Natal tal aconteceu e coisa que já andava no meu pensamento, resolvi elaborar algumas palavras e dar a conhecer, no meu blogue, o reviver duma relação aluno/professor, começada no já longínquo ano lectivo de 1959/60, na Escola Industrial Marquês de Pombal.

De novo as suas amáveis palavras.
Infelizmente as últimas que me dedicou!
 


Infelizmente, não fui muito rápido na elaboração desse texto e foi com pesar que assistindo a um programa de televisão fui surpreendido com a notícia, em rodapé, do falecimento do poeta albicastrense, António Salvado. Desaparecia alguém que fazia o favor de ser meu amigo e que eu gostaria de lhe ter, algum dia, dito quanto o admirava como pessoa, apesar do pouco tempo de contacto e lhe deixar o meu bem haja!

Decerto ficará para um dia! Por agora, fico a minha gratidão nesta póstuma homenagem!

Repouse em Paz!




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