Assim, vamos tentar decifrar o que se passa com a nomeação do Balio de Leça, para Governador de Salvaterra do Extremo.
De acordo com o livro “Memórias históricas da antiguidade do Mosteiro de Leça, chamada do Balio”, da autoria de António do Carmo Velho de Barbosa, editado em 1852, consta que:
Em carta de 2 de Outubro de 1645, o Balio, Fr. Lopo Pereira de Lima terá oferecido os seus serviços a D. João IV. Estávamos em plena consolidação da Restauração da Independência de Portugal. Consta, então, que o rei lhe terá respondido, nesse mesmo mês de Outubro de 1645, com palavras de muito apreço e afecto, nomeando-o para Governador de Salvaterra do Extremo. Algum tempo depois nomeou-o para governar a guerra do Sertão, em Pernambuco mas Fr. Lopo Pereira de Lima, escusou-se a tal nomeação, invocando a necessidade de ir a Malta render seu irmão, Fr. Diogo de Melo Pereira. No entanto esta escusa e a ida a Malta não teria outro objectivo que não fosse a de criar condições para ser nomeado para o Grã Priorado do Crato, ideia que já traria há algum tempo. D. João IV, porém, em carta datada de 4 de Julho de 1646, escrita em Alcântara (será, em Lisboa?) mostrando grande consideração, sempre lhe foi dizendo que estimava que o seu irmão se encontrasse de boa saúde e pronto a voltar ao reino para que ele, D. João IV, pudesse contar com pelo menos um deles, já que não podia contar com ambos. Bem “mexidos os cordelinhos”, a Ordem de Malta nomeou Fr. Lopo para Prior do Crato. Logo que disso teve conhecimento, o Rei não se mostrou assim tão cordato e tratou de impedir que tal nomeação se tornasse efectiva. Esta atitude do Rei, baseava-se em que ele mesmo pretendia esse lugar para o Infante D. Pedro (que viria a ser D. Pedro II).
Com a morte de D. João IV, voltou Fr. Lopo à carga fazendo diligências, junto de D. Afonso VI, para que os seus anseios fossem concretizados. Debalde o tentou pois que o Rei o honrou apenas com uma carta de louvor pelos seus serviços e de seu irmão, mas lhe proíbe “absolutamente de usar tal nomeação”, nem dalgum título que pudesse advir dela.
No entanto no seu epitáfio sepulcral que ele próprio mandou construir, lá está. “Aqui jaz Fr. Lopo Pereira de Lima, Gran Prior do Crato, Balio de Leça…”
Ora, no site da Câmara Municipal de Ponte de Lima, referindo “Figuras Limianas”, acerca de Frei Diogo de Melo Pereira, diz o seguinte:

A 7 de Julho de 1645, Diogo de Melo Pereira pede a el-Rei que o liberte da responsabilidade no Governo das Armas do Minho, fazendo-o substituir, para que possa regressar a Malta. A resposta não tarda. É-lhe dada a permissão e confirmado o soldo no posto de Mestre de Campo.
Por aqui se pode ver que Fr. Lopo Pereira de Lima, acompanhava o irmão nas suas lutas fronteiriças no Minho e que, em 1645, Salvaterra (da Galiza) foi tomada. E que Fr. Diogo, estava realmente em Malta em 1646.
Conclusão: Pois, se é exactamente no mês de Outubro de 1645 que D. João IV nomeia Fr. Lopo Pereira de Lima, como Governador, o que parece mais lógico é que tenha sido desta Salvaterra, na Galiza, acabada de tomar e não de Salvaterra do Extremo!
Deste modo, Frei Lopo Pereira de Lima, parece não ter sido nem Prior do Crato, nem Governador de Salvaterra do Extremo!...
Parece aceitável que, em 1852,(mais de 200 anos depois) o autor tenha confundido as "Salvaterras".
Enigmas da História de Portugal!
Nota: A gravura representa Fr. Diogo de Melo Pereira e foi retirada do site da Câmara Municipal de Ponte de Lima
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