quarta-feira, 23 de maio de 2012

A ver ... navios! (2)



O "Vera Cruz
Navio construído em 1951, no estaleiro John Cockeril, em Hoboken, Bélgica, para a CCN (Companhia Colonial de Navegação).

Deslocamento ............ : 21.765 ton
Comprimento ..............: 185,80 m
Boca ........................... :   23,09 m
Velocidade normal   ... :       20 nós

Este navio, que podia transportar 1242 passageiros, foi um dos que em muito contribuiu para o transporte de tropas, durante a guerra colonial. Em 1973, aconteceu-lhe o que muitos outros se queixaram. Foi para a sucata!


O "Infante D. Henrique"
Navio construído em 1961 (o último ao abrigo do Despacho 100), no estaleiro John Cockeril, em Hoboken, Bélgica, para a CCN (Companhia Colonial de Navegação).

Deslocamento ............ : 24.406 ton
Comprimento ..............: 195,60 m
Boca ........................... :   24,60 m
Velocidade normal   ... :       21 nós

Este navio, que podia transportar 1018 passageiros, em 1977 serviu de hotel aos trabalhadores do novo porto de Sines, onde se foi degradando. Em 1988, com novo dono, depois de reparado e com o nome de “Vasco da Gama”, ainda fez cruzeiros às Caraíbas mas, o que foi um dos maiores e melhores navios de passageiros da nossa frota não resistiu a tanta “doença” e, em 2004, acabou os seus dias, ingloriamente transformado em sucata!


O "Pátria"
Navio construído em 1947, no estaleiro John Brown & Co. Ltd., Clydebank, Glasgow, Escócia, para a CCN (Companhia Colonial de Navegação).

Deslocamento ............ : 13.200 ton
Comprimento ..............: 161,85 m
Boca ........................... :   20,83 m
Velocidade normal   ... :    16,5 nós

Este navio,  podia transportar 798 passageiros. Em 1973 ... como não podia deixar de ser, sucata com ele!


O "Império"
Navio construído em 1948, no estaleiro John Brown & Co. Ltd., Clydebank, Glasgow, Escócia, para a CCN (Companhia Colonial de Navegação).
  
Deslocamento ............ : 13.200 ton
Comprimento ..............: 161,87 m
Boca ........................... :   20,83 m
Velocidade normal   ... :       17 nós

Vou-me alongar um pouco mais com este navio porque, penso que em 1959, após vários problemas com as turbinas, o navio aportou a Cabo Verde e daí veio “ao pé coxinho” até Lisboa. Chegado cá e inspeccionadas as turbinas, foi resolvido fazer a reparação das mesmas no Estaleiro Naval da CUF. A reparação consistia na completa remoção das palhetas dos estatores e rotores das turbinas (ou só duma turbina, ao certo não recordo!) e sua posterior substituição. Trabalho nunca efectuado em Portugal, seria necessário que, de Inglaterra, viessem materiais e um “expert” que nos ensinasse. Os materiais eram especiais, os das palhetas, dos calços e das fitas e arame de fecho de cada andar. O “expert” era um indivíduo, entre os 50 e os 60 anos que, digamos, o que nos ensinou de maior relevância foi o modo como se comportava o material quando eram batidos os calços. Se a pancada era fraca, no fim podia faltar espaço para alguma palheta e se era demasiado forte podia apertar muito as palhetas e sobrar espaço. Quase trabalho de relojoeiro! Mas, que era ele mais do que nós? Fizeram-se cérceas (escantilhões), acertou-se a pancada, experimentou-se o primeiro andar duma turbina e, ao fim duma semana, o “camone” é simpático mas pode ir para a terra dele! Bye, bye and thank you!
Palhetas montadas, turbinas equilibradas e lá foram montadas no navio. Se houve reclamações, desconheço, porque outras “guerras” me chamavam. A construção do arrastão “Magnus Heinason” e do “Sacor”, esperavam!

