domingo, 15 de maio de 2011

“Uma Aventura… no Jardim Zoológico” !

Este tempo de Primavera, fez-me recordar um episódio noutra Primavera, já um pouco longínqua. Aqui, fica ele!


Não, não é plágio nem é o novo livro da Drª Isabel Alçada. Essa, anda atarefada em escrever “Uma Aventura … no Ministério”.
Esta aventura no Jardim Zoológico, reporta-se à década de 50, tinha eu aí os meus 11 anos. Aconteceu que, andava no 1º ano do Ciclo Preparatório, na Escola Manuel da Maia, ali à Estrela, e foram os alunos da minha turma convocados para uma visita ao dito jardim. A alegria foi geral e, no dia aprazado, manhã cedo, munidos dum pequeno farnel, só para enganar a barriga, lá nos encontrámos na antiga estação dos eléctricos, nas Amoreiras, junto ao que hoje são as torres do arquitecto Taveira. Eléctrico reservado à miudagem, lá seguimos rumo a Sete Rios. Já conhecia o Jardim e do que então vi, não me recordo de nada em especial. A bicharada estava lá toda! Decerto vimos, os leões, o elefante a tocar a sineta, os ursos, a loja do macaco Faustino e o próprio, e muitos outros animais além do cemitério dos cãezinhos. Não vimos golfinhos, grande atracção dos dias de hoje, porque nesse tempo ainda os não havia.
O dia, de Primavera, estava ensarrabulhado, com algumas abertas e ameaçava chuva a qual, depois de nos divertirmos em corridas e brincadeiras no “roseiral” e no “labirinto” de buxos artisticamente cortados e dispostos por mãos de jardineiro, se resolveu a aparecer. Recolhemo-nos debaixo da pala de um pequeno café, existente perto do “roseiral”, dum rinque de patinagem onde costumavam fazer alguns espectáculos para a pequenada e do lago dos barquinhos. Aproveitámos, então, para comer o magro farnel pois tínhamos as mesas e cadeiras do café por nossa conta. Refeição terminada, o empregado do café não foi tão simpático como antes e recusou-nos um copo de água. Claro que se um bebia, todos os outros também quereriam e ele não teria mãos a medir. Pôs-se, então, o problema da descoberta dum simples bebedouro e cumpre-me, agora, referir o motivo principal desta minha dissertação.
Entre os vários colegas havia um, mais velho e repetente, que não era mau rapaz mas penso que seria um pouco infantil para a idade e o corpo que tinha. Não me recordo do seu nome mas todos o tratavam pela alcunha, “Pato Donald”. Penso que por ele imitar a fala do Pato Donald, nos filmes de desenhos animados.
Continuando, fomos em busca dum bebedouro mas, como é natural, em alvoroço traquinas. Um de nós lembrou-se de começar a correr e “Aguarrás, aguarrás, é o burro que vai atrás”, ao que os mais atrasados respondiam “Aguardente, aguardente, é o burro que vai á frente” e a correria continuava. Eis senão quando, os mais adiantados estacaram, de repente, porque mesmo defronte dos nossos olhos deparámos com uma espécie de lago, circular, de 5 ou 6 metros de diâmetro e com degraus, progressivamente em círculos menores, formando escadaria de cerca de 1 metro de profundidade. Tinha tudo para ser um lago. Mas não era! Acontecia que por ter chovido, o mármore do fundo, molhado, espelhava e dava-nos essa ilusão. Tudo esclarecido, a correria continuou e então, mais à frente, os primeiros veem uma pérgola, com colunas, um portal e lá ao fundo, na parede forrada de lindos e artísticos azulejos, uma artística bica jorrando o precioso líquido. À vista de tal prémio, ainda mais correram e, passado o portal, viram igualmente o que parecia ser um espelho líquido, semelhante ao anterior mas, agora, rectangular. Eu, que seguia um pouco mais atrás, ainda recordo o “Pato Donald”, como que atingido por tiro certeiro, num voo completamente descontrolado, mergulhar no lago que antecedia a fonte. Outros, mais afortunados, ainda conseguiram impedir a queda, agarrando-se às colunas. Após umas gargalhadas bem sonoras, houve que atender ao infeliz “Pato” que honrou a sua alcunha e foi bom de ver, num acto solidário, sem “slogans” de ocasião, tratarmos de despir o rapaz, espremer e torcer-lhe a roupa, enfiar-lhe a camisola de um, o “pullover” de outro, agasalhá-lo o melhor possível para que não arrefecesse, tratar de informar o professor responsável, coitado dele que nem sabia onde nós estávamos, chamar um táxi e um de nós acompanhá-lo a casa.
No dia seguinte, na escola, a aventura foi muito comentada e, “Pato Donald” incluído, estávamos prontos para outra! E, já agora, ficámos a saber que nem tudo o que parece, é!

