sexta-feira, 18 de junho de 2010

Já foi há 100 anos que o comboio "chegou" a Salvaterra do Extremo...



Na Sessão do dia 6 de Junho de 1910, na Câmara dos Senhores Deputados da Nação Portugueza, o comboio "chegou" a Salvaterra do Extremo! Fez agora exactamente 100 anos!
Era este um assunto que já vinha sendo tratado desde 1875 (!), aquando do projecto da ligação de Lisboa a Bayona, por caminho de ferro.
Vejamos um excerto do que se disse e ficou aprovado nessa importante sessão, do dia 6 de Junho de 1910:




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Finalmente, um ramal, de via estreita, da linha da Beira Baixa, de Castello Branco, pela Idanha, a Salvaterra vae servir uma importante região agricola e mineira e trazer valioso affluxo do trafego á linha principal.
Convem concedê lo tambem á Companhia Real.
Assim pois, as linhas que julgo deverem ter a precedencia são:
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Via estreita....
Ramal de Castello Branco a Salvaterra.

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Ficarão em continuidade e nas mãos da mesma empresa exploradora cêrca de 250 kilometros de linhas a, que se juntam 60 kilometros do ramal de Salvaterra, com o encargo maximo total de garantia de 190:500$000 réis, e mais 50 contos de réis do tramway da Covilhã a Viseu e 64 para a linha de Setil a Peniche, se for esta a escolhida: total 304:500$000 réis para 490 kilometros de linhas.
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Proposta de lei relativa ao complemento da rede ferro-viaria
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Base 7.ª
É autorizado o Governo a contratar com a Companhia Real dos Caminhos de Ferro Portugueses a construcção e exploração de tres caminhos de ferro de via de um metro, em leito proprio, com tracção a vapor um de Thomar a Miranda do Corvo a entroncar na linha de Coimbra á Lousã, com um ramal para a Certã, outro para Thomar por Payalvo, ou Chão de Maçãs, Villa Nova de Ourem, Batalha e Alcobaça á Nazareth, com um ramal da Batalha a Leiria, e o terceiro de Castello Branco, pela Idanha, a Salvaterra, com as seguintes condições:
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g) O prazo de duração da concessão terminará em 1987, na mesma data em que finde a concessão da linha de Coimbra á Lousã; salvo a do ramal de Salvaterra, que findará com a da linha da Beira Baixa;
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Base 10.ª
O Governo poderá autorizar as Companhias Real dos Caminhos de Ferro Portugueses, dos Caminhos de Ferro do Mondego e dos Meridionaes a emittir as obrigações necessarias para as construcções previstas na presente lei.
Secretaria de Estado dos Negocios de Obras Publicas, Commercio e Industria, em 6 de junho de 1910. = Manuel Antonio Moreira Junior.


Mas, algo aconteceu no dia 5 de Outubro e o caminho de ferro para Salvaterra começou a ser encarado qual TGV do início do século XX. E, a "senhora" República, agora velhinha de 100 anos resolveu riscar do mapa essa obra. Não se justificava, diriam eles, em tempo de crise. Essa douta decisão, porém, só seria tomada depois de "aprofundados" estudos e decidida na Câmara dos Deputados, na Sessão do dia 13 de Janeiro de 1913. Era só "trezes" e "Viva a República"!

Salvaterra do Extremo, que pensava ficar ligada ao Mundo, ficou ainda mais longe!

2 comentários:

  1. Olá amigo João!
    Post muito interessante sobre a chegada do comboio à Salvaterra.Em Viseu,cheguei a andar de comboio vouzela-viseu,mas acabaram por desistir desse meio de transporte :( Pena...

    Convite: participe na Blogagem de Julho do blog aldeiadaminhavida. O tema é: “A Fruta da minha Região”. Vale tudo: texto, foto, imagens, vídeos, receitas, cartazes… dê asas à sua imaginação, enviando a sua participação para aminhaldeia@sapo.pt até dia 8 (de preferência). Esta semana, sairá 1 post com mais informação.

    Jocas gordas
    Lena

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  2. Pois é Helena, o comboio só chegou a Salvaterra mesmo no papel, e aí também foi riscado.
    Modificando uma famosa frase de Fernando Pessoa diria: "Deus quer, o homem sonha, a obra nasce" no papel, mas na realidade não acontece...
    E se tivesse acontecido amigo João?
    Salvaterra não seria o que é hoje, pois o comboio leva desenvolvimento, mais gente e mais trabalho. Talvez hoje fosse uma cidade, quem sabe?
    Talvez hoje estivesse repleta de gente por todo o lado, e não tivesse uns poucos de habitantes…
    Mas se hoje fosse um grande centro, talvez aí, nem tivesse o mesmo encanto, verdade?
    Pois por um lado, ainda bem que o comboio lá não chegou. Gosto de Salvaterra tal como ela é…
    Um abraço!

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