Este navio, irmão mais velho do anterior, mas só 1 ano, podia transportar 799 passageiros (mais 1 do que o irmão), tinha mais 20 mm de comprimento, tinha uma velocidade normal de mais meio nó e, talvez por só ter “nascido” em 1948, só foi para a sucata um ano mais tarde que o irmão. Estava escrito! Em 1974 ... lá foi ele!

7 comentários:

  1. Eu nasci a bordo do navio Angola, em 1950, quando navegava de Lisboa para o Lobito, na companhia dos meus pais que iam morar para a Catumbela.
    Guida

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    1. Cara Guida,
      pode dizer que nasceu num navio ainda bebé, uma vez que ele tinha "nascido" há pouco mais de 2 anos!
      Eu, como talvez já tenha visto, "morei" nele desde 1963 a 1966.
      Zona bonita, essa de Lobito, Catumbela, Benguela!
      Bem haja pelo seu comentário e receba os meus votos de Bom Ano Novo!

      João Celorico

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  2. Em complemento do comentário anterior, se for do seu interesse, poderá ler os meus "posts" de Janeiro de 2011, onde faço uma resenha dos vários navios de nome "Angola".

    João Celorico

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  3. Estive a ler atentamente os seus posts sobre o navio Angola. Quero pedir-lhe, se for possível, que me confirme o nome do Comandante deste navio em 1950, pois foi ele o meu padrinho de Batismo. Terá sido o capitão António R. de Bettencourt? Sabe a data da sua morte? Nasci num dia de grande temporal a bordo e, segundo o que o meu pai me disse, tudo o que estava no convés, foi parar ao mar!
    Desejo-lhe um feliz ano de 2013!
    Guida

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    1. Começo por pedir desculpas da ligeireza do meu primeiro comentário pois fiei-me na minha memória e tomei o "nascimento" do Angola como se fosse em 1947 (ano em que começou a ser construído) e não em 1949, quando foi lançado à água, em Outubro. Posto isto e dado que ainda em 1957 (de referir que o Angola, tal como o Moçambique eram a linha da frente dos paquetes daquela época e era dado o comando aos capitães mais antigos e que não o largavam com facilidade) o comandante tudo indica que seria o mesmo, isto é, António R. Bettencourt, também o mais provável é que, em 1950, tenha sido esse senhor o seu padrinho de baptismo. Sobre a data da sua morte, lamento mas não sei. Porém, embora seja difícil, vou tentar junto de alguns colegas, isto porque a documentação da CNN ou não está facilmente acessível ou foi destruída.
      No meio disto tudo, o mais estranho é que, entre Lisboa e Lobito, tenha nascido num dia de grande temporal! É que, pessoalmente, só estou a ver isso possível entre Lisboa e o Funchal, depois é tudo calmo e já na costa angolana é que por vezes há o que chamam de "calema", mas mesmo assim, é muito estranho! Nunca apanhei tal temporal e passei o Cabo várias vezes. Mas se o diz, é mesmo capaz de ter sido assim...
      Bem haja pelos seus votos de Feliz 2013 que agradeço e retribuo!
      João Celorico

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    2. Caro João:
      Agradeço o seu empenho em me esclarecer dos factos em questão. Quanto ao temporal, este aconteceu entre a Madeira e São Tomé, pois eu nasci dois dias antes do barco chegar a São Tomé, no mês de Outubro.
      Um bem haja por tudo e pelo seu empenho. Continuarei a visitar o seu blogue e sempre que me for possível contactarei consigo.
      Guida

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    3. Cara Guida, na esperança de que esta minha resposta alguma vez lhe chegue ao conhecimento, posso agora dizer-lhe que o comandante do "Angola", desde Outubro de 1949 e até Setembro de 1957, foi António R. Bettencourt. E digo até Setembro de 1957 porque no 20 de Setembro de 1957, chegou o "Angola" e com ele o corpo do que tinha sido o seu comandante e com 66 anos tinha falecido então em Abidjan (Costa do Ouro), onde o navio tinha arribado devido à gravidade do seu estado de saúde, durante essa viagem. Foi a sua última viagem, no "Angola" e na vida!

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