(Imagens retiradas da net. Blogues: girafamania; ofertasloucas; tonirodrigues)

4 comentários:

  1. João , mais uma das suas deliciosas memórias ! Ah! , também gosto do "Uma Aventura no Ministério "....!!!!! Deve dar um livro de "gritos"!!!
    Muntas vesitas
    Quina

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  2. JOÃO,mas que bela aventura!! todos nós tivemos dessas,"boas loucuras" e também de alguém que se destacava pela positiva mas também os havia pela negativa.Deixe-me que lhe conte uma história,dos meus tempos de primária; sempre fui a mais pequena na idade e de altura na minha sala,mas isso não me impedia de enfrentar tudo e todos,no que toca ao saber e ao estar atenta a algum mal que fizessem aos meus colegas era como se diz de nariz empinado e rebiteza; Uma colega minha tinha um muito mau hábito,roubava canetas ,lápis... tudo o que lhe agradava,e no intervalo ia colocar o produto do roubo,atrás de uma porta lateral da Igreja,para no fim das aulas levar para casa.Eu e uma colega minha já andavamos com o olho nela.
    Chega o 2º periodo e alguns de nós muito contentes com as canetas de tinta permanente que o "menino Jesus nos tinha dado",não tardou muito tempo e as ditas canetas começaram a desaparecer,como eu e a minha colega já andavamos desconfiadas,toca de segui-la,e apanhámo-la em flagrante, mas fomos mázinhas e agimos por nossa conta e risco sem dizer nada a ninguèm e toca de lhe dar uma tareia;não é que ela desmaia? ficamos aflitas com o sucedido e fomos colocá-la á porta de casa dela e seguimos para as nossas caladinhas que nem ratos.
    Estavamos desertas que o outro dia chegasse para vermos a tal colega e se não lhe tinha acontecido nada de anormal.
    No dia seguinte fomos as primeiras e ela também,caladinha e murcha a olhar-nos de lado,não disse nada,nós nada dissemos,mas o certo é que nunca mais ninguém se queixou de roubo.
    É lógico que como crianças que eramos,logo se soube da perípécia,e ainda levamos um ralhetezito por termos sido tão mázinhas pois poderia ter acontecido algo de menos bom á outra colega.
    E não é que as três hoje ainda nos lembramos disto??

    Quanto á aventura no Ministério da Educação...já estou como a Idanhense,e não sei se terá um fim muito amistoso!!!
    Tudo de bom
    Ana

    (alonguei-me no meu comentário...mas todos nós temo peripécias muito boas e engraçados não é? e recordar é muito bom)

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  3. Olá, Quina!
    Lá boa memória tenho eu. Parafraseando aquele "ainda sou do tempo", posso dizer que tenho recordações que remontam, seguramente, aos meus 3 anos, já para não dizer que até podem ser ainda com 2 anos, o que eu duvido.
    Abraço,
    Joâo Celorico

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  4. Pois é, Ana, eu também era talvez o mais novo e se não era o mais pequeno, não andaria longe. Não era, nunca fui, de me meter em brigas mas se me "chegavam a mostarda ao nariz" o caso era sério. No fim, com os nervos, eu ficava sempre a chorar, quer batesse, quer fosse batido o que, apesar de eu não ser nenhum "super", não era fácil porque eu arranjava maneira mais astuta de me desenvencilhar. Normalmente, com aqueles a quem batia, acabava por ficar amigo! Com os outros, ficava sempre de pé atrás!
    Quanto ao alongar do comentário, disponha sempre. Ainda não paga imposto. Por enquanto...

    Abraço e bem haja,
    João Celorico

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