Mesmo assim, fui a exame de “Português”. Aqui, mais uma vez, o acaso veio em meu auxílio. O examinador seria o Dr. David Mourão Ferreira.


4º ano, incompleto, eram as minhas habilitações. Mais do que suficientes para um aprendiz de serralheiro. O curso, talvez o acabasse. Eu não desgostava do novo trabalho. Ainda estava nas nuvens, não tinha os professores e o mestre de Oficinas a moerem-me o juízo. Mas, lá veio o acaso. No Serviço de Pessoal (a quem estarei eternamente grato), perguntaram-me porque é que eu não me matriculava, ao que eu respondi que a empresa só obrigava ao 2º ano e eu já andava no 4º. Ah, mas isso não era assim, vai mas é já tratar da matrícula e deixa-te de conversas. Então, no último dia de matrículas, já com multa e tudo, lá me matriculei. Talvez tenha sido mesmo o último a fazê-lo. Emprestaram-me o dinheiro para pagar tudo e eu, semanalmente, fui descontando no parco vencimento.
Porém, 9 meses passados (coincidência), quando eu já estava ambientado ao emprego, o meu pai, sempre a querer o melhor para os filhos, arranjou maneira de eu ingressar na AGPL. Chorei, porque o trabalho era o mais baixo que podia haver (moço de picagem), mas havia que obedecer e respeitar o esforço que ele tinha tido, dizendo que eu iria subindo e a AGPL era um emprego de futuro. No Estado, claro! Uns meses de orgulho reprimido, eu já andava no 5º ano do curso, e passei para a Oficina de Mecânica. Seria o grande objectivo! Lá veio o acaso e na Escola apareceu um convite para admissão no Estaleiro Naval da CUF. Não me contive e convenci o meu pai de que tinha que mudar. Foi um problema, mas resolveu-se.
(continua)
Olá João , a sua história de vida ,faz-me lembrar a de muitos outros beirões que souberam levantar a cabeça , lutar e ir em frente ... Por acaso , ( mais um !) tenho um desses beirões em casa . Eu , pelo contrário , não fiz mais do que a minha obrigação ,que foi fazer o curso aproveitando todas as oportunidades que os meus pais me deram . No entanto ,quem não teve as minhas mordomias , como parece ser o seu caso e , como já disse o que tenho em casa , tem muito mais valor do que eu e , de outros como eu!
ResponderEliminarAgora só uma pergunta : Essa ida para a CUF não o fez passar pela Esc. Alfredo da Silva afim de fazer os 2 anos do Preparatório ao Instituto ?! É que se fez , temos mais um dos seus acasos ...
Espero a continuação da sua história
Saudações arraianas
Quina
Olá, Quina!
ResponderEliminarEu, posso não ter tido muitas mordomias mas, não podia, nem posso, queixar-me muito pois que, mesmo ao meu lado, tinha alguém que ainda ajudou a guardar cabras e que aos 10 anos já estava, em Lisboa, a trabalhar num escritório! Que razão, tinha eu para me queixar?
Por acaso não passei pela Esc. Alfredo da Silva porque a minha CUF era deste lado do rio e, por acaso, foram 3 anos de Secção Preparatória, porque, e isto já não era por acaso, era ensino nocturno ao qual eu já me tinha habituado.
Claro que a história vai continuar...
Bem-haja,
João Celorico
Será que as coisas acontecem por acaso? Quando somos jovens tendemos a pensar que sim, porém, com o passar dos anos, acabamos por descobrir que afinal “um acaso”, já era premeditado…
ResponderEliminarNão existe a sorte ou o azar, apenas lições que a vida nos quer dar…
Há sempre um significado por detrás de cada acontecimento; um significado que só passados anos, poderemos ver…
Ora, Cristina, diga-me, se souber, porque é que eu, por acaso, fui parar ao "brisadoaltodaserra". É que, a partir daí, isto não pára e eu se soubesse o significado, ficava mais descansado. Como o não sei, há que continuar, enquanto houver vida e saúde...
ResponderEliminarEsperando que tenha a sua companhia e a de outros, para não sentir a solidão, lol...
Abraço,
João Celorico