quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Jóias de Salvaterra ( 1 ) - A Igreja Matriz

A Igreja Matriz, numa aguarela da pintora Maria da Conceição Ventura

A Igreja Matriz de Salvaterra do Extremo (Igreja de Santa Maria) é um templo de tradição medieval, incluindo-se, por isso, no original foco tardo-renascentista da Beira Baixa raiana, apresentando curiosas analogias com outras obras de Idanha-a-Nova e Monsanto. A povoação foi agraciada com foral por D. Sancho II (1229), mas a sua igreja só está documentada no século XV. Em 1505, D. Manuel I mandou reconstruir e alargar a igreja matriz que se encontrava muito danificada e fez erguer a torre sineira e o campanário. Porém, em 1509, a crer no desenho de Duarte D’Armas, as obras não se teriam iniciado, pois pode ver-se o estado lastimável em que se encontrava, completamente destelhada, aquela que parece ser a Igreja Matriz.
Ainda, em 1537, uma visita do Fr. António Lisboa, da Ordem de Cristo, dá conta do mau estado em que se encontrava o monumento, em particular as obras artísticas do interior (pinturas do retábulo e uma caixa de damasco branco, oferecida por D. Manuel I, por ocasião do foral novo, passado à povoação em 1 de Junho de 1510).
Portanto, a actual configuração do templo data de meados do século XVI, altura em que se terá refeito a fachada principal, passando a ostentar portal axial de arco de volta perfeita, inscrito em alfiz limitado por pilastras, e um cenográfico varandim ao nível do segundo andar. Do lado Sul, ergueu-se um poderoso campanário. Admite-se a possibilidade do risco desta igreja ter sido feito pelo arquitecto beirão Pedro Sanches (ou Pêro Sanches) que fez, nesta região, a matriz de Idanha-a-Nova e a de Penamacor, entre outras obras ainda não totalmente identificadas. Quanto ao retábulo do altar-mor, feito ao moderno, é obra barroca do estilo português ou nacional, com colunas e arquivoltas torsas e profusamente decoradas com os motivos mais comuns neste tipo de manifestações, como sejam parras, cachos, fénices, anjinhos, etc., o qual terá substituído um retábulo anterior, mais ou menos contemporâneo da igreja. Foi feito por Francisco Álvares Gramacho, de Penamacor, e dourado em 1724 por Manuel Gomes Calado, de Tortosendo, e José Ramos, de Salvaterra.
O arco triunfal deve também corresponder a finais do séc. XVI ou inícios do XVII, enquanto que os elementos devocionais (retábulos principal e laterais) foram executados na época barroca, provavelmente na primeira metade.
Em 12 de Maio de 1758, dizia nas Memórias Paroquiais, o Vigário de Salvaterra do Extremo, Frei Sebastião Pires Moreira:
“A igreja está dentro dos muros, e orago dela é a Senhora da Conceição; tem cinco altares, a saber: capela maior, com sua tribuna feita de talho de relevo, aonde está o Santíssimo Sacramento e a dita Senhora em o trono da dita tribuna, e nos lados desta S. Domingos e S. Francisco; em um dos colaterais à parte direita está uma imagem de Cristo Crucificado, e em o da esquerda a Senhora do Rosário, aonde está erecta uma irmandade das almas, com tão pequena renda que apenas é bastante para satisfazer à disposição de seu compromisso, e da parte direita da dita igreja há um da Senhora da Conceição que contém em os lados as imagens de S. Pedro e S. Sebastião, e da parte esquerda outro de S. Miguel, que nos lados tem as imagens de Santa Bárbora e S. João, todas estofadas e os altares dourados com talha moderna, e a igreja é de uma só nave”.
Restaurada em 1969, à custa dos seus paroquianos, encerrou durante algum tempo, sendo reaberta ao culto no dia 24 de Maio desse mesmo ano, com a presença de S. Exª Rev.ma o Bispo da nossa Diocese, do Ex.mo Governador Civil do Distrito de Castelo Branco e do Presidente da Câmara de Idanha-a-Nova. São dessa data os sinos que se encontram hoje no campanário.
Já na década de 70, ou 80, do século passado, o Altar-mor, de bela talha dourada, tinha sido restaurado.
Apenas como curiosidade se refere aqui a existência dum ninho de cegonha, já com alguns anos e que no cimo do campanário serve de ornamento e é quase um “ex-libris”!

Foi considerada “Imóvel de interesse público” pelo decreto nº 67/97, de 31 de Dezembro.


Bibliografia: Esta descrição foi baseada no site www. ippar.pt, e em informação dispersa na net , livros e jornais.

2 comentários:

  1. João
    Aos poucos vamos conhecendo a sua aldeia, que para além de ser muito antiga, deve ser muito bonita.
    Beijinhos
    Lourdes

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  2. E que bonito altar tem a igreja Matriz da aldeia.
    Mas onde é que o amigo João vai buscar tanta informação fidedigna?
    E o fruto de tanta pesquisa, quando é que sai?
    Bem, não deve ser nada fácil reunir tanta informação.
    Como já disse hoje à nossa amiga Susana, os leitores estão sempre impacientes pela obra que sabem, vai sair um dia…

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